Capitulo 10

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POV * Yara*

- Matilda, olha o que a mamã tem para ti. - Pusei o pratinho com as papas de bolacha, que a minha menina tanto gosta, na mesa. A Matilda olhou para mim, tirando os olhos da televisão. Os olhos dela, estão diferentes. Cansados e vermelhos. Aproximei-me dela e, pousei a mão sobre a sua pequena testa, sentindo de imediato, a temperatura alta. - Por favor, não agora... - Peguei nela e deitei-a na cama. - Oh, meu amor... - Peguei numas mantas vermelhas, já velhas, do hotel e, cobri-a. Tentei dar-lhe as papas, mas ela recusou, vomitando o pouco que comera antes de virmos para o hotel. O corpinho dela, estava gelado. Quando vi que ia vomitar outra vez, peguei num balde pequeno e afastei os cabelos loiros,  para que não os sujasse. Ver a minha menina daquele jeito, inundou os meus olhos de lágrimas. - A mamã vai por-te boa, meu anjo. - Depositei-lhe um beijo na testa e sentei-me no chão, olhando para a minha filha. - É culpa minha...-Sussurrei, sentindo mais algumas lágrimas a formarem-se nos meus olhos já vermelhos. - Desculpa-me meu amor. É tudo culpa minha... - A Matilda apenas olhou para mim , com os seus olhinhos cansados.

Peguei no telemóvel para ver as horas, na esperança de que fosse cedo e ainda houvesse farmacias abertas. Já passava das nove e meia da noite.

- Merda. A esta hora, está tudo fechado.

A luz azul do telemóvel, piscava. Haviam trinta e duas chamadas perdidas da Leonor. Estava a ponto de desligar novamente o telemóvel,  quando a trigésima terceira chamada da Leonor, apareceu no ecrã. Suspirei, limpando as lágrimas e atendi.

- MEU DEUS! Sabes quantas vezes já te liguei? Porque não atendeste?

- Desculpa. Tinha o telemóvel desligado.

- Porra Yara, não desligues a merda do telemóvel outra vez! 

-Desculpa...

- Como estás?

- Bem.

- Yara, eu sei quando mentes. Tu não estás bem. Consigo perceber na tua voz que estás cansada.

- Eu estou bem Leonor. - Leonor suspirou.

- Como está a Matilda?

- Bem. - Sequei novamente as lágrimas que teimavam em não parar.

- Meu Deus, não me mintas Yara. Passa-se alguma coisa com a Matilda, não é? Meu Deus! Já a levas-te ao hospital?

- Leonor, ela tem só uma gripe e vomita um pouco, Vai passar assim que tomar os medicamentos que irei pedir ao hotel.

- Que merda Yara! Ela tem de ir a um médico. Onde estás? Eu irei buscar-te e iremos ao hospital com a Matilda.

-Leonor, já disse que estamos bem.

- Ah. Estão bem. E quando acontecer alguma coisa à Matilda se ela continuar sem ir ao hospital? Vais viver em remorsos e com o sentimento de culpa para sempre?

- Merda Leonor. Não vai acontecer nada. - Gritei desesperada.

- O Príncipe já sabe da Matilda. - Todo o meu corpo congelou, ao ouvir o que a minha irmã dissera. - Ele quer vê-la. Quer fazer o teste de paternidade.

- Não acredito que foste capaz de lhe contar!

- Tive de o fazer Yara.

- Não tinhas o direito!

- Não tinha escolha! Tu fugiste com a Matilda sem dizeres nada! Estou preocupada com vocês.  - Pousei o telemóvel, assim que vi que a Matilda ia vomitar novamente. Peguei no balde e repeti o processo de antes, voltando a pegar no telemóvel. - Meu Deus, Yara, diz-me onde estão! Estou preocupada com a Matilda! Eu ouvi ela a vomitar! Meu Deus! Yara!

- Desculpa Leonor, mas não posso dizer. Não agora que ele já sabe.

- Yara, por favor...

- Desculpa...

