18. Uma rosa para Elena

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- O quê o senhor deseja, cavalheiro?-perguntou o porteiro para o homem imerso em paixão em frente ao pequeno prédio.
- Eu... bem... uma rosa para Elena- estendendo a flor vermelho-sangue.
- Oh! Claro, irei chamá-la.- respondeu o porteiro com um sorriso para o pobre homem abobalhado sob as chamas amarelas, que eram quentes apesar do frio da noite.
- Obrigado- seu sorriso de realização, animava até o mais desesperançado por amor. Enquanto o porteiro havia se retirado para comunicar à Elena, o cavalheiro ficou a sorrir para lua, para a garoa que caía, conversando com os  candeeiros acesos, alinhando o terno e a cartola. Admirava a beleza da rosa e sonhava com a reação de sua amada quando a visse, o daria um abraço apertado, se fosse sortudo, também um beijo, ficaria extremamente feliz e grata por ele.
- Ela já está descendo. Preservei a surpresa, disse apenas que um cavalheiro desejava falar com ela!
- Muito obrigada!
Uma donzela apareceu ao pé da escada, um ar animado atravessava seu semblante. Seus cachos dourados roçavam nos seus ombros com a ação do vento, o vestido magenta fazia cócegas no chão que sorria a visão dela. A noite, de repente, pareceu mais feliz; sua vivacidade, renovada.
- Elena?
- Boa noite, cavalheiro, o que deseja?
- Ele, nada. A senhorita tem assuntos pendentes comigo.- disse uma mulher magra até os ossos, pálida como uma vela; seu cabelo extremamente preto fazia uma moldura horrenda de seu rosto. Suas feições eram desproporcionais; as roupas, rasgadas e sujas. Ela surgiu como um borrão naquela cena tão harmoniosa.
- Quem é...-sua fala foi interrompida por um zumbido, esse veio acompanhado de um vulto.
Elena caiu com o vestido já manchado de vermelho, e quem se aproximasse dela veria a lâmina que foi lançada e partiu seu coração.
- Boa noite, querida!- exclamou a estranha mulher de pontaria certeira.
- Agora eu posso jogar a rosa, amor?
- Claro, foi para isso que você a trouxe, não foi, docinho?- retirou-se. Em seguida, foi o cavalheiro abobalhado seguindo sua amada.
No lugar onde há pouco tempo batia um coração, sobressaia uma flor vermelha, e até parecia que o sangue derramado era apenas tinta escorrido de suas pétalas. 

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