Capítulo 27

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— Tudo bem, eu irei. Você só tem que me prometer que Dylan estará seguro. — peço.

— Ele está num palácio repleto de dominadores de fogo, pode se assegurar de que ele está bem. — responde ela.

— E Markus? Ele provavelmente está dormindo. Você dirá a ele que Dylan é seu irmão? — pergunto.

— Eu contarei, mas somente quando você voltar e quando Adela também estiver aqui. — responde ela.

Vou para o meu quarto, e coloco algumas roupas dentro de uma mochila, o suficiente para passar uns dias lá.

Não sei de que forma contarei a Dylan que estou indo embora, espero que ele compreenda que não vou ficar longe muito tempo.

Desço as escadas e respiro fundo, tentando tomar coragem e ir até ele explicar.

Enquanto me aproximo, começo a falar;

— Dylan… — falo.

Ele imediatamente se vira

— O que foi amor? — pergunta ele com olhar assustado.

Provavelmente ele sentiu que não estou vindo dar uma boa notícia, ele parecia me conhecer desde sempre, pois sabe decifrar cada movimento meu.

— Eu preciso ir embora. — falo rapidamente.

— Como assim? Não! — diz ele em tom desesperado.

— Calma, por favor, é questão de dois dias, ou três. Eu preciso treinar meu poder da água. — respondo tentando acalmá-lo.

— E você tem que fazer isso agora? Sério? — pergunta ele enquanto se levanta do sofá, ficando parado em minha frente.

Ele realmente está bravo, e tem toda razão.

Eu me calo, sem saber o que dizer.

— Eu vim aqui por você, eu me arrisquei pra isso, e agora você simplesmente tem que ir embora… de novo! — diz ele.

— Eu entendo, por favor, me entenda! Eu não vou lhe dizer "sinto muito" por estar indo embora, estou fazendo isso por você. — retruco.

— Tudo bem. — diz ele.

— Eu não sinto muito por estar indo embora, eu não sinto muito por eu ser quem sou, eu não sinto muito por amar você, e eu tenho em mente que estou fazendo isso por tanto te amar. — falei.

Dessa vez, ele se calou.

— Eu te amo, Dylan. — falei.

Eu espero que ele entenda que estou fazendo isso por ele, para protegê-lo quando a guerra começar.

— Eu também te amo. — responde ele.

Vou pra cima dele, e o beijo, fazendo com que tudo fique bem entre nós.

Era sempre assim, bastava um beijo, e a paz era restaurada.

Tomo coragem e me levanto, indo em direção a porta para ir embora.

Ao longo do caminho, nem o som do cantar dos passarinhos eu escutei, o clima estava estranho, não havia ninguém, normalmente os curandeiros ficam andando pelas ruas, e dessa vez não havia nada.

A calmaria antes da guerra.

Rapidamente chego ao palácio de Jack, e como esperado, todos me recepcionam com carinho.

— Finalmente você voltou, achei que havia desistido. — diz Jack enquanto vem me abraçar.

Jack sempre era extremamente carinhoso comigo, e se preocupava muito com minha felicidade.

— Eu jamais desistiria, eu demorei por ter acontecido algumas coisas inesperadas, mas está tudo bem agora. — afirmo.

Jack me olhou com insegurança, talvez ele tenha percebido que estou mentindo.

A verdade é que não está nada bem, sinto que Dylan corre perigo e isso me deixa fora de órbita.

— Podemos começar, Elena? — pergunta Rosalyn.

— Claro. — respondo.

Ela me guia ao salão de treinamento, e como sempre, várias pessoas e adolescentes estão treinando. Eles pareciam robôs, programados apenas para treinar, e treinar.

— Como começo? — pergunto enquanto me posiciono na frente de Rosalyn.

— Primeiramente você precisa saber que o poder da água é completamente diferente ao do fogo, você precisa ter concentração e paz interior pra conseguir dominá-lo completamente. — diz ela.

— Então se eu estiver perturbada interiormente eu não vou controlá-la? — questiono.

— Vai. Você tem que achar um jeito de burlar a si mesma, a enganar seu corpo e dizer que está tudo bem, ou você acha que todos os dominadores de fogo têm completa paz interior? — responde ela.

— Tudo bem, e o que farei agora? — indago.

— Ta vendo esta grande bacia de água? — pergunta ela apontando para uma bacia incolor no chão. — Eu quero que você a esvazie, sem chegar perto, apenas dominando a água.

— E como faço isso? — questiono.

Droga, eu odiava parecer tão amadora.

— Se concentre na água. Todos os dominadores de água têm amor pelo elemento, e acredito que você sempre teve isso, mesmo antes de saber que tinha poderes. Pense em rios, cachoeiras, mar. Se conecte com a água, se permita sentir. — diz ela. — Feche os olhos, e se concentre nisso.

Faço exatamente como ela pediu, lembro de todas as vezes em que passei horas olhando para água e admirando-a, em todo amor que tive por ela a minha vida toda, e tento me conectar a isso.

Não funcionou.

— Ei, não deu certo. — digo.

— Tenta de novo. — pede Rosalyn. — E se não der certo, tenta de novo. O importante é não desistir.

Não havia como eu sequer pensar em estar em paz, com toda essa situação, mas eu precisava tentar, eu precisava conseguir, por Dylan.

Com essa motivação, quem sabe eu consiga.

Tento novamente, e penso em todos meus momentos com Dylan, e tento sincronizar tais pensamentos ao meu amor pela água, fazendo com que eu me motive e me sinta completamente em paz.

Ainda com os olhos fechados, começo a me tremer de frio, o que era estranho, pois estávamos no subsolo e estava fazendo calor.

Sinto algo preenchendo meu corpo, como se estivesse sendo inundada por dentro.

Deu certo.

A sensação é diferente de mais da qual eu estava acostumada.

Abro os olhos e me concentro no balde d'água, coloco minhas mãos sob ele levanto as mãos, a água presente no balde segue este movimento e a água é completamente despejada no chão, molhando-me, e molhando Rosalyn também.

— Você conseguiu concluir a primeira prova. Parabéns - diz ela. — Você é um orgulho e…

Sua fala é interrompida por um tremor no chão, literalmente de uma hora pra outra.

Ela caí no chão e algumas ferramentas começam a cair também.

Tento me segurar em algum lugar, para que esse tremor não consiga me afetar.

Que merda está acontecendo?

Uma gota no oceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora