Anos e anos de cultura ocidental nos ensinaram que o patinho feio é na verdade um lindo cisne. Uma fábula que nada mais faz do alimentar nossas inseguranças, que estabelece um padrão do que é desejável e do que não é; nos força a buscar um padrão de perfeição que, por ser perfeito, é inalcançável -- e, para ser sincero, nem sempre a melhor opção.
Durante os 2 Potes de Gratidão eu tive o prazer de ler Extraordinário, um livro infanto-juvenil da escritora R.J. Palacio. Um romance que trata de forma genuína as dores de não ser normal, de não se encaixar no padrão. E no caso do protagonista, August, isso é físico: por uma deficiência genética ele precisou passar por diversas cirurgias que ainda assim o deixaram desfigurado.
Auggie quer desesperadamente que as pessoas o vejam como uma criança normal, porque ele é. Ele só não é normal esteticamente. No livro ele pode parecer o patinho feio que é um belo cisne em seu interior.
Mas Auggie não almeja isso. Ele está tranquilo quanto ao fato de ser um pato. Porque, afinal, patos também podem conquistar feitos incríveis assim como ele conseguiu.
Todo os dias eu vejo patinhos incríveis, cheios de potencial, cheios de características únicas, que vivem se culpando e diminuindo por não terem ainda se tornado cisnes.
Claro que eu percebi que eu também era um pato assim: em busca de uma perfeição fugidia, afrontosa, zombeteira, que sempre me fazia comer poeira.
No dia 134 eu percebi que eu deveria agradecer pelo patinho que eu sou, agradecer mais minhas penas e tudo o que eu consegui e conseguirei conquistar sendo verdadeiro.
A felicidade tem muitas aparências, jeitos. É diferente para cada um de nós.
Quero deixar claro: nada contra cisnes, até tenho amigos que são.
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2 potes de gratidão
Non-FictionNos momentos mais complicados das nossas vidas, é difícil reconhecer coisas positivas e conquistas. Esse é o relato da minha jornada para redescobrir as coisas boas e positivas da vida. Por isso estou começando o projeto Dois Potes de Gratidão: - Pe...