ELE

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— Max! Max! Max! — minha mãe gritava e chorava de forma desesperadora, ao lado dela uma enorme poça de sangue

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— Max! Max! Max! — minha mãe gritava e chorava de forma desesperadora, ao lado dela uma enorme poça de sangue. — Max! Max! O que você fez Max? O que você fez?

Ela chorava enquanto sua camisola branca de seda ficava vermelha por conta do sangue.

*

Acordei suado.

Os lençóis encharcados.

Sempre o mesmo pesadelo. Sempre aquela lembrança que eu queria tanto esquecer, mais uma lembrança que reforçava o quanto eu era um idiota filho da mãe com a incrível capacidade de arruinar a vida das pessoas.

*

— Você está bem?

— Estou sim — menti.

Minha mãe franziu a testa preocupada, ela podia farejar a mentira que saía dos meus lábios. Ela cruzou os braços e me fitou por alguns segundos. Minha mãe era uma mulher elegante, o tipo de mulher que espantava as minhas namoradas. Ela tinha uma postura perfeita, longos fios negros que serpenteavam em volta do seu rosto fino. Naquele momento ela estava com os braços cruzados sobre o casaco de cashmere branco, seus lábios em uma linha fina e uma sobrancelha arqueada.

— Tem certeza? Estou preocupada com você. Angélica me ligou e me contou que você não fala com ela há duas semanas. Ela está preocupada, disse que você desapareceu do clube, não responde as mensagens dela e dos seus amigos, nem no show daquela banda que você gosta você foi, o que está acontecendo?

— Nada. — Mentira, eu tentei seguir em frente, na verdade segui em frente facilmente, mas agora me dei conta de como eu sou um escroto. Como eu poderia viver a minha vida feliz em festas rodeados de amigos, enquanto Natasha apodrece no seu próprio desespero por minha culpa?

Senti uma apontada de dor no peito, a imagem dela feliz dançando a bela adormecida invadiu os meus pensamentos os tornando ainda mais sombrios.

— Eu te conheço Maximiliano. — Ela apontou o indicador para mim. — Pelo menos ligue para a Angélica e diga pra ela que você está vivo.

Bufei baixinho.

— Não vou ligar pra ninguém. Angélica sabe onde eu moro.

— Não seja cruel com ela — minha mãe me repreendeu, de certa forma ela estava certa, eu já era um monstro, não precisava destruir a vida de todos ao meu redor. — Ela te ama, faz de tudo por você. Você sabe que eu apoio muito o namoro de vocês. Você deveria dar mais valor a ela. Uma jovem que te ajudou tanto, que ficou com você naquele momento difícil.

O acidente. Angélica ficou o tempo todo do meu lado enquanto eu estava na delegacia. Ela ajudou abafar o caso, a imprensa nunca soube que um Cabrini esteve envolvido em um acidente de trânsito. Tudo foi abafado. Eu me perguntara se Natasha sabia sobre mim? Sabia o nome de quem havia destruído os seus sonhos?

— Vou falar com ela — garanti a minha mãe que sorriu vitoriosa. Ela estava certa, Angélica não tinha culpa de nada do que estava acontecendo.

Minha mãe começou a andar pelo meu apartamento o inspecionando. Eu gostava do lugar, não era enorme como a casa onde eu morava com a minha mãe, tinha o tamanho adequado para um homem adulto, solteiro e sem filhos. Minha mãe havia decorado o lugar, mas eu insisti em algo simples, por isso tudo era branco, a mobília, a cor das paredes, o enxoval. Eu queria que o apartamento fosse iluminado justamente para que as cores que dançavam pelos meus quadros se sobressaíssem.

Minha mãe atravessou a sala em direção a cozinha, ela assentiu ao abrir a geladeira e o armário e ver que estava cheio de alimentos.

— Gostei de ver. Agora ficarei mais tranquila em saber que você está se alimentando bem, entretanto não acha que é muita comida?

— Você sabe que eu como bem — discordei dela dando um leve sorriso no canto da boca.

— Acho que está na hora de contratar uma faxineira pra cuidar da casa. Talvez até alguma funcionária fixa que possa cozinhar pra você, limpar o apartamento e lavar as suas roupas.

— Não preciso disso — falei. — Eu mesmo cozinho, e lavo as minhas roupas em uma lavanderia aqui da esquina.

— Mesmo assim. — Minha mãe passou o indicador lentamente no armário e depois o ergueu com a testa franzida mostrando para mim a sujeira em seus dedos.

— Nem sempre consigo limpar a casa — eu disse tentando me justificar. —Tenho que terminar os quadros para poder mandar para a galeria, tenho que cumprir prazos.

— Eu sei, por isso insisto em contratar alguém que possa cuidar de você.

— Não quero nenhum estranho na minha casa.

— Não seja bobo! Eu não contrataria um estranho, você sabe como eu sou? — Ela deu uma piscadela.

Pensei um pouco, talvez seja uma boa ideia pagar alguém para cuidar do meu apartamento. Pensei um pouco mais, passei a mão entre os meus cabelos e suspirei cansado pois mal havia dormido na noite passada.

— Tudo bem, você pode procurar alguém.

Ainda Não AcabouOnde histórias criam vida. Descubra agora