Queda

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"Quanto menores as expectativas, menor a decepção."
"Mantenha poucas as esperanças."
"Não se importe."
"Ligue o "foda-se" e sorria."
"Não espere nada de ninguém, nem de você mesmo."
"Sem movimentos bruscos. Não arrisque"
...
Não quero viver em um mundo que pensa assim. De que vale a zona de conforto? Não é a dor necessária ao crescimento?
Não quero ser a mesma para sempre. Quero ser eterna mudança, inconstante mas com a mesma essência.
Mantenho grandes as expectativas e aguardo resignada a queda, esperando que o vento me faça voar quando eu cair de tão alto.
Esperança é minha palavra favorita. Guardo no peito para os piores dias e para as melhores pessoas. Vejo-a nos sorrisos, nos olhares, nas flores que caíram depois de uma noite chuvosa. Como podem querer que minhas esperanças sejam poucas? Não é ela o que nos faz seguir?
Não me importar? Mas posso fazer algo, posso mudar o rumo. Preciso me importar, preciso me preocupar, mas não deixarei de sorrir por isso.
Não costumo me arriscar, faço planos e cálculos. Gosto de saber exatamente o que fazer e como fazer. Agrada-me a exatidão. As melhores coisas que me acontecem, entretanto, não estavam no planejamento, tampouco nas listas.
Seguirei então esperando, amando, com expectativas altas, escalando devagar o penhasco do qual me jogarei um dia esquecendo-me dos planos e listas.
Então talvez eu possa voar. Sorrirei ao sentir o vento no rosto.
Então talvez eu alcance o chão, talvez meu corpo e minha alma se despedacem, talvez a queda me mate. Sorrirei quando a Esperança me levantar e subirei com ela novamente o meu penhasco.

ÍntimoWhere stories live. Discover now