Desliguei a chamada e peguei na Matilda, levando-a para a casa de banho. Liguei a torneira e deixei a água correr, até estar norma. Despi a Matilda e coloquei-a na banheira, passando o chuveiro por todo o corpinho, agora sujo de vômito.

- Sou uma péssima mãe... - Chorei. Uma mãe de uma menina de três anos, agora doente,  sem dinheiro, sem trabalho, fugitiva e com medo de perder o que mais me importa.

POV * Leonor*

Depois de a Yara me desligar, mais uma vez, o telemóvel na cara, bufei de raiva e olhei para o Oliver.

- Então?  Conseguimos? É bem bom que me digas que consegumos! Até para a tua própria segurança!

- Sim. Por um triz, mas conseguimos. - Suspirei de alivio. Tinhamos planeado rastrear o telemóvel de Yara, assim que ela atendesse uma das ligações. Se não resultasse, teriamos de recorrer ao plano B. Correr todos os hoteis e casas à procura delas. Ainda bem que o plano A funcionara. Oliver, ligou para o Príncipe e informou-o das novidades. Depois apontando a morada num papel, Oliver pegou no casaco de cabedal preto e nas chaves do carro.

-Pronta? - Peguei no casaco e assenti. - Bem, vamos lá encontrar a sua irmã e a sua sobrinha.

- Espero que elas estejam lá.

- Elas irão estar lá. A sua irmã não sabe que temos a localização dela. E se a sua sobrinha está mesmo doente, não acredito que a Yara queira sair com ela do hotel.

- Espero que tenhas razão Oliver. Juro-te que assim que encontrar a minha irmã, eu irei fazê-la arrepender-se imenso pelo que ela está a fazer! Para não falar, que ninguém me desliga o telemóvel na cara! Muito menos a minha própria irmã! Ainda bem que és segurança, porque a minha irmã bem vai precisar de um quando eu estiver prestes a saltar para cima dela!

- Não me lembro de alguma vez ter visto uma mulher como tu, Leonor.

- Meu querido Oliver, eu sou única. Ú.N.I.C.A. Não há outra Leonor Montenegro no mundo,  que seja tão bem humurada como eu.

- Bem humurada? Eu referia-me à tua loucura. Tu és louca.

- Vais juntar-te ao clube da minha irmã? A ela só lhe falta virar freira. Eu não sou louca. Eu sou muito bem humorada e animada. Em uma frase que talvez o teu cérebro entende, eu sei viver a vida ao máximo.

- Viver a vida ao máximo,  para mim,  é saltar de paraquedas ou escalar uma montanha sem proteções.

- Ir para a prisão faz parte da tua lista de como viver a vida ao máximo? 

- Isso já é coisa de loucos.

- Não.  Isso é viver a vida ao máximo.  Eu, meu caro Oliver, já passei a noite na prisão.

- E tens orgulho disso?

- Tenho. Muito. Nem imaginas o quanto.

- Devo perguntar o motivo?

- Mesmo que não perguntes, eu irei dizer na mesma. Eu parti com tudo para cima de uma vagabunda necessitada que estava de olho no meu namorado. Quer dizer, ele agora é meu ex namorado. Deu a desculpa de que sou muito agressiva.

- Posso entender o porquê...

- Aquela não foi a desculpa que ele deveria ter dado. O pobre coitado não tinha conhecido o meu "eu" agressivo até ao dia em que acabou com o namoro.

- Imagino como ele ficou.

- Ninguém consegue imaginar, portanto nem tentes. Só mesmo vendo.  Nem eu tenho palavras para descrever o estrago que fiz na cara daquele imbecil.  Ele até devia de me agradecer! Graças a mim, se ele quisesse, ele até poderia entrar num filme de terror e ganhar um bom dinheiro à custa disso!

Oliver apenas sorriu. Pareceu-me mais um riso escondido e medroso do que um sorriso. Eu disse alguma coisa que tinha piada?

1° Livro Royal Lovers - A Bebé SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora