Memórias - A Única Herdeira 2 (PAUSADO)

Capítulo 4

Eydam

Três meses atrás (dois meses antes da Lira acordar)

- O que está fazendo aqui?

Suspiro.

- Também estou feliz em saber que está bem, Miguel. - ele bufou e eu revirei os olhos.

Faz mais ou menos um mês e meio que eu descobri que minha família estava bem, e hoje eu vim aqui visita-los.

Más acho que não sou muito bem vindo depois de ter fugido e deixado o trabalho pesado para trás.

- Não graças a você - disse ríspido. Ele estava diferente. Não parecia o mesmo Miguel com quem eu cresci - Onde você esteve todo esse tempo? Por que nos abandonou?

Engoli em seco.

- Eu não estava muito bem, tinha que pensar um pouco... Esclarecer algumas coisas. - ele riu debochado.

- E ajudou? - baixei o olhar - Ajudou nos deixar lá?

- Tive meus motivos. - respondi, minha voz assumindo um tom feroz.

- Motivos esses que fizeram você nos deixar lá! - ele deu um passo a frente e eu estufei o peito.

Alguma coisa aconteceu. Alguma coisa que mudou meu irmão.

A porta atrás de nós se abriu, revelando uma cabeleira vermelha.

- Eydam? - meu irmão suspirou e saiu da minha frente, dando passagem a nossa irmã que corria para mim - Estava tão preocupada com você...

Sorri quando ela me abraçou.

Apesar de eu ter sumido do mapa ela ainda se preocupou comigo. Sempre sendo a irmã mais velha.

- Desculpe ter feito você se preocupar. - a soltei e ela empurrou meu peito, dando um tapa leve no meu rosto. - O que foi agora?

Me afastei dela e os encarei.

Ela parecia a mesma, com a mesma cara furiosa de sempre, o mesmo cabelo vermelho que ela insiste me chamar de ruivo e a mesma vontade de me matar.

- Por que você sumiu? - ela gritou. - Por que você nos deixou lá?

Suspirei.

- Pergunte ao Miguel, ele pode responder. - ela bufou. - Olha, sei que não devia ter feito isso, más não tinha como eu continuar aqui. Não tinha...

Minha voz vacilou e isso foi o suficiente para a carranca dela se desfazer por completo.

Demorou para que eu aceitasse toda aquela história de irmãos e tudo mais, más percebi que não podia mais fugir e abandonar minha família.

Pena que parece tarde de mais para pedir perdão.

Minha irmã suspirou e deu um passo devagar.

- Ficamos sabendo do que aconteceu. - ela baixou os olhos. - Sinto muito.

Suspirei e balancei a cabeça.

- É, eu também sinto.

Desviei o olhar para o Miguel que não olhava nem para mim, nem para Laila. Seu olhar estava perdido.

- Onde está minha mãe e...? - tossi, tentando disfarçar meu embaraço

- A mamãe teve que ir fazer compras e o papai... - ela hesitou.

- Onde ele está? - perguntei quase ancioso de mais.

O Miguel riu baixinho e andou até nós, parando perto da Laila.