Capitulo 22

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POV * Yara*

Depois de sairmos do restaurante, caminhamos por uma rua pouco movimentada. Claro que sempre na companhia de guardas, o que me irritava um pouco e me deixava nervosa. Sentia-me demasiado vigiada. Quase sem privacidade.
Entreti-me a ver algumas crianças a brincar perto de uma fonte na nossa frente. O meu olhar, foi direcionado, em especial para uma menina que estava sozinha num banco a observar as brincadeiras. Podia ver no rosto dela a tristeza que sentia. Devia ter cerca de oito ou nove anos. Ia para me aproximar da menina, quando dois rapazes e uma rapariga, provavelmente com a mesma idade, o fizeram primeiro. Sorri, mas quando vi que a menina mostrara medo dos três, o meu sorriso desvaneceu-se. A outra menina puxou-lhe os cabelos e os rapazes gozaram com ela. Sem me conter, aproximou-me berrando. As quatro crianças olharam para mim, assustadas. Podia sentir também o olhar curioso de Alexander atrás de mim.

- Estás bem, meu amor? - Perguntei à menina, quando as três crianças fugiram.

- Sim... - Respondeu a menina num sussurro.

- Posso saber o teu nome? - Perguntei abaixando-me perto da menina, tentando não rasgar o vestido.

- Lira.

- Lira...é um nome muito bonito. Eu chamo-me Yara.

- Obrigada. A senhora não precisava de berrar com eles. Já estou habituada.

- Querida, precisei sim. Uma criança não deve maltratar outra criança. E não digas que estás habituada. Tens de te defender em situações assim. Se eu não estivesse por perto, provavelmente ainda estarias a ser intimidada por aquelas crianças. - A menina apenas sorriu e agradeceu saindo a correr, deixando-me com o resto das minhas palavras por dizer.

Alexander aproximou-se de mim e observou-me, enquanto via a criança correr. Entendeu uma mão e ajudou-me a levantar, dando-me um beijo longo e faminto.

- Tens um bom coração meu amor.

- Apenas fiz o correto.

- Sim, mas muitas pessoas apenas ignoram situações como esta que acabou de acontecer. Já tu...tu meu amor - Deu-me outro beijo. - tu mudaste o dia daquela menina. - Sorrindo, olhei as outras crianças que brincavam perto da fonte. Comecei a imaginar como seria se Matilda fosse privada de brincar com crianças como aquelas. Viver sobre disciplina.

- Alex...

- Sim?

- Promete-me que Matilda não será privada de brincadeiras com outras crianças. Quero que ela sinta a sensação de ter amigos. Assim como aquelas crianças. Quero ver o mesmo olhar de felicidade daquelas crianças na minha Matilda.

- Não te preocupes meu amor. Farei de tudo para que a nossa filha viva a vida de criança como criança que é.

- Obrigada...

Ao chegarmos ao Palácio, vi a Rainha com Matilda a lerem um livro num dos sofás do salão. Matilda vestia um vestido cor de rosa com rosas brancas e a Rainha vestia um vestido azul escuro, comprido. Aproximando-me e ouvi a historia, como se fosse uma criança, sentindo-me animada pela maneira que a Rainha lia. Alexander fora ao escritório dele assinar uns papeis. De momento, era só a Rainha, Matilda e eu naquele salão.

- E fim da história, minha querida. - Disse a Rainha a Matilda.

- Quelo maisssss!

- Que me dizes de outro livro? - Perguntou pegando em outro livro e sorrindo pelo entusiasmo da neta. - A princesa e o sapo.

- Simmm! - Quando Matilda me viu, saiu do colo da avó e correu até mim, jogando-se nos meus braços. - Mamã!

- Olá, meu amor.

- Senhorita Yara, pensei que estivesse com o meu filho. - Disse a Rainha, tirando o sorriso da cara.

- Chegamos agora, Alteza.

- Muito bem. Bem, tenho coisas a fazer...

- Por favor, não vá por minha causa. - Implorei. - Se não se importar... - Peguei no livro que a Rainha deixara na mesinha e estendi-o. - Eu sei que a senhora não gosta muito de mim, mas...por favor, continue sendo a avó da minha filha. Está na cara dela que ela adora a senhora. Eu irei para o meu quarto.

- Não, por favor, faça-nos companhia.

- Não quero incomodar, Alteza.

- Não incomoda. Aliás, tenho de pedir desculpas pelo meu comportamento no dia em que veio para cá. Sei que agi erradamente.

- A culpa foi toda minha. Eu devia ter arranjado maneira de...

- Não, minha querida. Eu agi mal porque pensei que queria dinheiro. Não podemos negar que era uma óptima oportunidade de a menina obter dinheiro. Mas graças à minha neta, agora sei que me precipitei. - Os meus olhos passaram da Rainha para a minha filha. - Ela contou-me algumas das suas aventuras. Sobre como a tentou esconder de meu filho. Entendi que não queria desistir da sua filha. Vejo que ama Matilda com todo o coração. Respeito isso em si. E espero que seja uma mãe melhor que eu.

- A senhora é uma optima mãe Alteza.

-Não. Eu expulsei um filho de casa, minha querida. Apenas porque ele se juntou a uma plebéia. Provavelmente nunca mais o verei. Se o arrependimento matasse...

- A vida ainda a pode surpreender, Alteza. É um lema da minha família.

Sentei-me num dos sofás, deixando a minha filha ir até à avó e sentar-se ao colo dela. A Rainha começou a ler a historia enquanto Matilda folheava as páginas. Eu queria chorar de feliciade. Fora aceite pela mãe de Alexander. E por trás da mulher que ela desmonstrara ser no dia em que a conheci, existe uma mulher amável e compreensiva.

1° Livro Royal Lovers - A Bebé SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora