Embora?!

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Pov Arthur

"Sim". Uma única palavra capaz de mudar tudo. Um único som que pode causar estragos. E ainda assim não hesitei em dizê-la. Uma simples sílaba representando centenas de emoções e sentimentos trancafiados por muito tempo no fundo do meu coração. Queria dizer não, desejava em todo o meu ser conseguir pronunciar o não, porém cada célula em meu corpo fez o contrário. Observando a situação depois entendi o motivo para ter admito a infeliz verdade. Acho que tinha a esperança de que ela fosse compreender as entrelinhas, que fosse compartilhar meu olhar significativo e pular em meus braços admitindo seus sentimentos por mim. Mas já devia ter aprendido a não esperar por nada de bom. Ela não entendeu, ou se identificou o que quis dizer, não se importou.

De qualquer forma, não a encontrei pelos próximos dois dias. Permaneci recluso, evitando-a pelo máximo de tempo que pudesse. Não conseguiria encará-la, não depois do que acabara de descobrir sobre mim mesmo. No fim do segundo dia me irritei comigo mesmo por estar sendo um tolo e suprimi qualquer sentimento idiota que achava ter sobre diversas camadas de orgulho, sarcasmo e egocentrismo. Me senti imensamente melhor, admito. A ilusão me fez bem naquele momento. Claro que naquela ocasião eu verdadeiramente acreditei ter conseguido controlar a única coisa que estava fora do meu controle, mas também já devia saber que é impossível querer mandar no coração. Na época não me importei, estava animado, ansioso até, finalmente conseguira colocar a última peça do quebra-cabeça no lugar e nada, nem mesmo America Singer, conseguiria se opor a mim.

Cheguei a conclusão de que meu amor, se é que pode ser chamado assim, não passava de pura admiração. A admirei por muitos motivos naqueles meses, mas principalmente por ser a única que parecia conseguir enxergar através do muro que construí ao longo dos anos. Repeti tantas vezes para mim mesmo que não bastava disso, e acabei por me convencer de uma mentira. Porque eu não poderia amá-la, de forma alguma, depois de anos detalhando cada passo do meu plano, depois de centenas de noites mal dormidas e estresse acumulado não me permitira arruinar minha obra-prima por causa de algo supostamente chamado de amor. Não permiti que tal ocorrido desenrolasse, cortei o mal pela raíz e ignorei a pontada em meu coração cada vez que a via.

_Não tem trabalho para fazer? –empurro Merlin em direção da porta enquanto ele tenta se desenrolar dos meus braços.

_Provavelmente. –corre para o outro lado do quarto, retirando os sapatos em seguida e pulando em minha cama. Bufo impaciente e cruzo os braços na esperança de que ele perceba que não estou com humor para brincadeiras. Óbvio que ele não notou, afinal é Merlin, a criança ambulante.

_Estou falando sério, Merlin. Não quero você aqui. –ele não para de pular nem mesmo para me responder, continua alheio a minha pessoa, o que só me irrita ainda mais. –Quantos anos acha que tem? –grito.

_Acredite, mais do que eu gostaria de ter. –estava a ponto de responder algo que provavelmente me arrependeria no final, já me preparara para poder arrancá-lo à força do cubículo mínimo pertencente a mim na ala dos funcionários.

Era literalmente um quadrado sem qualquer adorno, muito parecido com o abrigo em que America e eu tivemos de passar a noite. Minto, exatamente idêntico àquele lugar. O que não ajudou muito minha mente a acalmar e reprocessar a novidade de que eu definitivamente não estava apaixonado. Porque toda vez que adormecia podia sentir seu corpo colado ao meu, sua respiração em meu peito. Não sabia na época o que estava acontecendo. Adormecia pensando nela e acordava suando com mais pesadelos sobre ela. Enfim, senti o telefone vibrar em meu bolso e amaldiçoei quem quer que fosse por me interromper. Arrependi-me no exato momento em que vi sua foto na tela. Sorri instintivamente, como um bobo, e provavelmente corei ao levar o celular ao ouvido para ouvir sua voz melodiosa.

Royal or RebelOnde histórias criam vida. Descubra agora