Almoço de domingo

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           Nove horas da manhã, bateu palmas no portão da casa do casal Cavalari, que ainda estava trancado. Mesmo que pelo som, não conhecesse as modestas palmas de uma criança, Luciano já teria certeza absoluta, de que se tratava de seu jovem amigo.

            Seguiu até o portão, destrancando-o.

            — Cheguei muito cedo? — Se preocupou.

            — Qualquer hora é hora! — Brincou o homem, colocando as mãos sobre seu ombro direito e o arrastando para dentro. — Sara já está acordando.

            — Ela ainda está dormindo? O senhor também estava dormindo?

            — Não se preocupe. Era mesmo hora da gente se levantar. Ninguém mandou dormirmos tarde.

            — Desculpe. — Se entristeceu. — Eu não sabia.

            — Não precisa se desculpar. Passou da hora de levantarmos.

            Seguiram juntos para a cozinha, onde Luciano colocou uma leiteira com água no fogo e passou a preparar um café, enquanto o menino sentou-se ao lado da mesa.

            Quinze minutos depois, o café estava pronto e a mesa preparada, para esta primeira refeição do dia.

            Sara chegou, cumprimentando:

            — Oi menininho madrugador.

            — Não é madrugada! — Negou ele. — Me levanto às cinco e meia, todos os dias!

            — Por que tão cedo? — Questionou o homem, sentando-se junto a ele e Sara.

            — Entro na escola às sete horas! É longe e vou a pé.

            — Hoje não tem aulas! — Retrucou o homem.

            — Levantei às seis horas, hoje.

            — Muito bem! — Concordou Sara, arrastando-lhe uma xícara. — Tome café conosco.

            — Obrigado! Já tomei café!

            — Tome de novo! — Insistiu Sara.

            No início, meio tímido, depois, acabou saboreando uma xícara de café com leite, algumas bolachas de coco e um pedaço de queijo.

            Assim que se levantaram da mesa do café, Regis ajudou Sara a recolher a louça suja, colocando sobre a pia, juntamente com a do jantar anterior, que ainda não teria sido lavada e começou a lavá-las; porem, foi interrompido por ela, que recusou:

            — Nada disso! Criança não trabalha. Você é meu convidado pro almoço, não pra lavar louças.

            — Só vou ajudar!

            — Vá brincar que é o mais correto. Você tá de roupinha nova. Não vai querer se sujar com sabão. Vai?

            Durante há meia hora em que Sara demorou para lavar toda a louça, ele permaneceu na sala, assistindo a um programa de violeiros, na tevê Record, canal sete. Depois, assim que ela apanhou todos os ingredientes, para dar início ao almoço, ele correu ao lado dela na copa e vendo como seria montada a tal da lasanha, pediu:

            — Posso ajudar?

            — Não!... Pode brincar.

            — Posso ficar olhando?

Anjo da Cara SujaOnde histórias criam vida. Descubra agora