You walked in
Lua narrando:
Demorou mais do que eu imaginava, mas a ficha finalmente havia despencado sobre mim como se seu objetivo fosse me esmagar: Daniel estava a estados de distância de mim. Eu sei que parece muito idiota isso, considerando que eu estava lá pra receber a notícia de que ele tinha ido embora sem que eu pudesse me despedir, mas na minha cabeça insana ele estava apenas de férias, logo estaria de volta. Mas ele não está de férias, e não há data de retorno. E isso dói mais do que deveria.
Ficar longe da pessoa amada é muito ruim. Ficar imaginando o que a pessoa estaria fazendo, com quem estaria, se estaria pensando em você... É muito agoniante! Não sei porque, mas contato físico parece mais confiante do que virtual. Acho que sei como amigos e namorados virtuais se sentem. Antes eu achava que o amor diminuia de acordo com a distância, mas eu me enganei. Ele se torna maior do que seu coração pode aguentar, e mais agonizante também. Ficar longe dele só estaria pior se eu não pudesse conversar com ele por mensagem e as vezes por vídeo chamada.
ㅡ Lua, você escutou? ㅡ perguntou Lucas estalando os dedos na frente da minha cara.
Olhei em volta me localizando no ambiente depois de me perder em pensamentos. Eu estava no quarto do Lucas, que estava mais bagunçado que o habitual. Gabi estava jogada na cama mexendo no celular, com um sorriso quase imperceptível, e Lucas estava sentado em cima da mesa em que estava seu notebook, alguns livros e alguns cadernos. Eu estava em pé ao seu lado.
ㅡ Não, desculpa. O que você disse? ㅡ respondi.
ㅡ Eu disse que o Henrique vai dar uma festa e mandou convidar vocês, a Gabi disse que vai junto com o Gustavo. Você vai também?
ㅡ Quem é Henrique? ㅡ perguntei procurando o nome na memória.
A Gabi se pronunciou antes do Lucas.
ㅡ Lua, onde você estava nos últimos cinco meses? Meu Deus, Lua, o ano está quase acabando e você ainda está assim por ele. O Lucas não para de falar nesse Henrique a eras! Você lembra do menino da sorveteria? Então, ele se chama Henrique e está de rolo com o Lucas. Aliás, seu nome é Luara, ok? E você está na Terra, junto com os seus amigos, na casa de um deles. Mas você tem sua propria casa, onde você mora com os seus pais, e você tem uma irmã que saiu de casa faz um tempo. Você tem 17 anos e...
ㅡ Tá bom, tá bom! Eu entendi que é pra prestar mais atenção. ㅡ eu disse interrompendo o exagero da Gabi.
ㅡ Que maravilha! Então, amanhã a gente passa na sua casa lá pelas sete pra te buscar, ok? ㅡ disse o Lucas dando "pulinhos" na mesa, fazendo eu temer que a mesa quebrasse.
ㅡ Me buscar pra que? ㅡ perguntei confusa.
ㅡ Ah, Lua! ㅡ Gabi gritou e tacou o travesseiro na minha cara.
ㅡ Ué, gente. ㅡ resmunguei pegando o travesseiro e tacando nela de volta.
~🎶~
Enquanto minha mãe repetia regras sobre voltar cedo, virgem e sóbria, e meu pai apenas via um programa de culinária na TV, eu olhava para a última mensagem que mandei para o Daniel, que foi vista e ignorada com sucesso. Fazia quase vinte horas que eu a havia mandado a mensagem ㅡ sim, eu contei ㅡ e minha imaginação ia desde da suposição de que ele estaria muito doente a ponto de nem poder mexer no celular, ao pensamento de que ele estaria com outra.
ㅡ Você está me escutando, senhorita Luara? ㅡ perguntou minha mãe diante da minha falta de atenção.
ㅡ Oi? Sim, mãe, claro! ㅡ respondi sem fazer ideia do que ela havia dito.
ㅡ Eu quero você nessa casa até meia noite, entendeu? Nem um minuto a mais, senão você só sairá dessa casa novamente quando o inferno congelar, não é verdade querido?
Meu pai, que estava anotando a receita de algum prato bonitinho, disse apenas:
ㅡ Sim. ㅡ depois pareceu confuso com o que escrevia ㅡ Ela disse pra botar cebola ou cebolinha?
ㅡ Meia noite. ㅡ repetiu minha mãe ignorando a dúvida do meu pai.
Palmas estridentes foram ouvidas do lado de fora de casa e uma voz conhecida até demais gritou:
ㅡ Ô, de casa!
Me despedi dos meus pais ㅡ na verdade, só da minha mãe, já que meu pai estava se perguntando se era cebola ou cebolinha e não me notou ㅡ e fui pra fora de casa, onde o Lucas, a Gabi e o Gustavo me esperavam.
ㅡ Pronta pra melhor festa da sua vida?! ㅡ exagerou Lucas dando pulinhos.
Assenti de leve rindo da sua empolgação.
ㅡ Nossa, Luita! Parece até que a gente vai num enterro com essa sua animação ai.
ㅡ Vamos logo, antes que a comida lá acabe. ㅡ disse Gabi apoiada no ombro de Gustavo.
Então fomos andando até a casa do Henrique que era surpreendentemente perto da do Lucas, embora nunca termos visto ele antes. Talvez tenha se mudado, ou sei lá. A casa estava cheia, como se todos os adolescentes da cidade estivessem ali. Pude reconhecer algumas pessoas da minha própria sala ali, enquanto seguia Lucas que estava procurando por Henrique. Vi Paulo e Tiago fazendo bobagens pra impressionar algumas garotas em um canto perto das bebidas, pra variar.
Lucas logo achou Henrique e desapareceu com ele, assim como Gabi e Gustavo. Eu não estava nem um pouco a fim de interagir com alguém, então fiquei o mais distante que pude. Achei um canto do jardim dos fundos sem ninguém por perto e me sentei, curtindo a música e olhando pro celular a cada cinco segundos, na esperança de ter sido respondida.
As músicas que começaram sendo animadas e "dançaveis" agora eram românticas ou tristes e reflexivas. Eram muito boas para os casais apaixonados que aproveitavam de qualquer situação pra começarem a se agarrar. E parece haver muitos desses casais no meu campo de visão.
Percebi uma estranha movimentação dentro da casa, como se estivesse tendo uma briga. Com medo de que fosse a Gabi brigando com alguem, ou sei lá, me levantei e fiquei na ponta dos pés pra poder ver alguma coisa, porém Lucas veio correndo na minha direção junto com a Gabi fazendo eu me destrair.
ㅡ Lua! LUAAAAA! A gente estava te procurando a um tempão, mulher! Onde você se meteu?! ㅡ perguntou Lucas eufórico.
ㅡ Não faz pergunta óbvia, seu idiota. ㅡ Gabi disse lhe dando um tapa na nuca ㅡ A gente tem uma coisa importante pra falar, lembra?
ㅡ O que foi, gente? ㅡ perguntei com medo do que poderia ser.
ㅡ O Daniel está aqui, Lua, e ele está te procurando. ㅡ Lucas disse me segurando pelos ombros.
Olhei novamente para onde tinha a movimentação estranha com o coração batendo mais acelerado do que eu achei que seria possível. Na porta estava Daniel cercado de algumas pessoas que não reconheci de imediato, e quando nossos olhares se encontraram foi como se o mundo ao redor tivesse congelado.
~🎶~
E assim termina essa história maravilhosa que ninguém leu de verdade, só adicionou na biblioteca e esqueceu da existência.
Como foi ler isso? Pra mim foi muito bom escrever, mesmo.
MENTIRA! AINDA NÃO ACABOU!
Acho que tem mais um ou dois capítulos, ainda não me decidi, mas esperem o próximo capítulo em breve, porque eu comecei a escrever ele assim que terminei esse.
Bye, kiwis.
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Como (Não) Conquistar A Minha Irmã
Ficção AdolescenteDaniel é um garoto problema para quem vê a ficha escolar dele, ele vai para a diretoria por pelo menos três vezes na semana em meio ano. Mas só ele e o melhor amigo sabem que o motivo de Daniel aprontar tanto assim é Melissa, a estagiária responsáve...