Royal or Rebel

Sim.

Pov America

Tive dificuldades em me encontrar assim que abri os olhos. Encontrei a escuridão apenas, nenhuma lembrança sobre o que poderia ter me levado às trevas. Então senti seu braço forte ao redor da minha cintura, puxando-me para mais perto, sua respiração profunda em minha nuca e sua boca encontada em meu ombro. Retesei meus músculos, diversos pensamentos atravessando minha mente. Não tinha ideia de quem poderia ser o indivíduo ao meu lado, ou ao menos como fomos terminar nessa posição. Não sabia de onde vinha meu frio, muito menos o vento congelante em minha perna desnuda. Puxei o vestido para baixo confusa sobre como ao menos ele tinha rasgado.

Um segundo. Um segundo foi o tempo necessário para que todas as perguntas sem respostas fluíssem por minha mente até eu me lembrar exatamente o que havia acontecido na noite anterior. Ataque. Alaric. Frio. Repassei as memórias rapidamente antes de me dar conta de que ainda estava naquele abrigo. E se nós ainda estávamos ali quer dizer que o ataque ainda não acabara. Quer dizer que Maxon poderia estar correndo perigo, morto até. Quer dizer que os rebeldes poderiam ter finalmente conquistado aquilo que sempre sonharam: o trono de Illéa.

Tudo poderia ter acontecido nessas poucas horas da noite que dormi, o mundo se transformando, e eu continuo presa. Da mesma forma, sem qualquer sinalização de tempo ou luz, é provável que o tempo possa nem ter passado. Alguns minutos apenas desde o momento em que decidi parar de lutar contra Alaric e me deitei finalmente. Não sabia. Olhei ao redor, checando minha situação, apesar de não haver muito para ver. Tudo estava exatamente igual ao momento que adentramos: silencioso e solitário. Bufei, de tédio talvez, ou preocupação, e me esgueirei para fora da cama dura sem querer acordar a babá. Não estava com humor para discussões ou qualquer tipo de conversa. Só queria permanecer em silêncio enquanto choramingava por todas as possibilidades horríveis que poderiam estar acontecendo do outro lado dessa parede. Controlei minha respiração enquanto o observava dormir profundamente. Esperei um momento antes de voltar a andar pelo chão frio para ter certeza de que não acordará. Relaxo meus ombros, pronta para me dirigir ao canto mais afastado do cubículo, quando ele se movimenta, trocando de posição para ficar deitado de lado e com as costas viradas para mim. Prendo o ar, levando a mão à boca, e deixo que meu coração volte a bater normalmente antes de resolver me mexer. Foi quando vi o papel em seu bolso.

Não pareceu nada interessante de início, mas havia um formigamento em meu corpo lutando contra minha cabeça e dizendo que eu deveria pega-lo. Olhei ao redor, mas já deveria saber que não tinha nada para observar. Xinguei a mim mesma por ser tão curiosa e me inclinei sobre a cama. Com cuidado, ergui a mão em direção da ponta solta do papel no bolso. Estava em dúvida sobre retira-la aos poucos ou direto. Optei pela segunda opção. Puxei o maço com rapidez e me afastei, esperando a qualquer momento que ele acordasse irritado e mau humorado. Isso não acordou. Dirigi minha atenção para a folha em minha mão, para a foto entre meus dedos. Estava amassada quase que inteira, as pontas desgastadas e parte da tinta descolorida, mas a imagem ainda era bastante visível. Era uma garota, talvez não mais velha do que eu, e fazia uma careta para a câmera. Não parecia ter sido intencional, mas sim aquelas ocasiões em que o fotógrafo nos pega desprevenido, como Maxon muitas vezes faz comigo. Ela sorria, apesar de não parecer muito satisfeita por estar sendo fotografada. Imaginei se teria sido Alaric do outro lado da lente. Se essa seria sua namorada.

_Satisfeita? –ergo o olhar assustada para me deter em Alaric, sentado na cama e apoiado na parede enquanto me observa. A linha fina em seu lábio não se abre em um sorriso, pelo contrário, endurece cada vez mais. Ameaço esconder a fotografia e fingir que nada havia acontecido, mas já era tarde demais. Voltei minha atenção para a garota e sorri involuntariamente ao passar meus dedos pela superfície.