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Minhas amigas e eu costumávamos sair do campus para almoçar, por isso não foi difícil ficar para trás com a desculpa de fazer uma prova
substitutiva.

Também não foi difícil descobrir onde Halie e o namorado
estavam reunidos com alguns amigos, ao lado dos banheiros químicos
vazios, que, teoricamente, não deveriam ser usados na hora do almoço.

Eu estava segurando o papel com o meu telefone. Não queria admitir
quantas vezes tinha escrito o número para criar o efeito perfeito, um mistode casualidade e deliberação. Eu nunca tinha feito nada parecido por
nenhum outro garoto. Isso só aumentava minha frustração com toda essa história.

Eu só precisava falar com ele, descobrir quais tinham sido suas
motivações na noite do baile e tirá-lo da cabeça, então estaria encerrado.

Lee e outra garota riscavam um jogo da velha com gravetos no chão de
areia.

— Oi, Halie. Oi, Nate — falei ao me aproximar. Precisei de dois anuários e uma hora e meia de investigação para descobrir o nome de Nate, mas
consegui.

Ele não pareceu impressionado com o meu esforço. Só me cumprimentou com um aceno da mão que segurava a maçã meio comida.

Halie nem ergueu os olhos dos rabiscos.

Mostrei o pedaço de papel.

— Queria que você entregasse isto aqui para o seu irmão..

Halie levantou a cabeça e perguntou:

— Meu irmão?

— Isso. Pode entregar para ele?

Ela riscou um X no jogo da velha no chão.

— Não.

— Por favor.

— Ah, bom, agora que você pediu com educação... não.

A amiga dela riu.

— Ah, olha só, é a Florence Montgomery. Você disse para o nosso amigo que a banda dele é uma merda e que ele devia procurar outro hobby.
Arfei.

— Eu não!

— Ah, é verdade. Foi sua amiga Jules que falou, e você riu. Dá na
mesma.

Lembrei. Tinha sido no fim de um longo dia de bandas interessadas em
tocar no baile de formatura. Aquela era a quinta banda horrível seguida, e a minha cabeça estava doendo muito. Jules, que havia se oferecido para ser
uma das juradas e conseguira ser simpática até então, não pôde segurar o comentário. Eu ri. Todos rimos. Eu não devia ter feito isso. Devia ser essa a grande ofensa a que Lee se referira no dia anterior.

— Ah... desculpem. Eu estava com dor de cabeça.

— Não é para mim que você tem que pedir desculpas. Não foi o meu
sonho que vocês destruíram. — Ela olhou para Nate como se esperasse
algum comentário. Talvez achasse que ele também tinha que ficar furioso comigo. Mas ele não ficou.

— Certo — falei e abaixei a mão, ainda com o pedaço de papel com o
meu telefone.

Halie desenhou um novo jogo da velha na areia, ignorando mais que o
pedaço de papel. Nate deu mais uma mordida na maçã e sorriu para mim,
mas deu de ombros como se dissesse: “Que azar”.

— Vejo vocês na aula amanhã, então.— Guardei o papel no bolso da
calça e me afastei ouvindo mais gargalhadas. Parece que não tinha
problema quando eram eles que debochavam.

***

— Posso usar o carro para ir ao colégio amanhã?

A mão da minha mãe congelou no ar a caminho do copo no armário.

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