ELE

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 — O que está acontecendo com você, Max? Por que você está tão distante?

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 — O que está acontecendo com você, Max? Por que você está tão distante?

— Não ando me sentindo muito bem.

E aquilo era verdade. Nos últimos dias sentia como se um trator tivesse passado por cima dos meus ossos. Meu corpo inteiro doía em especial o meu coração. O fato de não ver Natasha há um bom tempo tem me enlouquecido aos poucos. Eu queria saber como ela estava. Eu estava disposto a limpar a merda que eu havia feito, mas agora Natasha havia desaparecido como se fosse feita de fumaça. O que eu deveria fazer agora? Ligar para o meu advogado e pedir informações sobre o caso? Uma parte de mim desejava isso, mas a outra era covarde demais. Natasha me olhava de uma maneira suave e inocente. No momento em que ela saber o que eu fiz o ódio preencherá o seu olhar. E eu não quero que ela sinta ódio de mim. Eu sei que mereço pelo o que eu fiz, mas a vida me ensinará e eu carregaria esse peso na consciência até o meu último suspiro. Eu estou pagando a minha dívida. O diabo vive me rodeando lembrando-me quem eu sou de verdade. Um filho da mãe, cujas mãos são malditas. Tudo o que eu toco se dissipa, derrete como um bloco de gelo exposto no sol do verão. Mãos malditas que apertam e corroem o coração mais puro.

Estou pagando pelos meus pecados. Porém, a sensação de que eu não devia ter nascido estava atrelada a mim. Natasha não foi a primeira a sentir o peso da minha alma obscura. A sentir o sabor do meu veneno.

Apertei os meus olhos com força. A minha garganta estava seca. A pele molhada de suor frio. Eu sentia as minhas pálpebras pesadas de sono. Há dias eu não dormia. Quando fechava os olhos via Natasha. As vezes me pegava dentro do Uber pedindo para que o motorista me conduzisse para o bairro onde ela morava. Eu não sabia aonde era a sua casa, mas sabia o bairro. Tinha estado com ela naquele ônibus na noite do nosso reencontro. Perambulei aquelas ruas tantas vezes a procura do seu cheiro, dos seus cabelos dançando ao vento, mas não a encontrei naquelas sujas e esburacadas ruas.

"Você deve parar, Max. Deve deixá-la ir embora junto com o seu passado" uma voz sussurrava no meu ouvido todas as vezes que eu adentrava no Uber para o meu passeio matutino pelo o bairro de Natasha. Com o passar dos dias os meus passeios se tornaram vespertinos e noturnos, mas nada do perfume dela.

O pânico invadiu os meus poros e eu me dei conta de que talvez eu nunca mais a visse. Só a ideia me deixava desesperado e atormentava os meus sonhos os transformando em pesadelos. Eu precisava vê-la. Mesmo que eu não consiga dizer uma palavra. Eu precisava.

Então, Deus ouviu as preces de um miserável e a colocou na minha frente. Eu quase morri com a visão daquele fantasma, era o fantasma mais belo e amargo que eu já vira.

Angélica fazia tantas indagações. Eu era tão grato. Havia um forte sentimento de gratidão entre nós. E nada mais. Apesar de ela desejar o contrário. Eu enxergava esse anseio através dos seus olhos verdes. Mas como eu, um homem amargurado poderia amar com várias pedras sufocando o meu coração?

Eu a libertei, mas ela não queria se livrar de mim. Por isso me encurralou e me fez ir até a cafeteria. Angélica queria me ajudar e acabou me ajudando mesmo. Trouxe-me para o meu passado.

— O que vocês vão pedir?

Natasha perguntou tão tímida, as bochechas rosadas evitando olhar para mim. Ela me reconheceu. O seu cliente misterioso do mercado, era assim que ela me via e não como o desgraçado que lhe arrancou uma perna e junto com ela a sua vida.

— Eu gostaria de um café expresso, por favor. — Angélica pediu.

Natasha anotou o pedido e os seus olhos cruzaram com o meu. Não consegui emitir nenhum som. Travei. Seria uma miragem? Não consegui respirar. O coração batia rápido demais. Acho que ela percebeu o meu mal-estar quando eu não disse nada, quando Angélica pediu para ela trazer um copo d'água para mim.

— Não quero água — eu disse a Angélica assim que Natasha se afastou. — Preciso ir embora.

Eu fui. Assim como anos atrás fui um covarde.

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Estão gostando do livro? Convidem os amigos para ler! Obrigada por me proporcionarem uma noite de domingo maravilhosa! Se preparem que as coisas vão começar a pegar fogo, preparem-se para os próximos capítulos ♥

Ainda Não AcabouOnde histórias criam vida. Descubra agora