EU ACHO QUE AMO VOCÊ

Capítulo 6 - Sentimentos Estranhos

No outro dia ao olha-lo, me veio a memória do dia anterior, eu me senti estranha, não consegui mais pensar em nada direito, percebo que estou desconfortável perto dele.

– Terá uma visita as 15:00hs – Falo em tom de aviso e ele nem olha para mim.

– Tudo bem! – Responde educadamente.

– Só mais uma coisa, claro, se não for um incomodo – Falo cuidadosamente.

– Pois não! – Responde ainda educado.

– Eu não sei quem são as pessoas que preciso conversar amanhã e nem o que preciso fazer – Falo visivelmente preocupada.

– Amanhã? – Pergunta confuso.

– Sexta, LIZ, festa – Falo dando dicas.

– Sim! O que te intriga? – Fala ajeitando a postura.

– Você poderia me ajudar? – Pergunto educada.

– Claro, é simples! – Fala me chamando para perto acenando com a mão.

Eu puxo uma cadeira e fico do seu lado, anotando algumas coisas, e ele me dá detalhes das pessoas, de nomes e de como eu deveria me portar.

– Esse é Doug Hanks, seu objetivo principal! Nunca conseguimos uma reunião sequer com esse velho, e essa é nossa única oportunidade! – Deixa clara, suas intenções.

– Agora entendi, esse é o cara! – Respondo determinada, com um sorriso estampado.

– Eu falei que era "simples", confio em você! – Fala retribuindo com um sorriso, me deixando surpresa.

Eu me viro em sua direção, percebo seu sorriso e fico o admirando sem perceber, meu coração dispara involuntariamente. "O que tá acontecendo comigo?".

– Você fica melhor assim! – Falo o deixando pensativo.

– Assim? – Questiona franzindo a testa.

– Sim, sorrindo! – Falo sinceramente.

Ele tenta disfarçar sua satisfação ao me ouvir, mas seu olhar o entregou completamente.

– Você também não fica nada mal assim – Retribui o elogio meio sem jeito.

– Assim como? – Repito sua pergunta com um sorriso bobo.

– Perto de mim! – Fala com seus olhos fixados nos meus, e eu congelo.

Fico totalmente corada e olho para baixo tentando desviar de seu olhar. Estamos perdidos nesse momento, e um silêncio toma conta do lugar. Só voltamos a realidade quando Josh entra na sala fazendo um barulho na porta.

– Preparado para amanhã? – Entra sorrindo.

Ele nos olha nessa proximidade e eu me levanto tentando disfarçar o que acabou de acontecer. Josh encara o Peter com dúvida e ele retribui com o mesmo olhar.

– Eu nasci preparado! – Peter responde ignorando o olhar de Josh.

– A Clarisse já ligou! – Fala com desdém.

– Depois ligamos para ela, provavelmente é sobre a embarcação que atrasou – Fala Peter com seriedade.

– Ela quer saber que horas irá buscá-la – Avisa sem interesse, e imediatamente olho para Peter, mas desvio o olhar quando ele percebe.

– Mas a festa é dela! – Rebate meio desconfortável.

– É melhor você dizer isso a ela! – Fala em tom de aviso.

– Depois eu resolvo! – Rebate franzindo a testa.

– Bom, é, preciso ir! – Josh fala enquanto olha para o relógio, e sai da sala como se tivesse lembrado de algo importante.

Essa conversa foi no mínimo, estranha! E involuntariamente não consigo parar de me questionar. "Quem é essa tal de Clarisse", "eles parecem ser íntimos" Pesquiso rapidamente e descubro que ela é Clarisse Liz herdeira de uma grande empresa da cidade, "LIZ", será ela a anfitriã da festa de amanhã. "Será que aquele vestido era pra ela?" Meu pensamento grita.

No fim da tarde, eu já estava pegando minhas coisas para ir embora.

– Ainda precisa de mim? – Pergunto educadamente.

– Não! Está liberada! E mais uma coisa, tire o dia de folga amanhã, para resolver suas "coisas de mulher" – Fala fazendo aspas com os dedos.

– Coisas de mulher? – Pergunto em tom divertido.

– Sim! Salão, maquiagem, não sei, essas coisas de mulherzinha! – Fala meio sem jeito. – Só quero que esteja apresentável amanhã no seu trabalho noturno – Tenta ser simpático.

– Tudo bem, eu entendi – Falo segurando o riso.

– Pego você as 20:00hs – Diz tentando desviar a tenção.

– Me buscar? – Pergunto surpresa.

– Sim! – Afirma me olhando nos olhos.

– Ok, estarei pronta! – Digo sem objeção, desviando o olhar.

~

Eu sinceramente não sei o que deu em mim quando falei do sorriso do Peter, mas o mais estranho foi que ele gostou, e ainda me retribuiu. Talvez ele não seja uma má pessoa, ou talvez eu esteja me acostumando com ele.

– Então quer dizer que amanhã está de folga? – Fala o papai empolgado.

– Sim senhor! – Digo o olhando e dando um sorriso sem graça.

– Eita que empolgação – Fala fazendo uma careta.

– Eu só deixei umas coisas pendentes – Falo aborrecida.

– Você parece um pouco zangada, tá acontecendo alguma coisa? – Pergunta preocupado.

– Não pai, talvez seja o cansaço acumulado, mas amanhã eu me recomponho – Falo o menos exasperada possível.

– Tudo bem filha. – É compreensivo. – Ah, o Ceniel comprou pizza para o jantar – Fala olhando pro relógio.

– Já está tão tarde assim? – Pergunto assustada.

Fiquei tanto tempo pensando bobagem que não percebi o tempo passar, talvez por isso esteja tão estressada.

– Vamos comer! – É simpático.

– Vamos – Digo me levantando da cama.

– Porque ela veio? – Fala Ceniel tentando tirar minha paciência. – Não vou te dar nada – Fala enquanto rouba a caixa de pizza no qual retiraria meu pedaço.

– Sai daqui idiota, essa é minha! – Falo indo atrás dele.

– Claro que não! – Responde enfiando a pizza na boca enquanto começa a correr.

Eu corro também e quando o alcanço para pegar a caixa, caímos no chão esparramando pizza para todo lado. Estávamos rindo tanto que nem ligamos para toda a comida que acabamos de perder.

– Eu não vou limpar isso – Diz mamãe rindo bastante.

– NEM EU! – Grito ofegante com o rosto enganchado no braço do Ceniel.

A noite foi muito divertida, comemos e conversamos várias bobagens.

– Vou dormir família! – Diz a mamãe primeiro.

– Eu também – Digo bocejando.

– Todo mundo vai! – Fala o papai se levantando do sofá.

– Não me acordem amanhã, vou repousar minha beleza – Digo sorridente.

– Que beleza, essa que não achou até hoje? – Ceniel brinca.

– Sua irmã é linda! – A mamãe me defende.

– Cala a boca seu ridículo! – Falo rindo e jogando uma almofada que estava no sofá.

Corro para o quarto quando percebo Ceniel com a almofada na mão para jogar de volta.