Capítulo 4

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POV *Yara*

Encarei a televisão por vários minutos, sem nem sequer piscar os olhos. Aquele cabelo, aqueles olhos! Aqueles olhos azuis turquesa...esses olhos foi a confirmação que eu precisava, que garantia que era mesmo aquele homem de quatro anos atrás. O pai da Matilda. O desconhecido com quem eu passara a noite naquela festa! Ele vem a Portugal...

- Yara, está tudo bem? - Desviei o meu olhar, da televisão, para a Leonor, que me olhava com uma mistura de curiosidade e preocupação. Leonor olhou para a televisão, depois para a Matilda e depois para mim, voltando a repetir o gesto. Um minuto depois, quando percebeu o motivo do meu choque, a minha irmã passou as mãos no cabelo preto, também chocada. - Yara...é ele? Ele é o tal desconhecido? O homem com quem dormiste? Por favor, diz-me que estou enganada...

- Eu não sei... eu não sei... - Peguei na Matilda e pousei-a no tapete, sentindo as lágrimas a escorrerem-me pelo rosto.

- Yara, ele estava na festa, naquela noite. Disso eu tenho a certeza. Ele é amigo do Raphael. Meu Deus!

- Eu posso estar enganada... - Sussurrei, acariciando os cabelos de Matilda. A minha menina pode ser uma princesa do Reino Unido, caso ela realmente for a filha do Príncipe. Agora, mais que tudo, eu temo perder a minha menina.

- Bem, eu tinha vos visto a falar naquela noite, mas nunca pensei... - Leonor olhou para a sobrinha. Embora Matilda se parecesse mais comigo, ainda tinha alguns traços do Príncipe. Só podia ser filha dele. - Meu Deus! A minha irmã comeu o Príncipe do Reino Unido! Porque isso nunca acontece a mim? Que vida injusta! - Resmungou.

- Ele não pode saber, Leonor! Ele vai provavelmente, tirar a minha menina de mim. Eu não posso deixar que ele saiba.

- Yara, pelo que eu leio na notícia, o Príncipe vem a Portugal. É certo que vai viajar por Portugal inteiro. A Matilda tem parecenças com ele. Se houver alguém com bom olho, vai comentar e o rumor vai-se espalhar. Nem que seja só por diversão. Chega aos ouvidos dele e ele vai provavelmente querer conhecê-la por curiosidade.

- Não posso deixar... - Tentei, a todo o custo, afastar as lágrimas que teimavam em descer.
- Já pensaste que se calhar ele entenderá? Pode te deixar ficar com a Matilda. A realeza é muito complicada pelo que sei. Só querem herdeiros com cem por cento sangue real. A Matilda não lhes é necessária para a realeza. Provavelmente, vão querer que nunca mais te aproximes deles. Especialmente a Matilda.

- Ou seja, a minha filha é um nada para eles...

- É mais ao menos isso que te quero dizer. Onde eu quero chegar, é que, o Príncipe Alexander, devia ao menos ter conhecimento da Matilda. Não acho correcto deixares o homem sem saber que tem uma filha. Os anos passarão e ainda acaba por morrer sem saber dela.

- E se ele decide tirar-me a Matilda?

- Não acho que o rei e a rainha se importem com a Matilda. Vão obriga-lo a desistir dela. E mesmo que ele, de todas as maneiras, queira a Matilda, terá de passar por mim primeiro. Nem morta, vou entregar a minha sobrinha a ninguém,  nem mesmo ao próprio pai, com a probabilidade de nunca mais a voltar a ver! - Abri um sorriso com o que a minha irmã acabara de dizer. - Então? Decidiste o que vais fazer?

- Eu não sei. Ainda contínuo a pensar que ele vai tirar a minha filha de mim.

- Ela também pode ser filha dele.

- Mas fui eu que a criei e que cuidei dela.

- Yara, isso aconteceu porque ele não sabe da existência da Matilda. E eu também cuidei dela.

- Eu não tenho coragem de lhe contar. - Sentei-me no sofá, com as maos na cabeça, olhando para a Matilda que se distraía com alguns brinquedos. Uma menina tão inocente.

- Yara, eu estou a ser muito sincera. Também me importo com a Matilda, mas acho que ele deva saber que tem uma filha.

