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— Por que você está se desculpando?— perguntou o Bradley substituto.

— Não sei nem qual é o seu nome verdadeiro.

Ele riu, uma risada baixa que eu pude sentir em seu peito. Depois se
inclinou, e seu hálito afagou minha orelha quando ele disse:

— Meu nome é Bradley.

Levantei a cabeça, assustada.

— Sério?

Ele negou com a cabeça.

— Sou um ator metódico. Tenho que incorporar o personagem.

— Você é ator? — Eu não teria me surpreendido. O cara era mesmo
bom nisso.

Ele olhou para cima, como se estivesse pensativo:

— Você não me contou essa parte. Sou?

Bati em seu peito e ri.

— Para.

Ele olhou por cima do meu ombro, para onde minhas amigas ainda
estavam.

— Belas amigas.

— A maioria é legal. Só a Jules que fica sempre tentando me excluir.

— Por quê?

— Não sei. Talvez ela me veja como a alfa da alcateia e ache que só tem
espaço para uma sem ter que recorrer ao canibalismo.

— Vou interpretar essa analogia esquisita com os lobos e deduzir que
ela quer ser a líder do grupo.

Dei de ombros e olhei para o outro lado do salão, onde a Jules tinha
enroscado o braço no de Claire e dizia alguma coisa para ela.

— É a única coisa em que consigo pensar. Ela é a principal razão para eu precisar de você aqui hoje. A Jules acha que eu estava mentindo. Eu não
quis dar mais munição. Ela já tem o suficiente sem a minha ajuda.

O substituto ergueu as sobrancelhas. O que, eu já estava aprendendo,
ele gostava de fazer.

— Então, se ela descobrir que você está mentindo...

— É, entendi. É exatamente o que eu estou fazendo agora, e não estava
fazendo antes. Mas ela achava que eu estava mentindo. Se eu tivesse
entrado aqui sem você, teria sido o fim.

— Você não acredita que as suas outras amigas gostem de você o
suficiente para impedir que ela faça isso?

— Elas gostam de mim. Mas a Jules está empenhada nisso há dois meses.
Ela realmente acha que tem alguma coisa contra mim. Tem certeza de que escondo alguma coisa. Eu precisava desta noite.

— Bom, se você é a alfa, por que não chuta essa garota para fora do
grupo?

Eu já tinha pensado muito nisso. A principal razão era que eu não
acreditava ser a líder, por mais que a Jules me visse nessa posição. Mas havia outra resposta, aquela que eu só admitia nas noites mais sombrias:

se eu pedisse para todo mundo escolher, elas poderiam preferir a Jules. Por maior que fosse a confiança que eu aparentava ter, minha preocupação era que as pessoas não gostassem realmente de mim. E talvez estivessem certas em não gostar. Mas eu não ia contar isso a ele. Já tinha exibido fraquezas demais em uma noite só.

— Porque eu não sou uma doença contagiosa.

— O quê?

— Às vezes eu chamo a Jules de doença contagiosa. Mas esse é o ponto... Acho que não quero ser essa garota. A que precisa expulsar alguém de um grupo. Tenho torcido para encontrarmos um jeito de conviver, assinar um tratado de paz, definir um território neutro, sei lá. — Apesar dos outros motivos para eu temer criar confusão, esse também era verdadeiro. Eu queria mesmo que a gente se desse bem.

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