04 CAPÍTULO - DOCES DE ESTRANHOS

11.7K 961 792
                                    



- Obrigada, Lauren. Até mais tarde Mila, vê se não assusta a Lauren – Sofia fechou a porta do carro, se direcionando a faculdade.

Saímos do estacionamento, seguindo para delegacia onde Camila trabalhava. A delegada espiava pela janela e parecia insatisfeita em estar ali.

- Então, Doutora Camila, você tem o hábito de assustar as pessoas?- Provoquei.

- É o que dizem por aí. – Respondeu ainda sem me olhar.

- Devo me sentir ameaçada? – Eu dirigia calmamente.

- Isso é você quem decide. – Mais que mulher impossível.

- Sofia me disse que mudaram para Rio há pouco tempo. Transferência? – Puxei assunto novamente. Papo mais chato esse meu, mas é o que temos para hoje.

- Sim.

- Eu gosto de morar aqui, embora a violência esteja crescente. Você é natural de que cidade? – Prossegui.

Nesse momento virou-se para mim e com um olhar diabólico encheu o peito e disse:

- Não te in-te-res-sa! – Voltou a olhar pela janela.

- Gostei disso. – Gargalhei – Você é sempre receptiva assim ou nosso encontro de sábado desencadeou essa simpatia toda?

- Você é sempre prepotente assim? – Retorquiu.

- Meu Deus, ela está interessada em mim! – ri que nem uma boba e ela me fuzilou com o olhar - Mas quanto a sua pergunta... Não, não sou prepotente o tempo todo. É meu charme natural. – Ela gargalhou com vontade e eu gostei do som de sua risada.

- Você é prepotente o tempo todo. – Afirmou, observando nosso percurso. – Onde fica seu escritório mesmo?

Do outro lado do mundo. Agora ela me pegaria na mentira, mas com um olhar diabólico enchi o peito e disse:

- Não te in-te-res-sa! – Ela me olhou incrédula – Olho por olho...

- Certo, Lauren, certo. – Ela ria.

Ouvi-la proferir meu nome foi como música para meus ouvidos e nisso lembrei de ligar o som do carro para deixar nosso clima bem ameno. começou a tocar e ela pareceu relaxar um pouco sua postura.

- Estamos chegando, doutora. A tortura está no fim. – Brinquei, já estacionando em frente a delegacia.

- De qualquer modo, obrigada. Você ajudou. – Bobinha. Sequei o pneu do seu carro. Pensei enquanto ela descia do meu veículo.

- Ei! – chamei sua atenção e ela me olhou séria. – Cadê meu beijo de obrigada? – Ela revirou os olhos e bateu a porta do carro. – Vamos treinar na geladeira, porque a porta do carro já foi danificada. – Gritei. Ela já se afastava, mas ainda riu.

A semana só estava começando, mas a carga de trabalho que me esperava no escritório já era desafiadora. Pela primeira vez em anos não estive tão bitolada em processos. Estava avoada e me sentia bem assim.

- Sapatânica! – Dei um pulo da cadeira. Com a loira invadindo minha sala

- Dinah, pelo amor de Deus, não me chama disso aqui no escritório.

- Isso quer dizer que posso te chamar de sapatânica em outros lugares?- Disse ao sentar-se.

- Não. O que você quer? – Perguntei sem olhá-la.

- Almoçar.

-Nossa! Perdi a hora aqui.

- Com a cabeça longe né? Sapatânica.

LegalmenteOnde histórias criam vida. Descubra agora