chapter 1

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Era noite de 1975, estava no auge da minha melancolia, tudo que há nesse quarto só me traz angústia e tristeza, a minha vida se tornou uma acúmulo de nada, nada mais importa, nada mais vale a pena, nada mais é importante o bastante. A cada cigarro, minha vontade de viver ia junto com a fumaça. Olhar o disco girando na vitrola não é tão divertido quando se está sóbrio.

Estava sentado no chão do meu quarto, fumando e tomando bourbon, escutando o disco do creedence clearwater revival quando sou surpreendido pelo Freddie.

-"Hoje é nosso dia de sair, vai continuar aí sozinho ou quer vir comigo?".- Freddie entra de supetão. Não estava com disposição alguma para sair do quarto, mas não tenho nada pra fazer, o que já é um bom motivo pra ir.

-"Tanto faz".- digo saindo do quarto.-"Você dirige".

Saimos de casa e fomos até um bar bem famoso na cidade, o Freddie estava conversando com uma garota muito bonita, eu acho que a conheço, não sei e não estou totalmente sóbrio pra saber.

Eu estava na mesa com eles mas não estava incluso na conversa, nem fazia questão de estar, eles estão felizes e eu provavelmente iria estragar tudo.

Após alguns minutos sendo excluído, fui pegar mais bebidas, bebi até não aguentar mais.

-"Senhor Taylor, Senhor Mercury, já está tarde, vão pra casa, iremos fechar o estabelecimento".- disse o bar man. As garotas que o Freddie estava conversando já tinham ido, apenas nos dois estávamos no bar.

-"Hm".- resmunguei como resposta e saímos, indo até onde estacionei o carro, peguei a chave e dei partida no carro. Freddie deitou no banco e fechou os olhos por alguns segundos.

Meu celular começou a tocar, eu não podia atender, eu já estava bêbado, e ainda atender o telefone era pedir pra morrer.

-"Freddie, pode atender pra mim?".- digo. Freddie assente e pega meu telefone que estava perto do painel do carro. Ele olha primeiro quem é que me ligava e por fim atende.

-"Audrey, meu bem".- ele atende e coloca no viva voz. Audrey é uma amiga minha, nos conhecemos quando o Queen ainda era Smile, ela ia em todos os shows, ela era linda, confesso que apenas queria uma noite com ela quando a vi pela primeira vez, mas quando estávamos conversando, acho que desisti, desde aí ficamos muito amigos.

-"Rog, comprei uma coisa pra você".- ela diz parecendo animada. Sua voz, seu jeito, ela em si me deixava feliz, ela era como um anti-depressivo pra mim, sempre que estou mal, Freddie a chama pois sabe que ela é a única que consegue me fazer sorrir mesmo eu estando nos meus piores momentos, eu sentia algo por ela mas ela não parece sentir nada, me acostumei com esse fato depois de um tempo.

-"Posso saber o que é?".- pergunto. Eu sorria olhando para frente, gostava quando ela me ligava.

-"Claro que não, seu bêbado medíocre".- ela fala nos fazendo rir.-"Amanhã eu vou para sua casa amanhã, não ouse sair de casa".- ela fala num tom sério.

-"Ta, não vou sair".- digo ainda rindo. Fiquei curioso, queria saber o que ela tinha comprado pra mim.

-"Ah".- ela parece lembrar de algo.-"Freddie, querido, comprei algo pra você também".

-"Pensei que minha Audrey tinha me esquecido".- ele diz parecendo mais feliz. Freddie considerava ela como uma irmã.

-"Nunca. Então meninos, amanhã eu vou aí pela manhã, tchau, amo vocês".- ela desliga o telefone. Olhei para Freddie, ele me olhou de volta com um sorriso.

-"Você sempre fica feliz quando ela liga, a uns minutos você estava acabado de triste".- ele diz. Eu sabia o que ele estava tentando insinuar.-"Você gosta dela, e nem adianta negar, você me disse isso, quando estava bêbado".

-"Eu tava bêbado, e além do mais, ela é minha melhor amiga".- falo estacionando na frente de casa. Freddie se vira pra mim e me olha parecendo não acreditar.

-"Roger, por que não admite?".- ele pergunta sério. Eu gosto dela, mas ela não gosta de mim, por isso não vou dizer a verdade, vou parecer patético.

-"Porque não é verdade, você acha mesmo que eu gosto dela? Freddie, isso é uma besteira".- digo saindo do carro, ele faz a mesma coisa, pegando as chaves em seu bolso e indo até a porta.

-"Tudo bem, eu acredito em você".- ele diz desistindo do assunto. Eu sei que posso confiar no Freddie pra tudo, mas eu não quero parecer ridículo.

Entramos em casa, senti um cheiro de rosas, o clássico perfume de casa que o Freddie colocava em todos os cômodos.

-"Vou dormir, darling, estou muito cansado".- Freddie diz me abraçando, indo pro quarto dele em seguida.

Fiquei na sala, deitado no sofá com uma garrafa de uísque ao meu lado, bebi a garrafa inteira, estava começando a ficar entediado, então fui para o lado de fora da casa, no jardim e fumei até amanhecer, a brisa fria no meu rosto me deixava relaxado de algum jeito. Comecei a imaginar se ela estivesse aqui, seria perfeito.

Quando já estava tudo claro eu entrei em casa, pois as pessoas já deviam estar achando que sou louco por estar sentado na grama e olhando pro nada. Eu estava com tanta ressaca que até meu nome doía.

Fiquei fazendo nada até umas 6h40 A.M. que foi quando Freddie havia acordado.

-"Acordou cedo ou não dormiu?".- ele diz colocando suas mãos na cintura. Ele não gostava quando eu passava a noite acordado, ele prezava muito pela minha saúde.

-"Não dormi, fiquei sem sono".- digo. Ele vem até mim parecendo preocupado.

-"Vou fazer um café bem forte pra você".- ele sorri indo pra cozinha. Eu me sentia especial, o Freddie fazia eu me sentir assim, ele sempre estava cuidando de mim, de todos, mas ao meu ver, o carinho era maior comigo.

Continua...

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