Capítulo 9

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- Cuidado!

As vozes vem de lugares diferentes e não consigo identificar nenhuma.

Como sempre, o lugar é escuro e não consigo enxergar direito.

- Não!

Me viro com toda velocidade e acabo batendo em alguma coisa... Ou em alguém.

Me levanto com um pouco de dificuldade e percebo que meu tornozelo agora lateja como se estivesse quebrado.

Mesmo assim, continuo andando, e mais a frente consigo ver alguma coisa.

Duas figuras que se destacam entre toda aquela escuridão. Uma como a mesma massa negra com a qual eu lutei, está de pé e outro é azul. Azul como o oceano.

Meu coração acelera e eu começo a ir até lá, até que der repente paro. Não consigo me mover.

Com um brilho, as duas massas tomam forma e eu consigo ver seus rostos.

Um deles é um garoto. Seus cabelos escuros estavam bagunçados e seu rosto demonstravam medo. Seus olhos de um azul intenso.

O outro ainda estava meio distorcido, más seus olhos ainda eram inconfundíveis.

- Não! - me vejo gritando. Começo a me debater feito louca, tentando impedir alguma coisa.

Sei o que vai acontecer.

Lágrimas brotam dos meus olhos.

- Por favor, não! - grito mais alto e o garoto me olha.

- Lira! - ele grita, mas é tarde.

Uma lâmina já está atravessada em seu coração. E ele está caindo, assim como minhas lágrimas.

- Não! - grito novamente, fazendo mais força para me soltar. - Não, por favor...

Sinto meu peito queimar, e minha respiração começa a falhar.

Caio de joelhos no chão. Um líquido grosso molha minha camiseta.

Passo a mão pelo meu sangue e sinto a dor da ferida aberta. Minha visão fica mais embaçada.

Procuro no fundo da minha mente alguma coisa sobre o rapaz, o motivo por eu estar com tanto ódio. Ele era especial para mim, eu...

- Não! - grito novamente e tudo escurece.

É difícil abrir os olhos com tanta claridade, más é ainda mais difícil voltar a dormir com eles falando.

Ouço várias vozes, e todas elas são conhecidas.

- Ela não pode se lembrar. - ouço meu pai dizer - Não pode.

- É quase impossível que isso aconteça e mesmo que ela consiga lembrar, não sabemos exatamente o que pode acontecer. - dessa vez era o Rafael quem estava falando.

Fez-se um pouco de silêncio, mas logo a porta se abriu.

- Ela já acordou? - perguntou a Laila.

Eu queria abrir os olhos e dizer que eu estava ouvindo tudo, más o cansaço ainda tomava conta de mim.

- Ainda não, e ele? - perguntou meu pai.

Memórias - A Única Herdeira 2 (PAUSADO) Onde histórias criam vida. Descubra agora