2 potes de gratidão

Dia 28: Meu nome é Rafael e eu estou sóbrio há uma semana

Eu posso tentar florear e negar o quanto eu quiser, mas eu sei que eu não me dou bem com álcool. Não que eu precise dele para fazer as coisas, para me soltar, para viver diariamente. O meu problema com o álcool é um: eu não tenho moderação.

Não há limite quando eu começo a beber qualquer bebida alcoólica e isso resultou em algumas das piores decisões que eu já tomei na minha vida.

Com a minhas bebedeiras eu alienei amigos e amores; eu agredi e fui agredido; eu me enganei, fui enganado, me perdi, me esqueci — esqueci muito por sinal — e o que mais me feria: eu perdi o controle.

Eu sou a pessoa que mais gosta de fazer listas, organizar meu tempo, estar sempre preparado, então vocês devem imaginar que, para mim, é muito difícil perder o controle. Então talvez seja por isso que eu tenha recorrido ao álcool tantas vezes. Para me sentir descontrolado.

Não quero dizer que é ruim um descontrole positivo de vez em quando. Mas tenho certeza agora, mais do que nunca, de que meu descontrole com álcool é algo nada positivo. E não tenho vergonha de admitir isso. Eu não sei lidar também com os sentimentos produzidos pela minha bebedeira. Aquele desânimo, misturado com angústia, ansiedade, depressão. Um verdadeiro caldeirão borbulhante.

Por isso fiquei feliz de agradecer no dia 28 pela minha primeira semana de volta à sobriedade — acho que a primeira semana sempre é a mais difícil; depois vem o primeiro mês, a primeira tentação, o primeiro ano e toda essa carreirinha de primeiros.

Não é a primeira vez que paro de beber e consigo. Não é a primeira, também, que resolvo voltar a beber, geralmente porque acho que não estou vivendo minha vida ao máximo por não beber. E isso é um erro. É um pensamento fruto da nossa sociedade que nutre nossas interações sociais com álcool.

Sinceridade: me sinto incrível toda vez que paro de beber. Sinto-me mais produtivo, menos triste, menos ansioso, mais feliz. Daqui pra frente preciso lembrar desse sentimento, antes de pensar que preciso de bebida. E espero agradecer mais semanas sem álcool. Um brinde a isso!

Com suco, tá?