POV * Yara*
- Matilda, olha o que a mamã tem para ti. - Pusei o pratinho com as papas de bolacha, que a minha menina tanto gosta, na mesa. A Matilda olhou para mim, tirando os olhos da televisão. Os olhos dela, estão diferentes. Cansados e vermelhos. Aproximei-me dela e, pousei a mão sobre a sua pequena testa, sentindo de imediato, a temperatura alta. - Por favor, não agora... - Peguei nela e deitei-a na cama. - Oh, meu amor... - Peguei numas mantas vermelhas, já velhas, do hotel e, cobri-a. Tentei dar-lhe as papas, mas ela recusou, vomitando o pouco que comera antes de virmos para o hotel. O corpinho dela, estava gelado. Quando vi que ia vomitar outra vez, peguei num balde pequeno e afastei os cabelos loiros, para que não os sujasse. Ver a minha menina daquele jeito, inundou os meus olhos de lágrimas. - A mamã vai por-te boa, meu anjo. - Depositei-lhe um beijo na testa e sentei-me no chão, olhando para a minha filha. - É culpa minha...-Sussurrei, sentindo mais algumas lágrimas a formarem-se nos meus olhos já vermelhos. - Desculpa-me meu amor. É tudo culpa minha... - A Matilda apenas olhou para mim , com os seus olhinhos cansados.
Peguei no telemóvel para ver as horas, na esperança de que fosse cedo e ainda houvesse farmacias abertas. Já passava das nove e meia da noite.
- Merda. A esta hora, está tudo fechado.
A luz azul do telemóvel, piscava. Haviam trinta e duas chamadas perdidas da Leonor. Estava a ponto de desligar novamente o telemóvel, quando a trigésima terceira chamada da Leonor, apareceu no ecrã. Suspirei, limpando as lágrimas e atendi.
- MEU DEUS! Sabes quantas vezes já te liguei? Porque não atendeste?
- Desculpa. Tinha o telemóvel desligado.
- Porra Yara, não desligues a merda do telemóvel outra vez!
-Desculpa...
- Como estás?
- Bem.
- Yara, eu sei quando mentes. Tu não estás bem. Consigo perceber na tua voz que estás cansada.
- Eu estou bem Leonor. - Leonor suspirou.
- Como está a Matilda?
- Bem. - Sequei novamente as lágrimas que teimavam em não parar.
- Meu Deus, não me mintas Yara. Passa-se alguma coisa com a Matilda, não é? Meu Deus! Já a levas-te ao hospital?
- Leonor, ela tem só uma gripe e vomita um pouco, Vai passar assim que tomar os medicamentos que irei pedir ao hotel.
- Que merda Yara! Ela tem de ir a um médico. Onde estás? Eu irei buscar-te e iremos ao hospital com a Matilda.
-Leonor, já disse que estamos bem.
- Ah. Estão bem. E quando acontecer alguma coisa à Matilda se ela continuar sem ir ao hospital? Vais viver em remorsos e com o sentimento de culpa para sempre?
- Merda Leonor. Não vai acontecer nada. - Gritei desesperada.
- O Príncipe já sabe da Matilda. - Todo o meu corpo congelou, ao ouvir o que a minha irmã dissera. - Ele quer vê-la. Quer fazer o teste de paternidade.
- Não acredito que foste capaz de lhe contar!
- Tive de o fazer Yara.
- Não tinhas o direito!
- Não tinha escolha! Tu fugiste com a Matilda sem dizeres nada! Estou preocupada com vocês. - Pousei o telemóvel, assim que vi que a Matilda ia vomitar novamente. Peguei no balde e repeti o processo de antes, voltando a pegar no telemóvel. - Meu Deus, Yara, diz-me onde estão! Estou preocupada com a Matilda! Eu ouvi ela a vomitar! Meu Deus! Yara!
- Desculpa Leonor, mas não posso dizer. Não agora que ele já sabe.
- Yara, por favor...
- Desculpa...
Desliguei a chamada e peguei na Matilda, levando-a para a casa de banho. Liguei a torneira e deixei a água correr, até estar norma. Despi a Matilda e coloquei-a na banheira, passando o chuveiro por todo o corpinho, agora sujo de vômito.
