RIO DE JANEIRO - 15 DE SETEMBRO DE 2017 – 20:00 HORAS
- "Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária". Artigo 121, parágrafo 5°, é o que dispõe o Código Penal, nobres jurados e juradas...
Nem o melhor ar condicionado deste prédio seria capaz de conter o calor de uma sustentação oral.
22:00 HORAS
- O conselho de sentença votou pela ABSOLVIÇÃO do réu. Expeça-se alvará de soltura, desde que não exista outra ordem judicial em sentido contrário. Publicada a sentença neste plenário de julgamento... ... ...
Minha cabeça latejava de dor, mas sentada no canto do Salão do Tribunal do Júri do fórum, lembrei-me de uma dívida nascida naquele momento e calmamente perguntei à devedora:
- Quanto custa a liberdade de uma pessoa para você, Dinah?
- Não há preço.
- Engraçado! Porque nosso cliente foi inocentado e isto implica em um jantar custeado por você, logicamente. Comida japonesa.
- Estou com muita fome mesmo.
-Quem disse que dividirei minha comida com você?- tratei de reclamar - Mas você está certa. A liberdade é preciosa, tão preciosa que não possui preço.
Homicídio. Nosso cliente matou o próprio filho. Uma criança de 5 anos. Atropelamento. Engatou a marcha ré de seu automóvel na garagem de casa e não viu a criança esconder-se atrás do carro. Nestes casos, roga-se pelo Perdão Judicial, pois a consequência do crime, perda de um filho, é tão dolorosa quanto a perda da liberdade ao ser condenado. Incomodei-me por este processo ter ido tão longe, quando em fase inicial poderia ter sido encerrado. Defendi ainda na Resposta a acusação, a tese de crime culposo, sendo cabível o Perdão Judicial e novamente discursei a mesmo posicionamento para os jurados ao longo desta tarde.
Ainda avistei o promotor sair do local com uma expressão cansada, não tão abatida quanto a de meu cliente. Quanto vale a liberdade quando sua consciência já não te deixa ser livre da culpa em parte alguma do planeta?
O som da música ecoava pela boate causando marteladas nos corações dos que dançavam na pista. Eu sondava o ambiente enquanto seguia minha amiga e sócia entre os dançantes, para enfim chegar à área VIP do local, onde eu acreditava existirem cadeiras disponíveis. Velha e caquética aos 29 anos. Lauren, Lauren...:
- Adoraria entender o porquê de após um dia fatigante de trabalho, estarmos em um estabelecimento com música alta, pessoas bêbadas, suadas...
- Boa noite, povo bonito! Olha quem eu consegui trazer à festa! – Dinah apontou para a mesa com as três damas que em uníssono gritaram euforicamente:
-LAUREN!
Estavam todas ali. Sorridentes, uma a uma, levantaram e me cumprimentaram com abraços apertados. A coloração vermelha tomou a minha face e eu já não sabia se era de raiva por Dinah ter sabotado meu descanso ou se eram os braços da pequena Ally me apertando. Normani logo tratou de alfinetear:
- Chega desse abraço! Preciso dessa branquela viva para atazaná-la. Achamos que os processos dos tribunais tinham te abduzido, Lauren.
Ally emendou:
- Não. Na verdade, deduzimos que você estaria dormindo em uma cama de presídio, pensando na melhor forma de matar suas amigas de saudade e aumentar a sua pena. Porque você NOS ABANDOU!
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Legalmente
Fanfiction[FINALIZADA] Lauren estava relativamente satisfeita com seu escritório de advocacia. Processos e mais processos... O que mais ela poderia desejar? Mais conhecimento? Mais sucesso? Uma família? Um amor? "Eu desaprovo o que você diz, mas defenderei at...