Royal or Rebel

Guarda-costas

Pov Maxon

Inútil.

Era assim que me sentia. Foi com essa palavra em mente que deixei o antigo escritório de meu pai e segui a garota pelo corredor mesmo conhecendo o caminho. Eu me sentia extremamente inútil. Me tornara rei havia poucas horas e já perdera minha coroa, meu trono, meu reino e minha esposa. Que tipo de líder eu sou? Que tipo de esposo serei se acabei de deixar a mulher que amo a mercê de um assassino?

Tento inspirar fundo, recobrar o fôlego e recolocar meus pensamentos em ordem, mas é impossível com tudo o que aconteceu nas últimas horas. Tinha de haver algum jeito de me opor a tudo aquilo, algum modo de lidar contra Alaric, se esse for o seu nome verdadeiro, alguma maneira de acabar com toda essa loucura. Eu, como rei, deveria saber como, afinal foi para isso que sofri nas mãos do meu pai com aulas de estratégia, batalha e tantas outras, mas agora... Bem, agora nada me vem a mente. Tudo o que consigo pensar é em dar meia volta e correr de volta para aquele cômodo e puxar America a força daquele lugar. Não queria vê-la perto dele, não queria ter de pensar nos dois sozinhos, no que ele poderia fazer com ela.

Repeti diversas vezes para mim mesmo enquanto caminhava que Alaric não faria nada contra ela. America é a rainha, mesmo que ele a odeie, mesmo que odeie a mim, tudo o que ele ganhará nos matando é uma revolta ao redor do país. Me apaguei a essa ideia, de que o povo se rebelaria contra Alaric em meu favor. Era uma ideia desesperada, admito, mas a única esperança que me sobrou. E também, se fosse nos ferir, ele provavelmente já teria o feito, e nossos corpos estariam agora juntos ao do meu pai, onde é que esteja. Sim, ele não a machucará.

_Continue andando, Majestade. –a garota a minha frente ordena sem ao menos se virar para trás. Não sabia como ela poderia saber que eu parara de segui-la, mas decidi que seria melhor não contradizê-la, não ainda, não até pensar em uma maneira para fugir e resgatar America.

_Não sou mais nenhuma Majestade. –retruco sem qualquer animação na voz. Ela para de caminhar e se vira para mim, sua expressão impassível.

_Auto-piedade não combina com o senhor, Majestade. –seus lábios se modificaram na sombra de um sorriso, que logo se desvaneceu quando deu as costas para mim, encheu os pulmões, arrumou a postura e voltou a me mandar caminhar.

Não sabia quem era a garota, seu nome, de onde viera ou porque ela se juntou a causa rebelde. Principalmente, não entendia como ela podia suportar Alaric. Resisti ao impulso de perguntar. Tinha a fé de que ela riria da minha pergunta e a tensão pudesse diminuir um pouco, mas logo em seguida os rebeldes, vestidos como guardas normais, a cumprimentaram e me lembrei de quem é o inimigo. Tinha de começar a pensar logo em um jeito de escapar. Precisava me comunicar com August, era o único jeito. Os nortistas me ajudariam.

Estávamos no corredor do terceiro andar, o corredor do meu quarto com America e do da minha mãe, onde ela provavelmente estava sendo mantida. Parei em frente a porta do meu quarto, imaginando se eles nos deixariam presos juntos ou se levariam America para outro lugar. Fechei os olhos e encostei a testa na madeira, deixando a primeira lágrima rolar. Não me importei com a garota que seguia, se ela brigaria comigo por ter parado, se iria se irritar com a minha atitude. Sequei a primeira gota e prometi para mim mesmo não chorar mais. Posso me entristecer quando tiver meu trono e minha America de volta. Agora preciso de toda a minha concentração para fugir.

_Ele não fará nada com ela. –me viro assustado para me deparar com a garota, sem nem ter notado sua aproximação nos minutos anteriores. Suspiro, olhando para o chão em seguida, e me recomponho rapidamente. –Apesar de ser um idiota babaca, ele não a machucará. Pode ter certeza. –fiquei incerta sobre o motivo para ela me dizer tais coisas. Não parecia um consolo, não soava com se tentasse me acalmar, pelo contrário, suas palavras eram frias e carregavam uma grande quantidade de mágoa e ressentimento. Agradeci do mesmo jeito, talvez ela não estivesse tão satisfeita com o trabalho que recebera e com o próprio líder, talvez, só talvez, eu pudesse convencê-la a mudar de lado. –vamos. –ela volta a seguir sua trajetória e a sigo.