Capítulo 10 - Concreto Flutuante

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Ouvia os próprios saltos baterem no mármore negro como se fossem de outra pessoa, porque de certa forma, se sentia outra pessoa. Movia seu corpo no automático, seus pensamentos desconexos, sua respiração lenta.

Não gostava de ir ao Ministério, não se lembrava de ter tido um momento bom ali, e seu coração lhe avisava que aquele que estava por vir não seria diferente. Quando por fim saiu da confusão de gente de perto das lareiras, o avistou sorrindo delicado para alguém. Não era como aqueles risos abertos e saudosos da sala precisa, mas era bonito e sincero. E assim as suspeitas do seu coração viraram realidade. Quis voltar naquele instante, quis correr, chorar, quis de fato não ser ela, mas tudo que fez foi apertar a bolsa nas mãos e continuar andando em frente.

- Boa tarde. – A voz saiu firme como desejava e isso ela agradeceu aos céus. Viu a dona dos cabelos encaracolados que ela sabia muito bem quem era virar para ela.

- Granger?! – Ela entendia muito bem o espanto de Malfoy. Estava vestida de uma forma que ele jamais a tinha visto. Um chapéu negro e bem grande que tampara metade de seu rosto, seu cabelo estava preso em coque e não podia ser visto. Tinha se enfiado em um vestido tubo negro que ia até os joelhos e estava de meias finas. Para completar o look todo preto, sapatos de saltos finos e uma capa de frio, pois estava nevando muito em Londres. Ela, pela primeira vez, estava vestida como uma bruxa de alta classe.

- Eu prefiro não chamar atenção, pelo menos, não mais do que já vamos ter que chamar.

- Bem, com essa roupa.. – Draco a encarava de cima a baixo e a estava achando linda demais para não chamar atenção. Hermione não entendeu, mas Astória sim.

- Ela é famosa Draco, assim que pusesse os pés aqui todos a reconheceriam e fariam um cordão em volta dela. Quanto a beleza, é inevitável. – A castanha sentiu suas bochechas esquentarem e abaixou a cabeça. Malfoy tossiu e mudou de assunto.

- Por que não trouxe Elizabeth?

- Não acho que isso tenha que ser tratado na frente de uma criança tão pequena. Olha você poderá vê-la, ok? No fim de tudo isso, minha mãe estará lá fora com ela. Vamos logo? O andar de registros é..

- O 3º, eu sei. – Draco passou a mão na cintura de Astória e começou a andar indo na direção dos elevadores deixando Hermione para trás, ela apenas os seguiu.

Todo o trajeto foi feito em silencio. Hermione percebia como as pessoas ainda encaravam de maneira rude a Draco e como ele tentava disfarçar que aquilo não o atingia. Astória sempre lhe dava um beijo carinho no rosto quando o ar pesava demais o que fazia com que o estomago dela doesse como se tivesse recebendo um soco. Então era isso? Draco levara a garota ali para tortura-la?

O corredor era longo e ela já estava começando se arrepender daquela fantasia de mulher elegante. Seus pés estavam doendo muito. Sua boca amargava junto com a cabeça que latejava. Por fim, quando viraram a direita encontraram a salinha com a plaquinha que indicava "Registros Mágicos – Recém Nascidos, Propriedades, Casamentos, Heranças". No balcão havia uma mocinha que parecia entediada, mas que se assustou com a entrada dos três, principalmente quando reconheceu Draco Malfoy.

- Boa tarde. – Ela disse vacilante encarando os olhos cinzas dele, parecia que não havia mais ninguém. Hermione pela primeira vez, ou ela quis pensar assim, ficou muito irritada por não estar do lado dele, afinal, Elizabeth era filha dela também, não de Astória, aquela menina apenas podia dar licença.

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