A aula de depois do intervalo era biologia. Como era inicio de ano letivo, o professor estava apenas dialogando com os alunos sobre o seu método de ensino.
Em uma das minhas mãos, estava uma caneta, na outra estava meia barra de chocolate suíço.
Ainda bem que a história foi esclarecida e a maluquinha não queria mais me matar. Olhei para ela. Ela e Megan estavam sentadas lado a lado, cada uma com uma cara de tédio. Ítalo as imitava na expressão. Do nada, Helena riu descontroladamente. Não era um riso alto, ninguém percebeu exceto Megan e Ítalo, mas era um riso descontrolado, como se alguém acabasse de lhe contar uma história engraçada.
Pensei: “Essa menina é louca. Ela ri sozinha do nada”.
Ela mordeu um pedaço do seu chocolate que já estava no fim. Ítalo passou a mão pelo cabelo de Megan.
“A não, Ítalo. Qual é? Você não pode namorar neste ano. Eu vim estudar aqui para nos tornarmos parceiros e você vai inventar de namorar”.
Para um garoto, quando o amigo está namorando, significa que um parceiro foi perdido. Toda garota quer ter seu namorado por perto o tempo inteiro, fica com ciúmes até do vento e não sobra mais tempo para os amigos. Ou seja, se Ítalo começasse a namorar, ele iria me abandonar.
Logo chegou a aula de gramática e depois tivemos o segundo intervalo.
- Você não bate bem da bola, não é?- perguntei para Helena- Sem ofensas.
- Por quê?
- Você ri do nada, sozinha.
Suas bochechas ficaram vermelhas. Garotas pensam que garotos não percebem esses pequenos detalhes, mas nós percebemos. E sabemos os significados em cada ocasião. Ela estava envergonhada de uma forma da qual gostava.
- Por que estava me olhando?
Agora foram minhas orelhas que ficaram vermelhas. Ainda bem que garotas não reparam nisso.
- Por nada. Foi, tipo, sem querer.
- Hmmm- os olhos dela se espremeram.- Eu lembrei-me de uma história engraçada. Sabe... coisas que acontecem quando sua família inteira se une. Aí eu ri.
Eu fiquei parado rindo dela.
Quando a aula acabou, fui para casa. Ainda tinha aquela reunião enorme com a promoter da festa. Reuniões das quais meus pais insistem que eu participe. Minha mãe tem capacidade para escolher tudo, eu sou apenas um adolescente que só quer tocar e cantar.
Ou queria. Quando era um hobbie e não uma obrigação cheia de pressões.
Antes era apenas dedilhar um violão e soltar a voz. Agora eram aulas de canto, preparações de coreografias, ensaio de fotos, entrevistas, contratos, fuga de paparazzi, eventos... Tudo parecia ser perfeito antes. Tudo o que eu queria. Agora eram obrigações e já estavam ficando chatas.
Minha mãe e meu pai já estavam na sala de reunião quando eu desci.
- O anfitrião tem que chegar antes do convidado, Pedro- minha mãe censurou-me.- Ela está para chegar e pensamos que você não viria.
Eu só pude pedir perdão.
A campainha tocou.
A secretária da minha mãe foi abrir a porta e logo voltou acompanhada de uma mulher morena, alta, com os cabelos negros presos formosamente no alto da cabeça e ao seu lado uma garota muito parecida com ela.
- Olá, querida- ela cumprimentou minha mãe.- Essa é Helena, minha filha e aprendiz. Espero que não se importe, ela está aprendendo sobre o oficio antes da faculdade.
Helena olhou para mim.
Eu a olhei de volta e perguntei. Eu sabia que ela era filha da promoter. Mas fingi estar assustado:
- Você?
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Cantos Livres- Ele É Uma Estrela Do Rock
Novela JuvenilO que você faria se tivesse de dividir a sala de aula com uma estrela do rock paparicada por todas as garotas? E se você tivesse cometido um erro terrível em relação à esse cara e tivesse que reparar? E se descobrisse que ele passa por problemas par...