- Sou uma péssima mãe... - Chorei. Uma mãe de uma menina de três anos, agora doente, sem dinheiro, sem trabalho, fugitiva e com medo de perder o que mais me importa.
POV * Leonor*
Depois de a Yara me desligar, mais uma vez, o telemóvel na cara, bufei de raiva e olhei para o Oliver.
- Então? Conseguimos? É bem bom que me digas que consegumos! Até para a tua própria segurança!
- Sim. Por um triz, mas conseguimos. - Suspirei de alivio. Tinhamos planeado rastrear o telemóvel de Yara, assim que ela atendesse uma das ligações. Se não resultasse, teriamos de recorrer ao plano B. Correr todos os hoteis e casas à procura delas. Ainda bem que o plano A funcionara. Oliver, ligou para o Príncipe e informou-o das novidades. Depois apontando a morada num papel, Oliver pegou no casaco de cabedal preto e nas chaves do carro.
-Pronta? - Peguei no casaco e assenti. - Bem, vamos lá encontrar a sua irmã e a sua sobrinha.
- Espero que elas estejam lá.
- Elas irão estar lá. A sua irmã não sabe que temos a localização dela. E se a sua sobrinha está mesmo doente, não acredito que a Yara queira sair com ela do hotel.
- Espero que tenhas razão Oliver. Juro-te que assim que encontrar a minha irmã, eu irei fazê-la arrepender-se imenso pelo que ela está a fazer! Para não falar, que ninguém me desliga o telemóvel na cara! Muito menos a minha própria irmã! Ainda bem que és segurança, porque a minha irmã bem vai precisar de um quando eu estiver prestes a saltar para cima dela!
- Não me lembro de alguma vez ter visto uma mulher como tu, Leonor.
- Meu querido Oliver, eu sou única. Ú.N.I.C.A. Não há outra Leonor Montenegro no mundo, que seja tão bem humurada como eu.
- Bem humurada? Eu referia-me à tua loucura. Tu és louca.
- Vais juntar-te ao clube da minha irmã? A ela só lhe falta virar freira. Eu não sou louca. Eu sou muito bem humorada e animada. Em uma frase que talvez o teu cérebro entende, eu sei viver a vida ao máximo.
- Viver a vida ao máximo, para mim, é saltar de paraquedas ou escalar uma montanha sem proteções.
- Ir para a prisão faz parte da tua lista de como viver a vida ao máximo?
- Isso já é coisa de loucos.
- Não. Isso é viver a vida ao máximo. Eu, meu caro Oliver, já passei a noite na prisão.
- E tens orgulho disso?
- Tenho. Muito. Nem imaginas o quanto.
- Devo perguntar o motivo?
- Mesmo que não perguntes, eu irei dizer na mesma. Eu parti com tudo para cima de uma vagabunda necessitada que estava de olho no meu namorado. Quer dizer, ele agora é meu ex namorado. Deu a desculpa de que sou muito agressiva.
- Posso entender o porquê...
- Aquela não foi a desculpa que ele deveria ter dado. O pobre coitado não tinha conhecido o meu "eu" agressivo até ao dia em que acabou com o namoro.
- Imagino como ele ficou.
- Ninguém consegue imaginar, portanto nem tentes. Só mesmo vendo. Nem eu tenho palavras para descrever o estrago que fiz na cara daquele imbecil. Ele até devia de me agradecer! Graças a mim, se ele quisesse, ele até poderia entrar num filme de terror e ganhar um bom dinheiro à custa disso!
Oliver apenas sorriu. Pareceu-me mais um riso escondido e medroso do que um sorriso. Eu disse alguma coisa que tinha piada?
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1° Livro Royal Lovers - A Bebé Segredo
RomanceYara nem desconfiara que a sua filha poderia ser filha do príncipe mais cobiçado do Reino Unido. Passara apenas uma noite com ele em uma grande festa e ficara de tal maneira bêbada que mal se lembrava do que fizera. Ao ver uma noticia na televisão...