Afastei a morena imediatamente dos meus braços assim que vi Natasha atrás das árvores. Sério? O que eu estava pensando?
Estava meio bêbado naquela noite. Eu não queria ter ido naquela festa. Não queria estar ali. Comemorando o aniversário de casamento dos meus pais. Um casamento marcado por brigas e agressões verbais. Porque sim. O meu pai era um agressor. Ele sempre humilhava a minha mãe. Sempre a manipulava. Sempre dava um jeito de a diminuir. Tirou dela tudo o que ela tinha. Minha mãe era médica. Tinha um futuro brilhante pela frente. Uma carreira e um brilho nos olhos que só uma mulher realizada consegue ter. Ele tirou isso dela. A obrigou a abandonar o emprego. Utilizou de um milhão de argumentos falsos para tirá-la do trabalho. Ele era um homem manipulador e me doía ver que a minha mãe não enxergava isso. Aliás ninguém enxergava os defeitos do meu pai. Apenas eu via o quanto ele era um péssimo marido para a minha mãe. E vê-lo na festa recebendo atenção e carinho das pessoas como se ele fosse um homem perfeito fez o meu sangue ferver.
E ver Natasha também não ajudou muito. Ela mexia comigo de todas as maneiras possíveis. E eu me sentia sujo ao desejá-la assim. Eu havia conversado com o meu advogado e tínhamos bolado um plano para ajudar Natasha e sua família. Eu faria o possível para vê-la feliz, mas morria só de ter que contar para ela. Então decidi que não iria me expor, que o meu advogado iria procurá-la e tudo estaria resolvido. E que eu nunca mais iria vê-la. Não iria mais permitir as faxinas no meu apartamento, e não iria mais até a cafeteria que ela trabalhava e muito menos iria até a sua casa e ficaria de longe a observando. Isso era doentio e nada saudável para mim e para ela. Ela já estava destruída não precisava que eu a destruísse ainda mais. Natasha merecia uma vida melhor e um homem melhor. Ela merecia ser feliz e eu faria o impossível para que isso acontecesse mesmo que significasse arrancá-la de vez da minha vida.
— Você está estranho — Luiz disse para mim enquanto bebíamos. Eu havia trazido ele para a festa comigo, precisava de uma companhia que não fosse Angélica, ela era outra que eu havia decidido deixar para trás, porém por ironia do destino elas estavam na festa, Angélica e Natasha, a primeira eu já esperava, era amiga da minha mãe, mas Natasha, o que ela fazia aqui? Vê-lá fez o meu corpo todo estremecer e era nítido a minha obsessão por ela, eu não conseguia parar de olhá-la.
— É uma longa história — eu disse a ele.
— Pare de olhar para a garçonete. — Ele riu. — Está deixando a moça constrangida.
Então era tão óbvio assim a minha paixão pela Natasha? A faísca que cintilava por entre nós? Respirei fundo e tentei me manter são, mas a minha vontade era de ir até ela e beijá-la.
Estava sufocado respirando o mesmo ar que Natasha. Por isso bebi tanto para esquecê-la que não percebi e nem me lembrei exatamente quando foi que entrei naquele jardim com aquela morena. Não fazia ideia de quem era aquela mulher, mas quando a beijei desejei que ela fosse o meu pássaro de asas quebradas, mas então eu abri os olhos e vi o meu passarinho observando aquela cena com ódio em seu rosto. Ela estava com raiva de mim. Natasha sentia o mesmo por mim? Ou aquilo era um delírio? Afastei a moça misteriosa dos meus braços e balbuciei algo, cambaleei e tentei correr atrás de Natasha com a voz fraca, sentindo-me um covarde. O que eu estava fazendo da minha vida? Passava os meus dias fugindo e correndo daquela mulher. Não queria que ela sentisse raiva de mim, porque ela teve que ver aquela cena? Por eu insistia em machucá-la?
Tropecei enquanto ia atrás dela. Natasha não me viu, mas o meu pai sim e aquilo foi humilhante.
— Está bêbado, não está? — ele indagou furioso, estava sozinho e eu acanhado como uma criança pequena por estar perto dele sem a minha mãe e sem ninguém para me proteger. — Você sempre está bêbado ou fazendo alguma merda. Está com cara de quem acabou de fazer alguma.
Eu continuava no chão tremendo feito um covarde. Eu não tinha forças para enfrentá-lo. Encarei o chão o rosto vermelho cheio de derrota.
— Levante do chão e fale comigo como um homem de verdade! — ele gritou raivoso. — Você não se cansa de nos fazer passar raiva? Você destruiu a minha vida! Destruiu a vida da sua mãe! É um filho da puta covarde. Eu daria tudo pra nunca mais ter que olhar para a sua cara! Mas a sua mãe é boa demais com você. Só tolero a sua presença por causa dela.
Eu sabia que ele me odiava, mas sempre que ele dizia isso era duro demais escutar. Era terrível demais e eu quis desaparecer naquele momento para sempre. Eu quis acabar com tudo.
— Levanta seu covarde asqueroso! — ele gritou mais dessa vez ergueu a mão para me bater. Ele ia me bater se outra mão não o segurasse antes.
— O senhor não vai machucá-lo. — O comando de Natasha deixou o meu pai horrorizado.
Gente, amanhã tem mais capítulo ♥
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Ainda Não Acabou
ChickLitNatasha não sabe, mas foi Max quem destruiu os seus sonhos. Foi ele quem arruinou a sua vida e a condenou a viver uma vida vazia, sem perspectiva e sem um futuro. Agora Max terá a chance de consertar um grande erro do passado, e Natasha terá a chanc...