Capítulo 23

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- Baixem as armas! Agora! -soa uma voz que me é bastante próxima. 

Atrevo-me a levantar a cabeça. Por entre os dois guardas que apontam a arma na nossa direção, consigo ver aquele rosto, o rosto do meu pai. 

- Cá estamos nós meu filho. - Profere ele solenemente. 

- Não me chames filho. Porco. - respondo-lhe arrogantemente cuspindo-lhe depois para o braço. 

Sem proferir uma única reação ao facto de te cuspido para cima dele, limita-se a limpar a minha baba e baixa-se ao nível dos meus olhos. 

- Este é o teu namorado? - diz ele gargalhando. 

- Somos amigos. - respondo logo de seguida. - Mas e se fôssemos? - uma coragem súbita apodera-se de mim. 

- Pena que não estejas bem mentalmente. Essa doença está a apoderar-se de ti meu filho. Mas não vou desistir de a tentar curar. - insiste ele. 

- Não me chames filho! - grito mordendo a mão esquerda dele. Os guardas situados atrás dele apontam novamente as armas na minha direção.

- Podem baixar. Está tudo bem. - ordena ele gemendo levemente enquanto profere as palavras. 

- Ainda vais a tempo de desistir. Temos o apoio do Canadá e em breve muitos outros países irão juntar-se a nós. - exclamo. 

Tudo o que o meu pai se limita a fazer é apenas proferir um sorriso irónico como se não acreditasse em nada do que eu disse até agora. 

 - O que fizeste com a mãe? - mordo o lábio. 

- Terás de descobrir. - ri-se lentamente. Levem-nos. - ordena. 

Antes de sequer um dos dois guardas poder mover-se na minha direção para me algemar, o mesmo é abatido a tiro. Logo de seguida o mesmo acontece com o outro guarda. O meu pai encontra-se agora sozinho. 

- Eva! - grito na direção dela. - Obrigado. - digo feliz. 

- Enfermeira Eva? - questiona o meu pai com bastante admiração. 

- Porque está assim tão admirado? Esta foi pelo meu amigo Jhon. - diz ela com afirmação. 

Antes de poder dizer mais alguma palavra, o meu pai retira de uma bolsa uma arma blindada a ferro e aponta na direção de Eva. O meu pai vai matá-la. Levanto-me com toda a rapidez que encontro em mim. Pego na arma caída no chão pertencente a um dos guardas, agora morto. 

Ao preparar-se para disparar contra ela, ouve-se um tiro. O meu pai cai no chão completamente imobilizado. Uma pequena poça de sangue forma-se em volta da sua cabeça. 

Eu matei-o. 

As minhas mãos tremem como nunca antes as vi tremer. O meu coração bate tão rápido que simplesmente quase o sinto escapar-me por entre o meu peito. 

- Que a paz esteja contigo. - profiro na direção dele, fechando os seus olhos de seguida. 

Embora ele tenha feito, tudo o que fez, continuava a ser o meu pai. E por mais monstruoso que seja, sinto que vou precisar dele para sempre. 

Eva abraça-me fortemente deixando cair algumas lágrimas depois. 

- Quero saber como é que eles chegaram aqui. - digo furioso. 

- Foi um dos nossos guardas que nos denunciou. Ao que parece , a tua mãe prometeu-lhe que ela ia assumir a presidência desta agência caso algo lhe acontecesse, mas depois apareces-te tu. Portanto acho que se vingou. - explica Eva. 

- Quero vê-lo morto! - ordeno. 

Pego em Evan e arrasto-o  nos meus ombros. Na entrada do prédio ouve-se um helicóptero. Caminho até lá. 

A avioneta já pousou no chão. Nela está estampada a bandeira do Canadá. Dela saem dois homens fardados. 

Posiciono-me à frente deles levado a minha mão até à cabeça num gesto de obediência. 

- Sargento Jack. É uma honra finalmente conhecê-lo. 

- Qual é o ponto de situação? - pergunta-me o Sargento.

Evan está a ser transportado para dentro do Helicóptero. 

Lanço dois discos descodificadores e os mesmos analisam os estragos.  Evan iria ficar ogulhoso se me visse agora a, finalmente, conseguir usá-los. Alguns segundos depois os mesmos voltam para as minhas mãos. 

- 98% aparelhos danificados e 3 perdas humanas. 

- Quem são as 3 mortes? - questiona novamente o Sargento. 

- 3 membros do governo americano. Um deles era o dirigente de um dos hospitais. -  explico. 

- O seu pai? - remata ele. - Lamento. 

- Não lamente. Não se justifica. - respondo friamente. - Diga-me apenas se o Evan vai ficar bem. 

- Iremos fazer de tudo para que não tenha sequelas graves. - acalma-me. 

- Peter. És a nova super star da net. - gargalha Eva olhando para o seu telemóvel. 

- Como assim? - questiono-a num tom agudo. 

- O teu vídeo foi partilhado mais de cinco milhões de vezes. Tens vários comentários de apoio inclusive de algumas figuras públicas. - justifica-se Eva.

- Acabei de receber a informação de que recebemos o apoio de 25 países e inclusive todos os partidos americanos exigem explicações ao governo americano à cerca de os doentes mortos. - avisa o Sargento. 

Um pequeno sorriso apodera-se da minha cara. Pouco a pouco, passo a passo, tudo se vai encaixando para a revolta final. 


Executado Por Ter NascidoOnde histórias criam vida. Descubra agora