27. Segredo

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A noite estava em seu ápice
A névoa cobria os chãos do jardim do lado de fora
Era uma hora da manhã
A casa estava de um sossego ríspido
A cada passo seu coração disparava;
Não podia fazer muito barulho
Ou os acordaria
E estaria de castigo para o resto da vida,
Além de ganhar umas boas surras.

No escritório do pai
Um segredo se resguardava
De si próprio e dos outros.
Em plena ditadura,
Livros comunistas eram escondidos.
Fato era:
Moravam naquela casa
Só por contrariação
Ninguém era comunista,
Mas o governo não agradava.

Bernardo sabia
Que haveriam consequências
Se o achassem com aqueles livros.
Se, e somente, se o achassem.
Por isso se esgueirava
No meio da madrugada
Para roubar os livros do pai.

Era pequeno,
Ainda não sabia entender direito
O que, possivelmente, estava lendo,
Mas gostava da sensação
De ter um segredo só seu;
Não mais de ninguém,
Somente seu.
— γ

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⏰ Última atualização: Nov 26, 2017 ⏰

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