Os sonhos

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Pov Arthur

Sonho on.

Palavras são usadas muitas vezes para descrever sentimentos, um poeta é capaz de fazer mágica com elas. Escrevendo emoções subconscientes que muitas vezes nem percebemos dentro de nós mesmos. Sou um guerreiro, não entendo de palavras, só se for as últimas dos inimigos que matei ao longo da vida. Essas me lembro até hoje, os choros e o desespero para dizer adeus àqueles que amam uma última vez.

Não sei nada sobre poemas, apesar de ter uma coleção grande em meu quarto, mas nesse momento desejei ser um trovador. Tinha minhas dúvidas em relação a eles, não acho que nenhum deles conseguiria dizer exatamente o modo como me sentia naquele momento, mas de qualquer jeito era o mais perto que eu poderia chegar para explicar minha felicidade. Poderia dizer sobre a luz invadindo meu coração assim que a vi, sobre o calor invadindo todos os músculos do meu corpo, aquecendo-os, sobre como meus ossos pareciam ter tornado geléia no momento em que a toquei.

Queria conseguir explicar sobre como foi impossível parar de sorrir, sobre como me senti o homem mais realizado que já deve ter existido, e mesmo que a sensação ainda esteja repleta dentro de mim, sinto como se colocá-las em palavras simplesmente estragariam a parte especial do momento. Prefiro lembrar dessa parte, quando tudo não passou de visão borrada pelas lágrimas de felicidade, mas os momentos anteriores foram os mais angustiados da minha vida. Pode-se dizer que tinha um trauma.

Após a morte da minha mãe tinha uma ideia muita clara sobre partos. E não podia deixar que tivesse o mesmo fim que ela. O único problema é que não havia nada que pudesse fazer. Minhas pernas balançavam freneticamente do outro lado da porta. Tentara bater, muitas e muitas vezes, então percebi que talvez o barulho incessante poderia atrapalhar o trabalho das parteiras. E não queria que o estrago acontecesse, muito menos ser o responsável por ele. Então decidi me comportar.

Permaneci andando de um lado para o outro no corredor enquanto ouvia os gritos do outro lado da porta sabendo que não havia nada que poderia fazer para melhorá-los. Cada minuto que passa parece ser o último, pode ser o último. Mortes durante o parto são mais do que comuns e, mesmo que ela tenha me garantido que nada lhe aconteceria, não acreditei. Já pareciam ter se passado horas quando as primeiras pessoas chegaram junto de dezenas de outros curiosos. Não tinha forças para expulsa-los, muito menos energias, eles queriam saber notícias de sua rainha e quem seria eu para impedi-los. Some o nervosismo e a apreensão de todos naquele lugar e pode ter certeza de que nunca chegaria ao número da minha.

Acho que os estava irritando, porque perdi a conta de quantas vezes me fizeram sentar e permanecer quieto. Em nenhuma delas consegui, simplesmente me levantei novamente, com a mão nos lábios, e voltei a andar pelo lugar cheio de pensamentos em mente. Tentaram me oferecer comida, casacos pela noite fria, e vinho. Fiquei extremamente tentado a aceitar a última opção, esquecer meus temores e preocupações, mas queria me lembrar desse momento. Seja bom ou ruim.

Sinto minhas pálpebras fecharem e em seguida lutarem para permanecerem abertas, sinto meu corpo implorando para encontrar o chão, minhas pernas incapazes de me oferecer qualquer sustento. Foi como se tivesse lutado por dias, exceto que o peso da armadura agora era a possibilidade da morte da morte da minha esposa e minha filha. Porque quero que seja uma menina, quero minha pequena princesa. Escuto um novo grito ecoando por entre os cochichos ao meu redor. Instintivamente me aproximo da porta, pronto para arrombar o lugar e parar com seu sofrimento nessa exata hora, mas já devia saber que me impediriam. Um moreno se joga na minha frente, balançando a cabeça em reprovação e cruza os braços.

Poderia facilmente passar por ele, mas a confusão seria tão grande que não valeria a pena. Bufo irritado e me viro de costas para ele, voltando a caminhar pelo corredor sem nenhum lugar específico para ir. Ninguém conversou comigo, o que particularmente agradeci, e tirando os ocasionais gritos, o castelo estava encoberto pelo silêncio. Até estranhei quando senti um puxão na camisa. Me virei assustado para não ver ninguém. Tive de olhar para baixo para observar o garoto próximo dos sete anos me observando com medo. Seus olhos azuis estavam arregalados em uma expressão clara de medo. Me abaixo para ficar do seu tamanho e o abraço para que se sinta mais seguro.

Royal or RebelOnde histórias criam vida. Descubra agora