O TROCO

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Aquela noite não preguei os olhos pensando em tudo que tinha acontecido

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Aquela noite não preguei os olhos pensando em tudo que tinha acontecido. A minha vida toda fui submissa aos caprichos alheios, pela primeira vez seguia o meu sonho que era ser uma grande chefe de cozinha e pensei que o estágio com o Chefe Francesco me renderia o meu sonho desejado, mas estava errada , ele era um porco narcisista que adorava humilhar os que precisavam.

Quando os primeiros raios de sol entraram pela minha vidraça percebi que era hora de levantar e mostrar ao mundo que não nasci para ser capacho de ninguém. Seguiria o conselho da vovó, se a vida pretende lhe transformar em um bolo, faça dela uma massa de pão, bata até ficar bem macia.

Cheguei a confeitaria e os primeiros clientes já entravam para comprar café e doces a caminho do trabalho. Não vi o Francesco nem a Analia o que era bom e ruim, pois estava com o sangue quente e a ação seria melhor.

Iniciei meus trabalhos na cozinha quando no fim da manhã ele apareceu e me cercou no momento que pegava açúcar refinado para um cupcake na dispensa.

- Olha só se não é a coelhinha assustada! Comentou cínico, encostado na arcada da porta.

- Eu tenho nome. Disse e continuei pegando o material que precisava , mas estava tendo problemas em pegar o chocolate na última prateleira quando ele se aproximou e puxou a caixa com facilidade mais o saco de farinha de trigo. No processo roçou o peitoral nas minhas costas, fazendo um arrepio correr pelo meu corpo. Porque Senhor, o demônio tinha que ser tão tentador?

"Controle-se", repetia como um mantra.

- Sim, tem. Coelhinha assustada. Estava lendo uma cena hot, porque jamais viveria algo parecido. Provocou, lembrando a noite passada.

Respirei fundo e virei em sua direção com tudo.

- Acha mesmo? Porque no meu entender tendo o parceiro certo, tudo é possível.

- Hum! Complicado seria achar um parceiro certo para você. Disse abaixando o pescoço, colando quase que o nariz ao meu, enquanto seus lábios mostravam um meio sorriso malvado.

E aquele foi o meu momento do ataque. Tive uma ideia e fui em frente.

Colei a minha boca a dele que com o susto acabou permitindo que minha língua a invadisse, ele não me empurrou, pelo contrário aproveitou o beijo e para minha mais completa tristeza descobri que ele era uma mistura de brigadeiro com chocolate suíço e pedacinhos de marshmellow. Mas não seria humilhada mais uma vez sucumbindo e continuaria com a minha ideia.

Quando senti que estava envolvido, ergui a perna e dei uma joelhada onde com certeza doeria bastante.

Francesco me soltou com a dor e aproveitei para dar o último desfecho, mesmo sabendo que custaria meu emprego e minhas chances de aprender com um dos melhores chefes.

- Meu nome é Isabela! Gritei. - Em nove meses que trabalho aqui nunca o pronunciou quando se referia a mim, porque é um arrogante, prepotente , mas agora chega! Prefiro perder o emprego a continuar ser humilhada. Pode ter certeza de uma coisa há parceiros para mim, sim e com certeza não é você. Completei e deixei a dispensa como um raio para pegar minha bolsa e sumir dali, deixando para trás um Francesco sentado em um banquinho, com as duas mãos segurando o saco e com os olhos esbugalhados entre surpreso e confuso com a minha atitude.

O CONFEITEIRO - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora