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Drew estava sentado no sofá da sala quando entrei em casa. Suspirei. Não
queria que ele levasse embora a felicidade que eu estava sentindo depois de ter passado a última hora com Brandon.

— Eu disse que você estava de castigo — ele falou.

— Depois de quase dezoito anos sem nunca ter tido essa experiência, eu
não sabia como funcionava.

— Onde você estava? Tentei encontrar alguma dica do seu paradeiro no Twitter, mas o silêncio nas redes sociais já dura trinta e seis horas. Quase mandei uma equipe de busca atrás de você.

— Agora você virou um babaca que acha que pode me julgar.

Drew deu de ombros.

— Sempre fui. Pensei que isso estivesse claro. O que aconteceu?

— Estou tentando ser uma pessoa melhor. De vez em quando dá certo.

— E aquele monte de mentiras? Faz parte de ser uma pessoa melhor?

— Não, aquilo foi o começo da jornada.

— Entendi. Bom, me avisa como funciona, e eu vou decidir se quero
experimentar.

— Até agora, perdi algumas amigas, o colégio inteiro está me olhando
feio e o meu irmão acha que sou amoral.

— Na verdade, o seu irmão está impressionado por você saber o que
significa “amoral”. — Ele ficou em pé. — Nesse caso, vou recusar a opção
“ser uma pessoa melhor”.

— Por outro lado, ganhei amigos incríveis que me conhecem de
verdade, e acho que me conheço melhor.

Ele assentiu, como se aprovasse.

— Posso fazer outro documentário sobre você?

Peguei uma almofada do sofá e joguei nele.

— Você acha que isso é engraçado? Acha que não me machucou? Acha
que pode chegar com esse seu jeitão de “sou legal demais para todo
mundo” e tudo fica resolvido entre nós?

— Eu estava torcendo por isso.

Bati na cabeça dele com a almofada, depois a soltei e sentei no sofá.

— Você não sabe tudo, por mais que finja saber.

Ele sentou ao meu lado.

— Eu sei.

— E eu não posto todas as minhas coisas. Especialmente os meus
sentimentos verdadeiros.

— Desculpa.

Fiquei parada. Era a primeira vez que ele pedia desculpas, a única vez que eu o ouviria se desculpar, provavelmente.

— É um pedido sincero, Florence. Pisei na bola.

Olhei para ele.

— Então por que estava tentando jogar os nossos pais contra mim?

— Porque eles... — Drew grunhiu, frustrado. — Porque eles não
impõem consequências para nada. Isso me transformou em uma merda de pessoa. Eu queria que eles fossem melhores com você.

— Está culpando os dois pelos seus problemas? Quanta originalidade.

Ele riu.

— Eu sei. Todo mundo tem problemas para resolver com os pais. — E bateu com a mão fechada no meu joelho. — Sempre achei que você não tivesse.

— Eu sempre fingi que não tinha.

— Bem-vinda ao mundo real, minha irmã.

— Engraçadinho. Então... você odeia os nossos pais?

Boyfriend? ❥Onde histórias criam vida. Descubra agora