17 CAPÍTULO - AMARGA

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- Vocês foram duas irresponsáveis.

- Cinco irresponsáveis, Dinah. Vocês precisavam beber tanto?

- Camila, nós estávamos chateadas.

- E só resolvem bebendo daquele jeito? Poxa!

- Não nos culpe. Nós cuidamos dela. Do nosso jeito doido, mas cuidamos. E se eu não sou uma bêbada sem memória a senhorita também esteve bem alterada essa semana e ela te levou para casa sem reclamar.

- Eu sei, eu sei. Obrigada por cuidar dela. É que... Errei feio com ela e... e errei muito feio.

- Diga isso a ela quando a mesma acordar.

- Nós falamos coisas muito ruins uma para a outra ontem, Dinah. Não sei se ela vai querer me ver tão cedo assim.

O momento de inconsciência me permitiu sentir de maneira mais profunda os lábios delicados em minha face. Ainda que em total escuridão, os sentidos que me restaram, levaram toda a minha concentração para a pele que entrava em contato com a minha.

- Me perdoa, meu amor. – Senti suas mãos acariciarem meu rosto.

Aparentemente apaguei outra vez, sem nenhum domínio de estabilidade mental.

Abri meus olhos lentamente buscando por algum resquício de que eu estava viva. Minha cabeça latejou e não pude evitar um gemido de dor quando movimentei o braço, pelo que notei, engessado. O ambiente hospitalar recordou a razão de estar ali e observei o cômodo à procura de minha namorada, se é que ainda namorávamos.

- A miss bumbum foi em casa tomar banho. – Dinah estava sentada em um sofá próximo.

- Eu não ... – Senti minha garganta doer.

- Só 10 horas apagada, sapatânica. Mas você nos deu um baita susto. – Se levantou.

- Que horas...?

- Ainda é domingo, mais ou menos 10:00 da manhã. – Explicou e assenti.- Sei que você ainda está zonza, mas Camila não demora voltar e você precisa estar preparada.

- Obrigada.

- Vou dormir na sua casa hoje para te ajudar com esse braço. Você quebrou. Sua cabeça também levou uma pancada, mas só houve um pequeno corte. Tudo sob controle. – Falou mais para si, que para mim.

- A babá que sempre sonhei. – Sorrimos.

- Lauren, você nos deixou muito preocupadas. Fomos todas inconsequentes ontem e perder você seria o nosso fim. – Seus olhos lacrimejaram – É bom ter você aqui, mafriend. – Dinah me abraçou desajeitada na maca e nos permitimos chorar um pouco.

Um médico quebrou nosso momento e acompanhou meu quadro, informando que eu passaria por exames, mas logo saiu. Eu estava fraca e me restringi a ficar quietinha enquanto Dinah me observava, sem exigir muita conversa.

A porta do quarto foi aberta lentamente e uma Camila com olheiras profundas adentrou com uma rosa vermelha em sua mão. Ela sorriu abertamente ao me ver acordada e seus olhos brilharam. Eu não soube como retribuir aquele olhar, então apenas lhe encarei sem esboçar coisa alguma, me virei para Dinah que exalava seriedade ao observar Camila fechando a porta do quarto.

Minha amiga me consultou com o olhar para se assegurar de que estava tudo bem em permitir a entrada da delegada ali. Ao garantir que havia permissão de minha parte, dirigiu um semblante duro a Camila, mas se retirou do ambiente em silêncio, me deixando à sós com minha namorada.

Ela se aproximou timidamente sem me encarar e depositou a flor na mesa ao meu lado. Ainda de cabeça baixa, parecia buscar palavras para uma conversa amigável.

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