Respirei fundo, e Leonor desligou a televisão, sentando-se no sofá, ao meu lado. Apanhou o cabelo num rabo de cavalo e pegou na minha mão, acariciando a minha face.
- Mana, eu amo-te muito. Já te disse isto milhares de vezes. Sempre te apoiei em tudo. Não é verdade?

- É. - Respondi.

- Acreditas em mim, certo?

- Tenho as minhas dúvidas, mas uma parte de mim acredita.

- Essa machucou o meu coração, mas perdou- te. Então, por favor, acredita em mim, quando digo que o melhor a fazer, é contar ao Príncipe sobre a Matilda.

- Se tiver a oportunidade, irei contar-lhe. Mas se nao tiver, também não irei correr atrás dele. Por minha vontade, ele nunca saberá da Matilda.

Levantei-me e fui para o quarto. Despi-me e tomei um banho refrescante. Quando saí do banho, vi a Matilda, de pé, ao lado da minha cama, tentando subir a mesma. Com a toalha enrolada ao meu corpo, caminhei até ela e ajudei-a a subir.

- Pronto meu amor. - A Matilda, sentou-se de pernas cruzadas na cama e encarou-me. Sorri para ela e vesti umas calças de ganga, bastante justas e um top vermelho.

Sentei-me ao lado da Matilda e prendi alguns cachos do cabelo, que teimavam tapar-lhe o rosto, atrás das orelhas.

- Matilda, do que depender da mamã, ninguém te vai levar de mim, meu anjo. - Beijei-lhe o topo da cabeça e puxei-a para o meu colo, abracando-a. - Confia na mamã. Eu vou-te proteger com todas as forças que tenho.

Como se entendesse o que dizia, Matilda, deu-me um beijinho doce, no rosto e abracou-me.

Com a entrada maluca da Leonor no meu quarto, a Matilda separou-se de mim e olhou para a tia que infelizmente é louca e não tem todos os parafusos.

- Meu anjinho lindo e fofinha da tia! - Gritou Leonor, deixando a menina assustada, a olhar para mim.

- Eu sei, meu amor.  A tia é maluca, mas infelizmente já não tem cura.

- Eu não sou maluca! Eu sou uma pessoa com um alto nível de boa disposição e animação. Devias de tentar ser como eu, maninha.

- Leonor, a tua loucura já te fez ser presa por partires o nariz de uma desconhecida. Eu dispenso passar a noite na prisão, portanto, estou muito bem como estou.

- Eu apenas parti o nariz aquela vagabunda porque ela estava a atirar-se ao meu namorado!

- Que agora é ex namorado.

- Mesmo assim, soube bem dar uns murros na cara de boneca dela. - Leonor pegou na Matilda e beijou-lhe a face. - A minha menina vai aprender com a tia como guardar o que é nosso. Vou-te fazer uma máquina assassina de vagabundas necessitadas.

- Leonor, eu não quero que a minha filha seja louca. Já me basta ter uma irmã que não bate bem da cabeça. E não uses essas palavras na frente da Matilda.

- Maninha, sendo muito honesta, do fundo do meu coração, acho que darias uma ótima freira. Ainda vamos a tempo. Da maneira que tu és, tenho a certeza de que mesmo depois de teres tido uma filha, te aceitariam como freira.

- Que engraçadinha.

- É a verdade. Perfil tens, vocação tens... ainda podes vir a ser uma freira famosa. Até imagino as capas das revistas. "Freira teve filha com o Príncipe do Reino Unido". E por baixo, " Por este andar, ainda viremos a descobrir que o Príncipe afinal é filho de um Padre." - Não resisti e tive de rir. - Os jornalistas sabem criar histórias cômicas. Tenho a certeza de que seriam capaz de escrever algo assim.

- Esse é o meu medo... - Sussurrei, voltando a ficar séria. - O que aparece em muitas revistas, não é a verdade mas sim invenção de quem escreve. Sabe-se lá o que poderão escrever depois de saberem da existência da Matilda.

- Basta eles escreverem algo que eu não aprove e eles podem-se considerar pessoas mortas! Temos muito espaço no quintal. Será fácil esconder alguns corpos. Depois teremos de arranjar espaço para o caso de haver corpos a mais.

- Meu Deus! Pareces uma assassina profissional. - Disse chocada. O que eu não duvido,  é da loucura da Leonor. Ela realmente faria alguma coisa, mas acho que não chegaria a tanto. Pelo menos eu acho. Nem mesmo isso eu posso confirmar.

1° Livro Royal Lovers - A Bebé SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora