Amora

Capítulo Onze

O universo conspirava para transformar aquele momento em pura magia. Mesmo depois de tantas decepções Amora era uma romântica incurável, e tudo aquilo estava sendo um sonho para ela. Por tanto tempo ela esperou seu príncipe; por tanto tempo ela desejou ouvir aquelas palavras, e agora era real. Em meio às flores que ela tanto gostava, sob uma lua de fazer inveja, ela recebeu sua primeira declaração de amor.

  - Apaixonado? - ela respondeu incrédula.

  - Eu sei que é precipitado. Por favor, não se assuste, nem fuja de mim. - apressou-se em dizer - O tempo é diferente pra mim. E, de qualquer forma, eu passei a vida esperando alguém como você. Esperando o meu anjo! - Pegou uma das mãos da moça - Você é perfeita pra mim, e eu não posso, e não vou, deixar você ir. Eu sinto que você quer ficar!

  - Eu quero! - respondeu com um sorriso tímido - Mas não sou tudo isso. Não sou isso! - afirmou, olhando ao redor - Eu não tenho etiqueta, eu sou dona de uma lanchonete, nada mais.

  - Você é tudo que eu preciso! - afirmou, olhando nos olhos dela como se esperasse uma resposta.

  - Sabe... - ela disse, segurando a mão dele entre as dela - tudo isso, essa noite, é um conto de fadas que se torna real. Eu ainda não sei se isso está mesmo acontecendo mas, eu preciso muito que você me beije agora!

Tiago sorriu, e soltou a respiração que havia prendido sem perceber. Envolveu o rosto de Amora com as mãos, e ainda sorrindo se aproximou, e beijou. Era o conto de fadas se tornando mais real do que ela jamais imaginou, e a melhor parte era a certeza de não ter que sair correndo à meia noite.

O fato é que havia paixão ali. Ainda não se sabe sobre amor, mas eles desejavam um ao outro, desejavam estar perto um do outro, era claro, e mútuo. Não era natural para ela se jogar numa situação assim, mas havia algo ali que a impulsionava, havia um magnetismo, e ela não podia resistir. Ela não queria resistir. As carícias, aquele céu, era inebriante demais, era perfeito demais para ignorar.

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O sol ilumina o rosto de Amora, o que a faz acordar. Mas antes de abrir os olhos, numa fração de segundo, ela pensa "mas não bate sol na minha cama", e então sorri ao se lembrar de onde está. Gira o corpo e vê Tiago a seu lado, dormindo. Feições tranquilas, lábios bem desenhados, maçãs do rosto proeminentes, ombros largos, peito musculoso, ela apenas observa até que ele, por fim, também acorda. Olha para o lado e sorri quando a vê.

  - Me olhando dormir, senhorita?

  - Você dorme como um anjo. Tão tranquilo!

  - Depois de alguns perrengues a gente aprende a valorizar os bons pensamentos. - ele diz, e ao ver a interrogação no rosto da moça resolve mudar o assunto - Tá com fome?

  - Muita! - ela responde, alegre como uma criança. - Quer que eu prepare algo?

  - Nada disso, madame. O café hoje é por minha conta! - diz, já se levantando. - Vou tomar um banho antes do café, me acompanha? - diz ele sorrindo ao vê-la corar. - Adoro quando você fica vermelha! - conclui, indo para o banheiro.

Ela se deita novamente ainda sem acreditar no que está acontecendo. Felicidade. Há tanto tempo não se sentia assim! Em pouco tempo ela vê Tiago voltando com uma bandeja, e pensou em pão, geléia e café, mas foi surpreendida por algo muito melhor. Num canto da bandeja havia um pequeno jarro com pequenas flores de laranjeira, ao lado um copo de suco de laranja, uma xícara com um café decorado belíssimo, e um pratinho com waffle e mel. Era um pequeno banquete.

  - Meu Deus! Foi você que fez isso tudo? - perguntou, perplexa.

  - Não achou que eu fui convidado atoa para a amostra de ontem, acha? - disse ele, mordendo um pedaço da da torrada que ela segurava. - Sou cozinheiro, amor! - e deu um piscadinha.

  - Cheff de cozinha?

  - Cozinheiro! - enfatizou, colocando um pedaço de waffle na boca dela.

  - Nunca ninguém cuidou de mim assim.

  - Acostume-se! - e deu um beijo suave na testa dela - Agora preciso buscar café pra mim também, né! - disse sorrindo - Essa parte os filmes românticos nunca mostram!

Sozinha no quarto, com aquela bandeja linda, ela sentiu medo e quis fugir. "Não, Amora. Nada de pânico!" pensou, enquanto seu olhar perdido vagava pelos cantos do aposento.

  - O que houve? - perguntou Tiago, parado à porta - O café está ruim?

  - Não, está tudo perfeito! - ela sorriu.

  - Então...?

  - Perfeito demais! - ela disse - Tudo perfeito demais. Tô com medo! - e escondeu o rosto entre as mãos, arrependendo-se do que acabara de dizer.

  - Ei! - chamou baixinho, tirando as mãos dela do rosto - Medo de quê?

  - Disso acabar. De você partir. Deixar de me querer.

  - Amora, eu não quero você simplesmente, eu amo você! Se ontem ainda tinha alguma dúvida, ela acabou, e isso não vai mudar! - disse calmamente, olhos nos dela - Não importa o que aconteça, vou sempre amar você. Pra sempre!

"Não importa o que aconteça" essas palavras soaram quase como um aviso, e ela teve medo. Por alguma razão ficou agitada, e toda aquela paz que havia sentido se foi. Ela queria sair dali. Precisava pôr os pés no chão, e pensar. A noite tinha sido perfeita; um conto de fadas, de fato, mas a realidade cobra caro, e ela tinha medo do preço a pagar.

  - Eu preciso ir.

  - Agora? - disse ele, surpreso - Mas por quê? Eu disse algo errado? Fiz algo errado?

  - Não. Você foi perfeito. Você É perfeito! Eu só preciso voltar pra minha realidade. Tenho que trabalhar. - mentiu.

Levantou-se, vestiu-se, o beijou com a intensidade de um último beijo, e se foi. 

***

O quê?
Como?
Hein?

Amora, sua louca, o que foi isso?? Alguém pode me explicar? Me ajuda aí gente, porque eu tô boba aqui!!

E não se esqueçam de deixar aquela estrelinha amiga! ;)