RIO DE JANEIRO. 14 DE MARÇO DE 2018. QUARTA-FEIRA. 13:00 H.
- Vocês duas não vão conversar direito, não? – Sofia indagou séria. – Lauren, você tem todos os motivos do mundo para estar chateada, mas ela é minha irmã e eu não vou permitir que você a maltrate. Porra! Cadê aquele papo de fazer parte da família?
- É complicado, Sofia. Eu nunca maltrataria Camila, mas eu e sua irmã precisamos desse tempo.
- Ela sabe que você deu "esse tempo"? – Gesticulou as aspas.
- Acho que sim. Ela não fala mais comigo... – Falei sem jeito.
- Porque você não fala com ela. Daaaaam! – Bateu em minha testa - E se você "acha" que sim, não tiveram o mínimo de comunicação. - A olhei silenciosa e pensativa - Não sou uma das "adultas-administradoras" desse par de apartamentos e estou decepcionada com as que exercem a função. – Surpreendeu.
- Entendo. – Falei sem argumentos.
- Entende? E vai tomar uma iniciativa? – Indagou firme.
- Não me condene por essa inércia, Sofia. Mas estou exausta de pedir desculpas a ela por coisas que não causei sozinha, ou por coisas que nem causei. Eu corri atrás, pedi em namoro, fiz de tudo para agradar...
- E agradou, Lo. – Ela implorou.
- Não foi o que deduzi no dia da briga. Então, preciso desse espaço. Ela está bem. – Tentei acreditar em minhas palavras, sem encarar Sofia.
- Bem é a última coisa que ela está, mas como eu disse antes, vocês são adultas e bem crescidinhas. Fica o recado. – Ela me analisou - E esse braço? – Apontou para o membro engessado.
- Segue em tratamento. – Sorri. – Acho que mais uns 3 meses com essa parafernália. Não sei de nada. – Concluí.
- Vai ser rápido. Logo, logo estará com os dois bracinhos envolvendo a cinturinha de pilão daquela outra teimosa. – Gargalhamos. – Tenho que ir. Muito bom te ver.
- Obrigada pela visita, e cuida dela...
- Nem precisa pedir.
Sofia saiu e o vazio tomou conta do apartamento. Era possível ouvir o piado de Freud na varanda, apontando que as coisas estavam como antes. Apenas eu e ele. Já havia três semanas desde o acidente, o ferimento em minha cabeça já estava bem tratado e aprendi a manobrar meus braços, com isto minhas amigas voltaram a suas rotinas e eu fiquei presa ao repouso.
Camila me visitou nas primeiras cinco noites, mas nos limitávamos a conversas amigáveis sem nenhum tipo de intimidade, o que nos matava por dentro, mas ninguém dava o primeiro passo. Depois disso, não apareceu mais, nem ligou ou mandou mensagens.
Voltei a comer porcarias nos jantares e passar horas na biblioteca estudando. Mas eu não era a mesma Lauren. Eu já havia sonhado e feito planos para um horizonte nunca antes pensado. A entrada da delegada em minha vida, abriu portas, janelas e um mundo inteiro de possibilidades para se alcançar a felicidade.
- Dona Lauren, preciso limpar aqui. – Dona Helena me tirou do transe.
- Sim. Tudo bem. Pode entrar. Eu já terminei minha leitura. – Levantei da cadeira, guardando meus papeis.
- Acho que Dona Camila tá doente, viu? – Jogou verde.
- É? – Eu não quis parecer uma curiosa desesperada.
- Sim. Não foi trabalhar ontem. Floriano quem recebeu a sacola de remédios que o entregador deixou na portaria. – Fofocou – Antes disso, ela solou um bolo e chorou. A menina Sofia até falou para irem ao clube de tiros, mas a doutora não quis. Se fechou no quarto. – Ela espanava os livros.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Legalmente
Fanfiction[FINALIZADA] Lauren estava relativamente satisfeita com seu escritório de advocacia. Processos e mais processos... O que mais ela poderia desejar? Mais conhecimento? Mais sucesso? Uma família? Um amor? "Eu desaprovo o que você diz, mas defenderei at...