Deitei em minha cama e passei horas pensando sobre a sorte que tive em viver. E não consigo parar de pensar em Eliot, me sinto culpada pelo que houve com ele.
Se eu tivesse sido morta quando ainda era bebê, ele estaria vivo.
Nossas vidas foram praticamente trocadas… Mas tentarei me confortar com a possibilidade de ele estar vivo, ainda que eu possa estar me iludindo.
Minha cabeça é inundada de pensamentos profundos, eu tenho muita saudade de minha vida no mundo humano, e principalmente, de Dylan.
Eu não conseguia pensar nele sem uma lágrima escorrer do meu olho, a saudade cada vez mais aperta meu peito.Mary, Emilly, e Olivia. Como será que elas estão?
Meus pais adotivos, eles devem estar extremamente preocupados comigo.
Não consigo conter o choro, e tento abafar com um travesseiro, para que ninguém seja capaz de ouvir.
Ouço a porta bater, e tento me recompor. Ao abrir, vejo Dália, me sinto aliviada por ser ela.
— Filha, está na hora de tomar a porção. — diz ela — Ei, o que houve? Por que você está assim? — ela percebe que estou mal.
Solto um suspiro e me preparo pra falar, finalmente poderei pôr pra fora tudo que tenho pensado.
Dália entra e se senta em frente a mim na cama.
— Me sinto péssima. Tudo isso que tem acontecido, deixei minha vida humana de lado, deixei pessoas pra trás. E tem um garoto lá também, e eu o amo com todas minhas forças, meu coração só diz para eu sair daqui agora e ir ao encontro dele, mas minha consciência sabe que seria errado, e que eu não posso abandoná-los de tal forma. E pra piorar, ainda tem o fato de eu ser de certa forma culpada pelo que houve com Eliot, condenei Markus a viver sem um irmão, e Adela ter seu filho arrancado de seus braços. São tantas coisas. Minha vida é tão complicada. — desabafo em meio a lágrimas.
Dália me olhou pasma, acredito que ela não tinha conhecimento de que eu amava um garoto no mundo humano.
— Eu te entendo mais do qualquer um poderia entender, e o que eu posso lhe dizer é: Faça o que você quiser fazer. Não vou te dizer que é errado, só vou permitir que faça, quero te ver feliz. — diz ela.
Dália pega em minhas mãos, e aperta com delicadeza.
— Estou aqui pra o que você precisar, sempre. — diz ela.
Não esperava me sentir tão aliviada, mas agora sinto. Acho que eu precisava mesmo pôr pra fora tudo que estava sentindo.
— Obrigado por tudo isso. — digo enquanto vou em direção a ela para abraçá-la.
Sinto-me acolhida, e protegida enquanto me afogo em seu abraço.
Seco as lágrimas e me preparo pra descer, onde tomarei a porção e verei se funcionou.
Desço as escadas e todos estão a minha espera, Rosalyn está encostada sob a mesa misturando os ingredientes com uma colher, com um livro antigo ao seu lado.
Paro ao lado dela, e espero ela parar de mexer.
— Pode tomar, espero que funcione. — diz ela enquanto me dar o copo.
Prendo a respiração para poder tomar, pois o cheiro dessa mistura estava horrível. Tomo tudo em um gole, rapidamente.
Todos me olham, com expectativa de que funcione.
Com alguns segundos após ter tomado, sinto meu corpo começar a ferver por dentro, isso é sinal de que realmente funcionou.
— Elena, controle o fogo. — ordena Rosalyn.
Fecho os olhos e coloco a palma de minha mão frente a meu rosto, com distância o suficiente pra que eu não me queime. Concentro-me na imagem do fogo, e apenas deixo fluir. Sinto meu corpo quente, e abro os olhos.
Funcionou.
Havia uma bola de fogo em minhas mãos, e todos olhavam felizes por eu ter conseguido, e por tudo ter dado certo.
— Elena, agora que está tudo certo, você precisa voltar conosco para aprender a controlar os poderes da água. — diz Jack.
— Eu voltarei, prometo. Mas vou passar o resto do dia aqui, e amanhã assim que acordar voltarei pra lá.
— Tudo bem filha, até amanhã. — ele diz enquanto se aproxima e beija minha testa e logo em seguida caminha junto com Rosalyn em direção a porta.
Após eles saírem, subo pro meu quarto e troco de roupa.
Decido ir até a casa de Markus pedir desculpas por tê-lo acusado e avisar que está tudo bem, acredito que ele esteja preocupado.
Saio do quarto e comunico a Dália que eu iria sair.
Ao sair, sinto uma conexão maior com a natureza, com certeza isso se deve ao fato de eu agora estar com ambos os poderes, eu consigo ouvir com mais clareza as águas da cascata não tão distante daqui, e consigo sentir o calor que o sol transmite com mais intensidade. Tenho que admitir, isso é realmente extraordinário.
Chego a sua casa e bato na porta, apenas uma batida foi necessária para que ele viesse abrir e me recepcionasse com um sorriso enorme no rosto.
— A melhor surpresa que eu poderia ter, por favor, entre. — diz ele.
Coloco meus pés pra dentro de sua casa e me acomodo.
— Eu não sei como você consegue ser tão legal mesmo quando agi como uma megera, e eu te devo desculpas, de verdade, não sei como pude ter achado que você seria capaz de fazer algo assim comigo. — falei.
Markus solta um riso tímido, e eu sorrio de volta pra ele.
— Ei, não precisa se desculpar, eu entendo o fato de você ter achado que eu era culpado, afinal a erva fica em minha casa, acredito que os guardas de Quara tenham conseguido entrar quando eu fui curar um pássaro com a asa quebrada. — disse ele.
— Não precisa se explicar, eu não desconfio de você. — falei.
Naquele momento, senti vontade de abraçá-lo, então o fiz.
Eu sinto um carinho enorme por ele, e um apego. Ele é uma pessoa doce, e pura.
— Quer vir comigo para o palácio? Dália vai fazer um grande jantar pra comemorar o fato de eu ter conseguido recuperar os poderes, e seria bom ter você lá, sua mãe também. — falei.
— Eu aceito, deixarei uma carta com o recado pra minha mãe, pois ela não está aqui agora. — responde ele.
Saímos em direção ao palácio, a caminhada com ele é agradável e rimos muito contando histórias de vida.
Em questão de minutos, chegamos lá, nos acomodamos no sofá enquanto Dália e Aurora estão na cozinha.
Ouço a porta bater e vou atender. Quando abro, tenho uma surpresa, Quara Snape.
— Oi macaca de circo, cadê sua mãe? — pergunta ela.
— O que você faz aqui? — questiono em tom firme.
— Não é de sua conta. — diz ela. — Dália! — gritou.
Dália saiu da cozinha e foi pra frente da porta.
— O que você quer agora? — questiona Dália.
— Que você cumpra sua parte no trato, vamos pro mundo humano agora, Druella me passou o endereço e você vai conhecer o garoto imediatamente. — responde ela.
Markus olha desconfiado, e me dou conta de que devia ter contado a ele sobre isso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma gota no oceano
Fantasy[Concluído] Desde muito nova, Elena se sentia deslocada em relação ao lugar onde vivia. As pessoas, os costumes, todos pareciam indiferentes ao seu ponto de vista. Porém, isso nunca afetou a sua vida de forma direta, ela fez amigos, e se divertiu en...