Capítulo 31

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Por alguns segundos, o tempo passou devagar, e eu era capaz apenas de observar a espada de terra, criada por Quara em um momento de desespero, sendo lançada em direção a ele.

Acompanhei cada milésimo de segundo do trajeto daquele pedaço de terra pontudo, que estava prestes a tirar a vida dele.

E eu não era capaz de pensar em nada, minha mente se tornara um nó, do qual eu não era capaz de desatar.

Estava indo tão rápido em sua direção, que eu não pude sequer lançar uma bola de fogo ou de água na intenção de acabar com aquele pedaço de terra afiado.

Eu só era capaz de observar.

Meu coração doeu, doeu ao ver a espada encravar seu coração de forma com que ele caiu no chão imediatamente, sangrando sem parar.

Imediatamente corri em sua direção. Ao verem a situação, todos pararam de lutar e também foram ver o que havia ocorrido, ou melhor, quem havia morrido.

Peguei-o com meus braços, e implorei aos deuses, ou seja lá quem for, que o trouxesse de volta, que me mostrasse que aquilo não era real, e que ele na verdade estava vivo.

Mas não, aquela era a realidade.

Markus realmente estava morrendo.

Ele sangrava em meus braços, e ainda havia um resquício de vida nele, no qual ele lutava para utilizar, e me falar algo.

Quara se aproximou de nós.
— Markus, sabia que seu irmão está aqui? — disse ela. — Vim aqui lhe contar isso, apenas para que você morra sabendo que não foi capaz de conhecê-lo, e que Elena lhe privou disso. — ela tripudiou.

Naquele momento, eu não fui capaz de rebater o que ela estava dizendo, pois realmente era verdade.

Deus, se eu soubesse que isso aconteceria, eu não teria o privado disso.

Markus pegou na minha mão.
— Diga a ele que sempre o amei. — suspirou ele.

— Eu sinto muito, Markus. — respondi.

Ele não foi capaz de dizer se me desculpava, pois antes dele começar a falar, ele deu seu último suspiro.

E enfim morreu.

Eu só era capaz de pensar em Adela, em todo seu sofrimento ao saber que seu filho está morto. Seu sonho era ter sua família completa, agora ela tem Dylan. Mas Markus se foi da forma mais triste que poderia ter, e Quara fez questão de tripudiar sob ele.

As lágrimas em meus olhos começaram a secar, e virar ódio. Não só em mim, como em Dália também.

Dylan não compreendia o que estava ocorrendo, ele nem sequer sabia que Markus era seu irmão, mas ainda assim, ele estava ao meu lado me apoiando, e me dando um ombro para chorar.

Quara se arrependerá da forma mais amarga possível, e eu me encarregarei de dar a ela o sofrimento do qual ela merece.

— Agora sabes a consequência de uma guerra, garota estúpida? — pergunta Quara.

— Você saberá agora a consequência. — respondo.

— Morte aos Snapes! — gritei, ordenando que os matassem.

Minhas palavras se misturaram ao som do embate, todos voltaram a se concentrar na guerra, mas dessa vez, estavam literalmente com sangue nos olhos.

Tobias tirou o corpo ensanguentado de Markus do chão, tomando cuidado para que ninguém passasse por cima.

Volto a caminhar em direção a Druella, que agora já está em pé.

Eu não matarei Quara, não agora. Primeiro a farei ver a pessoa mais importante de sua vida sendo morta.

Paro em sua frente, ela me lança um olhar desafiador. Continuo olhando de forma séria, imaginando as várias formas de matá-la e tentando pensar na pior forma.

— Olha em volta, Druella. Várias pessoas de sua família já morreram. O número de mortos vai continuar subindo, e subindo. — falo.

— Isso é apenas consequência, Elena. — diz ela.

Assim que termina sua fala, ela faz um movimento brusco e lança pedras em minha direção, com a intenção de que agarrasse em minha cabeça.

Lanço fogo, fazendo com que as pedras se desmanchem.

Enquanto continuamos nesse ciclo tortuoso, olho em volta e vejo Dália lutando com toda sua força contra Quara, a luta de duas mulheres poderosas, pois ainda com metade do rosto queimado, Quara ainda era forte.

Percebo um padrão nos ataques de Druella, ela usa apenas uma mão para atacar com as pedras, e a outra preparada para criar uma barreira caso eu faça um ataque surpresa.

Mas, eu poderia tornar a mão de defesa inútil, congelando sua mão.

Assim que ela lança sua pedra, uso minha mão direita para lançar o gelo em sua mão, e com a esquerda, lançar uma bola de fogo para fazer com que ela caia no chão.

— O que você está fazendo? Pare com isso, por favor! — grita ela.

Não penso duas vezes e continuo lançando gelo em sua mão, fazendo com que ela caia no chão e grite de dor.

Dália, Aurora, e outros membros da linhagem Swale seguram Quara, para que ela não consiga fazer nada, apenas assistir a cena, e sentir a dor que nós sentimos.
— Vocês parecem humanos, de tão sentimentalistas, só pelo fato de eu ter matado o garoto inútil estão tão revoltados assim? — diz ela. — Para com isso, sabemos que você não é capaz de matá-la. — ela grita para que eu ouça.

As pessoas ao redor parecem não ligar pro que está acontecendo, apenas continuam lutando sem parar.

Sangue derramado, espadas colidindo, o barulho da terra tremendo, o calor, o vento extremamente rebelde, gotas de água caindo.

Druella ainda agoniza de dor e pede para que eu pare.

Decido congelá-la, assim poderei quebrá-la em pedacinhos logo em seguida, e sobrarão apenas pedaços.

Quando estou prestes a colocar minhas mãos sob ela, que já está sem forças, sinto um toque em meu ombro, e me viro para ver quem é.

Rosalyn.

— Não a mate — ela pede.

— Como você pode me pedir algo assim? — pergunto.

— Tem uma maneira melhor de fazê-las sofrer. — ela responde.

— E qual seria? — questiono.

— Os mesmos deuses que deram os poderes a elas, podem tirá-los. — respondeu ela.

Os deuses, que deram todos os nossos poderes, irão se envolver nisso.

Uma gota no oceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora