Capítulo 41

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Não demorou muito para que as três meninas chegassem.

Meus pais estavam nervosos. Minha mãe estava roendo as unhas, hábito que ela havia abandonado há anos.

— Então. Agora que todos vocês estão aqui eu vou contar a verdade. Cada palavra que estou prestes a falar vai parecer loucura, mas mantenham a calma, pois posso provar. — Tentei amenizar a situação. — Eu sou realmente adotada. Fui deixada naquela árvore, pois estavam tentando me matar. Meus pais verdadeiros são pessoas com poderes elementais, que vivem numa dimensão paralela, cujo portal é aquela árvore, onde os cachorros me farejaram até lá. Eles não me acharam, pois eu estava do outro lado, atrás da porta, em Northmoss. Eu sou híbrida dos poderes de água e fogo.

Todos naquela sala estavam horrorizados com o que eu acabei de contar, e eu realmente entendo.

— Elena… Você precisa de ajuda. — disse minha mãe.

— Lena, você precisa se acalmar. — disse Mary. — Você passou por muita coisa, precisa descansar um pouco.

Lena é um apelido de infância, do que eu não ouço há muito tempo.

Meu pai estava perplexo diante a situação, e não pronunciou uma palavra sequer.

Minha mãe se levantou da poltrona, indo em direção ao telefone. Provavelmente para ligar pro psiquiatra.

— Agora vem a hora de provar o que estou dizendo. — Me levantei do sofá, e fiquei em pé no centro da sala. — Mãe, vem pra cá, por favor.

Minha mãe voltou. Se sentou na poltrona novamente.

— Por favor, afastem-se. — pedi.

Eles continuavam me olhando como se eu estivesse louca, mas aposto que isso irá durar pouco tempo.

Fechei os olhos e me concentrei nos elementos. Rapidamente senti meu corpo em choque. A magia estava acontecendo.

Um lado estava gelado, e o outro pegando fogo. Arqueei a palma da minha mão, e fiz chamas saírem de uma, e água da outra.

Minha mãe ficou pálida diante do que estava vendo, meu pai se manteve incrédulo diante do que estava vendo.
Mary estava boquiaberta, Emilly também. Olivia estava sorrindo, eu imaginei que ela iria achar legal.

— Acreditam agora? — perguntei.

— E-elena… Como assim? — gaguejou ela.

— Eu te disse. Foi tudo verdade. — afirmei. — Mas agora que vocês sabem, eu só quero curtir esse momento com vocês.

— Não mesmo! Agora você tem que nos contar tudo! — pediu Mary.

— Eu não posso…. Por favor, não insistam. Quem sabe outra hora, mas eu realmente só quero saber de vocês agora. — pedi.

O tempo estava passando, e estava quase no fim.

— Estamos no fim do primeiro período de medicina. A Mary está namorando com um nerd. — contou Olivia. — E eu sinto saudades de você no dormitório.

— O tempo realmente passou. — falei. — É uma pena que não pude estar aqui para ver isso com vocês.

— Tenho certeza que sua vida é mais interessante. — disse Emilly.

— Pai, mãe. Eu amo vocês. Eu só quero pedir desculpa por tudo que fiz. Independente do que acontecer, levarei vocês comigo a vida toda. — Andei em direção a eles, ajoelhando-me na frente. — Vocês me criaram, me ensinaram os devidos valores, se tive todo esse privilégio na vida, vocês são parte disso. E eu amo vocês com todo meu coração, eu realmente sinto muito. — Meus olhos estavam encharcando de lágrimas.

– Leninha. Calma meu amor, óbvio que te perdoamos. Você é nossa vida. — disse meu pai. — O importante é que você está aqui, e está bem.

— Oli, Emi, Mary. Eu amo vocês como irmãs, apesar de nossa diferença em muitas coisas, saibam que eu sempre estarei com vocês, mesmo não estando. E que sempre levarei vocês em meu coração. Sou grata a tudo que me fizeram, a todos os bons momentos e a todos os risos. Apenas obrigado. — Fui à direção delas, e demos um abraço coletivo.

Me sentei do lado delas.

— Pai, mãe. Cadê a Fuffly? — Perguntei sobre a minha porquinha da Índia.

— Ela está no quintal, devorando a horta. Sentiu saudades suas, então compramos uma amiga para ela e batizamos de Pimpa. — minha mãe riu.

Agraciava meu coração vê-los assim. Eles estavam felizes.

Mas, algo estranho começou a acontecer. Todos naquela sala fecharam os olhos, e ficaram dois minutos parados, imóveis.

Estava acontecendo.

Logo eles acordaram. Me olharam de forma curiosa.

— Oi? — falei.

— Quem é você? — perguntou minha mãe.

Naquele momento, eu tive certeza que já não lembravam mais de mim.

— Ninguém. Apenas saiba que eu amo vocês. — falei.

Olharam-me de forma confusa, e então eu saí daquele lugar, que um dia chamei de casa.

Não sei como será a vida deles, afinal meu quarto ainda está lá.

Sempre que possível eu voltarei aqui, para observá-los de longe.

Fiz o caminho reverso, dessa vez voltando a Northmoss. Eu estava em lágrimas, desolada pela decisão que eu tinha acabado de tomar. Eu tenho consciência que foi necessário. Caso contrário, meus pais não tocariam a vida para frente, e eu estaria curtindo em Northmoss enquanto isso seria injusto.

Eu não voltaria aqui de novo em muito tempo. Eu estava gravando cada paisagem daqui, pois lá é tudo muito diferente.

Se bem que, eu estava ansiosa para voltar. Respirar esse ar é tóxico. A poluição é tremenda, e eu não me toquei disso antes, pois respirei esse ar a vida toda. Depois de sentir um ar puro, eu sei o que é bom de verdade.

Logo, eu já estava na floresta.

Cheguei em frente à árvore, e a flor vermelha. O portal logo se abriu, e eu entrei.

Respirar o ar puro outra vez me soa como uma dádiva. Um lugar onde o único barulho é o canto dos passarinhos, e as crianças brincando.

Northmoss estava feliz outra vez.

Cheguei ao palácio do fogo, e até Jack estava lá. Mesmo na presença de Vince.

— Ainda bem que você chegou, filha. — disse Dália.

— Sim, correu tudo bem lá. Cadê o Dylan? — perguntei.

— Está na casa de Adela, junto com Markus. — contou ela.

Fiquei feliz pelo fato deles estarem tão próximos. Eles merecem ser felizes.

— Está tudo resolvido em Northmoss. Mas falta uma coisa. — disse Jack. — Dália, nós precisamos conversar.

Vince não compreendeu. Mas se calou diante a situação.

— Vin, calma. Só vamos conversar. Confie em mim. — disse Dália.

Uma gota no oceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora