ELA

1.2K 124 11
                                    

Eu estava suando muito. Estava com medo de ficar toda encharcada quando Max chegasse. Ele havia me mandado uma mensagem. Eu não estava acreditando que tudo aquilo fosse real. Max agora tinha o meu número. Ele me mandava mensagens. Assim como eu também tinha o número dele. Ontem de madrugada ele me mandou:

Não estou conseguindo dormir. Ansioso demais para amanhã.

Com o coração acelerado, me sentindo uma boba eu apanhei o celular enquanto Tália descansava e digitei com as mãos trêmulas, pensando em um milhão de coisas que eu queria digitar.

Eu também, não paro de pensar em você.

Porém, achei que essa era uma mensagem reveladora demais. Fazia tempo que eu não namorava. Desde de o acidente eu não saia com ninguém. Eu achava que nunca mais iria gostar de ninguém, mas eu ainda me lembrava de que eu não poderia demonstrar interesse demais ou ser difícil demais. Eu tinha que ser acessível, mas não tão acessível, isso era complicado, mas eu tinha que tentar não ser tão reveladora. O que provavelmente não estava dando certo porque toda vez que Max me olhava eu parecia um picolé derretido. Apaguei a mensagem anterior e digitei novamente:

Eu também.

Pronto. Não era tão reveladora, mas demonstrava interesse na medida certa. Fiquei observando a mensagem e assim que eu enviei Max visualizou. Ele não escreveu mais nada depois e não estava mais online, mesmo assim eu fiquei como uma idiota a madrugada inteira esperando ele falar comigo novamente, mas isso não aconteceu.

Tirei breves cochilos durante a noite, ainda bem, pois eu não queria estar com o rosto de zumbi no dia seguinte. O encontro seria de dia e eu estava ansiosa demais, já estava planejando tudo na minha cabeça, criando um roteiro de cada fala e cada gesto que eu iria fazer e falar. Eu sabia que eu iria falhar miseravelmente, mas eu esperava que desse tudo certo. Que o almoço fosse melhor do que pareceu nos meus sonhos e de que Max me beijasse. Eu queria que ele me beijasse. Estava esperando por isso como uma criança esperando o presente de natal. Mas então as dúvidas e a insegurança foram ocupando a minha mente. E se ele me achasse feia a luz do dia? E se ele me beijar e eu acabar beijando mal, pois eu não beijava a séculos. E se eu mordesse a língua dele? E se o beijo fosse molhado demais? E se eu estiver fedida? E se eu estiver com mau hálito? E o pior de tudo e se ele não quiser me beijar? Balancei a cabeça tentando afastar essas indagações bobas. Eu estava parecendo uma adolescente que nunca havia saído com um cara. Tudo bem que a minha vida amorosa inteira se resume ao Victor. Eu só saí com ele. Só namorei com ele. Não sabia nada sobre outros rapazes. Eu estava tão focada no ballet que nunca me importei. Pergunto-me se eu realmente fui apaixonada pelo Victor um dia. Eu não me lembrava de ficar nervosa na véspera dos nossos encontros. De ficar nervosa perto dele. De ter tantas dúvidas e inseguranças ao lado dele. De o meu coração ficar acelerado de uma forma tão assustadora que eu começasse a achar que iria ter um infarto. Victor sempre foi uma relação segura e estável. Ele era uma lagoa tranquila e serena. Max era um vulcão. Uma tempestade. O caos. E eu gostava mais da bagunça do que do silêncio. Fiquei tantos anos no silêncio do vazio profundo que eu ansiava agora pela bagunça, pelo barulho, pela emoção. E Max me causava tudo isso. Aquela sensação de adrenalina no corpo. Eu não fazia ideia do quanto eu precisava disso.

Mas outras coisa rondava os meus pensamentos. Eu vi o jeito como Max beijou aquela morena na festa. Eu também o vi no dia dos namorados com a tal de Angélica. Ele não era um homem que se contentava apenas com beijo. Ele queria algo mais. Ele não era um homem como o Victor. Príncipe encantado que espera a mocinha. Ele era o lobo mau. A pergunta que martelava a minha cabeça era: Eu estaria disposta a isso? Minha cabeça dizia que eu precisava de mais tempo. Mas o meu corpo o desejava. E eu sentia que não o recusaria.

Ainda Não AcabouOnde histórias criam vida. Descubra agora