24. Garoa

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Era um dia chuvoso, a rua estava molhada e as minhas pegadas marcavam a lama já formada. As folhas, amareladas pelo outono, caíam e assemelhavam-se a  barquinhos na imensidão das poças. O vento acentuava o tempo frio; finalmente os casacos haviam deixado os cantos escuros dos armários. Parei ao lado de um poste; sua luz tênue, mesmo que desnecessária naquele momento em que a luz do sol ainda se fazia presente, lançava raios de luz sobre a rua. Estava a observar pois pingos d'água em frente a lâmpada quando, de repente, surge uma outra pessoa nesse boulevard deserto. Pensei que para estar ali,debaixo daquela chuva, deveria ser tão louca quanto eu, e com louca eu quero dizer incompreendida. Ela passeava e dançava por entre os pequenos mares no chão. O salto de suas botas lançava respingos para todos os lados, seu sobretudo bege complementava belamente seu rabo de cavalo e ,para finalizar, trazia um sorriso capaz de reavivar galáxias no rosto. Por que estaria ela ali?

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