O que faz aqui?!

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Pov Arthur

Estava verdadeiramente impressionado com meu próprio humor. Acordei sorrindo por nenhum motivo aparente, pelo menos não algo que eu conseguisse me lembrar naquele momento. Nunca acordo de bom humor, esse é o ponto. E o que menos tenho nesse palácio são motivos para me alegrar. Tenho de suportar os futuros regentes de Illea enquanto finjo ser uma pessoa que nem em meus sonhos mais distantes poderia ser, tudo isso sem notícias de casa, o que leva minha mente a viajar entre a utopia e o real. Apesar de estar constantemente olhando por trás dos meus próprios ombros à procura de suspeitos, a luz que entrou por meus olhos durante a manhã pareceu ter iluminado qualquer preocupação sobre ter sido descoberto.

Tivera o maior cuidado do mundo com meus passos até aquele momento, seguindo regras minuciosas e um sistema inteiro feito por mim, mas a partir de agora tudo não passaria de pura ousadia. As chances e possibilidades são diversas, é impossível prever, então só preciso estar preparado para desenrolar o imprevisto ao meu favor. E ele nunca parecia chegar, pelo contrário, cada passo à frente era como esperar por uma explosão que nunca aparece. O nervosismo e a ansiedade nunca me impediram de dormir, mas qualquer um que me conhecesse poderia dizer que meu estado já passara dos limites. Tudo o que planejara por anos se resumia a esse momento. Não esse próprio segundo, é claro, mas a situação em geral.

Tive de lutar para me tornar líder, tive de escalar até a cabeça do rei e convence-lo de que sou a melhor opção e me humilhei até o coração de America e Maxon. E ela está disposta a estragar tudo. Tudo começou estranho. Meu sorriso, por exemplo, e o incomum frio de uma manhã de verão. O clima não me importava em nada, afinal teria de usar terno de qualquer forma, o que para mim poderia ser facilmente considerado um método de tortura. As janelas estavam todas fechadas para manter o calor do lado de dentro e todos os funcionários passando por mim pareciam carregar em seus rostos uma solidão extrema. Não sabia se tinha algo a ver com as gigantes nuvens pretas se aproximando ou se algo acontecera pela madrugada, mas America parecia completamente alheia a qualquer tristeza sendo disseminada pelo ar. Ou sua noite fora maravilhosa ou ela só gostava de dias feios. Se eu tivesse de apostar minha vida, diria que a segunda opção é correta.

Independente de qualquer sorriso que possuísse seu rosto naquele momento ele se desfez quase que imediatamente assim que me avistou do outro lado do corredor. Precisei de muita força para sorrir e acenar em sua direção, mas ela parecia ter se transformado em uma estátua de gelo, completamente imóvel e impassível. Arqueei a sobrancelha e ameacei dar um passo em sua direção, esse movimento foi o suficiente para acordá-la de seu transe e a fazer movimentar-se.

Ao contrário do que supus, ela correu para o lado oposto, de volta de onde veio. Não é como se não tivesse percebido sua distância nos últimos dias, porque ela estava bem óbvia, mas fugir de mim era demais. Recapitulei em minha mente tudo o que conversamos ou qualquer mísero segundo em que estivemos no mesmo cômodo a procura de algo que a fizesse me odiar, mas não encontrei nada. Ela é minha amiga, ou pelo menos o que acha que é, e eu preciso que pense exatamente dessa forma. Com certeza não preciso que ela comece a decidir que não gosta de mim de novo. Toda a raiva que sentia pelos dois antes de ter aparecido nesse palácio simplesmente fluiu naturalmente para fora de mim. Tivera de esconder qualquer descontentamento pessoal que tenha em relação à eles, mas ela já estava me tirando do sério. Essa princesinha acha que é quem para querer brincar comigo?

Meu imprevisto acabara de aparecer e eu não estava com nenhuma vontade de ter de consertá-lo. Nada em minha mente encontrou uma resposta plausível para seu súbito afastamento. Talvez ela finalmente percebera o quão apaixonada por mim está e agora tem vergonha de me ver. Não gostaria que isso fosse verdade, mas em minha mente trocar Maxon por outro homem era uma opção muito viável. Deveria sugerir isto a ela quando voltarmos a nos falar. Acrescento mentalmente o detalhe e corro atrás da ruiva.

Royal or RebelOnde histórias criam vida. Descubra agora