- Vocês já se conhecem?- a Sra. Williams perguntou.
“Ah, mas é claro! Quem não conhece o cantor mais estourado dos últimos tempos? Que adolescente não lê revistas, não visita sites nem ouve músicas? E por falar nele, eu o conheço muito bem. É, conheço porque CHUTEI as bolas dele no dia em que o vi ela primeira vez.”
- Ah! Somos colegas de sala- ele disse.
Minha mãe pareceu aliviada por ele não ter revelado sobre o chute. Ela passou um bom tempo em casa treinando um pedido de desculpas.
Fomos para a mesa.
Eu realmente gostava do trabalho da minha mãe. Gostaria de dar continuidade. Trabalhar com ela. Por outro lado, Pedro parecia estar entediado. Parecia não querer estar ali. Bem, eu não o culpo. Sei bem como é ter que fazer as coisas por obrigação. Tudo é melhor quando se faz espontaneamente. E a mãe dele poderia fazer aquilo por ele. Ela é a mulher da casa. Daria um toque fino festa sem sair do gosto do filho.
- Bem, então está decidido pelo espaço, não é?- minha mãe falava apontando itens em seu Ipad- Como vocês querem esse, eu sugiro uma fraca iluminação para a sala onde o jantar será servido. Um pouco de madeira, ao contrário do que muitos diriam, não é brega. Temos que lembrarmo-nos de que a festa prestigia um adolescente, porém é apreciada por diversos públicos.
- Eu concordo- disse a Sra. Williams.- O que acha, Pedro?
Ele deu de ombros.
- Se a senhora gosta, eu estou de acordo. Gosto de madeira.
Ela riu para o filho.
Minha mãe continuou:
- Eu sugiro cadeiras sem encosto acolchoado. Agora essas- e apontou para o Ipad- são tendência. Temos essas três cores.
- Eu, particularmente, acho qur a segunda cor vai ser melhor- falei e todos fizeram silêncio- É mais discreta levando em consideração a cor da iluminação e de onde o foco de luz vai estar vindo. Não vai fazer uma sombra escura a ponto de ficar feio, tampouco ficará chamativa.
Minha mãe me olhou e sorriu orgulhosa.
- Façam as palavras da Lena, as minhas- disse antes de prosseguir.
Fiquei perdida entre informações:
“Cortinas devem favorecer a iluminação”, “Jardins iluminados com lustres de luz branca e meio escura (Isso é cinza, não?)”, “Panos de mesa na cor creme”, “Guardanapos marfim ou gelo ou carne”, “decoração da área de exibição”...
Mas alguém ali continuava entediado.
- Mamãe, eu já fiz minha parte, agora que vão tratar de orçamento e lista de convidados da TV, se não for incomodo, posso ir para a área da piscina?- ele perguntou.
- Sem problemas.
Ele levantou-se e me estendeu a mão.
- Me acompanha?
Olhei para minha mãe, ela me olhou de volta.
- Ah, por favor, Evelyn- pediu a Sra. Williams.
Ela concedeu-me a permissão.
Fomos para a área ao lado da sala de visitas. Era muito grande. Sentamo-nos à beira da piscina.
- Tá legal, você não curte preparação de eventos, não é?
- Você curte?- ele perguntou.
- Cara... Eu vou trabalhar com isso, o que você acha?
Ele riu.
- Tá. Eu não quero ofender a sua futura profissão, mas... Era legal, antes de tornar-se uma obrigação. Antes de acontecer todo mês e as pessoas me botarem pressão para participar de organização e tal. Minha mãe adora. Por que ela não faz isso? Ela gosta, ela faz bem... Eu só quero tocar e ser feliz assim. Não quero pela grana, não quero pelos privilégios... Tá, eu gosto da fama, mas ela não tá me deixando respirar... Eu... Estou sufocado.
Eu o olhava paralisada. Ele pensava igual a mim. Ele me entendia.
- Desculpa estar soltando tudo em cima de você. Você nem tem nada a ver com meus problemas...
- Cara, nós somos iguais- eu o interrompi.- A nossa diferença é que você é famoso e eu só tenho uma mãe importante, mas nós somos obrigados a fazer o que não queremos. Você tem que aturar coisas que você antes gostava, mas que se tornaram tão precisas que agora são obrigações sufocantes. E eu tenho que fazer direito na mídia para não prejudicar minha mãe. Sempre alguém te dizendo como agir, o que vestir, o que dizer, aonde ir, com quem andar...
- Exatamente- ele falou com seus olhos brilhando. Você me conhece. Entende.
- Sei. Nós só queremos nos sentir livres.
- Dá vontade de fugir. Passar um tempo fora. Ir para um lugar bem longe para ninguém te encontrar.
- Você não precisa ir para longe para não ser encontrado. Ao menos eu não preciso.
Ele me olhou com dúvida.
- Você já fugiu?
- Eu não fujo. Eu apenas decido quando está na hora de tirar um dia só para mim e saio para meus cantos livres. Passo o dia inteiro sozinha, sem fazer nada.
Ele olhou de um lado para o outro e perguntou:
- Esses lugares são aqui na cidade?
Ele parecia estar muito interessado.
- Sim. Eu não vou para longe da cidade, vou para longe das obrigações chatas.
Ele riu de cantinho de lábios. Ficava, de certa forma, mais... Bonito assim.
- Pode me levar lá, algum dia?
Eu ri.
- Está querendo que eu mostre os segredos da minha liberdade forçada para você?
Ele riu novamente.
Ele tocou minha mão.
- Sim. Estou.
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Cantos Livres- Ele É Uma Estrela Do Rock
Genç KurguO que você faria se tivesse de dividir a sala de aula com uma estrela do rock paparicada por todas as garotas? E se você tivesse cometido um erro terrível em relação à esse cara e tivesse que reparar? E se descobrisse que ele passa por problemas par...