Capítulo 6 ⭐️

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*HELENA*

2 anos depois.

  - Hoje é nosso último dia, amiga! - Eva diz animada, me abraçando no corredor do colégio, quando entramos.
  - Sim amiga, eu não consigo nem expressar o tamanho da minha alegria. - Digo com um enorme sorriso no rosto.
  - Nossa, nunca te vi tão animada. - Eva brinca.
  - Como não ficar animada, Evinha? Nós vamos para a Alemanha, vamos ficar fora do Brasil durante um ano. Nem fomos ainda e eu já sei que esse próximo ano, vai ser o melhor da minha vida.
  - Sim, vamos para a Alemanha e vamos curtir muito. - Entramos na nossa sala.
  - Sim, vamos para a Alemanha e ... - Eu não queria curtir, eu queria fugir.

  Meu pai junto com o pai da Eva, combinaram de nos deixar passar um ano na Alemanha, para aprender um pouco mais sobre a cultura e a língua de lá. Eles iriam mandar todo mês o dinheiro para o nosso aluguel. Tudo já estava preparado.

  Ficamos assistindo a nossa última aula naquela escola, e eu só conseguia pensar: Acabou! Acabou! Acabou! Eu não precisaria mais sair de dentro de casa e quando os meus pais saíssem, eu poderia trancar tudo, trancar as portas, as janelas, tudo.
  Tudo aquilo ia acabar, eu tinha certeza que ia, uma hora teria que chegar ao fim e eu sentia que esse fim estava próximo. Quis chorar, uma mistura de alívio com esperança, mas segurei.

***

  Na manhã seguinte, assim que os meus pais saíram, eu corri pro andar de baixo e tranquei a porta, as janelas e corri para o meu quarto, tranquei a porta dele também e sentei na cama, abraçando minhas pernas, sem conseguir parar de olhar para todos os lados. Entrei em pânico, com a sensação de que o Fernando chegaria a qualquer momento, mesmo sabendo que era impossível, não tinha como ele entrar.
  Tentei acreditar naquilo e fui me acalmando, até que deitei de novo e cai no sono.

  Mais tarde eu acordei com batidas na porta do meu quarto. Desnorteada com sono, eu não olhei para ver que horas seriam e imaginei que minha mãe já teria voltado. Ou ela chegou mais cedo ou eu havia dormido demais. Abro a porta.

  - Pensou que eu não viria, né?

  Ouço aquela voz e o ombro com o blaser preto de sempre. Tento desesperadamente fechar a porta, mas Fernando já estava com um pé pra dentro do quarto e só empurrou a porta com força e eu caí pra trás.

  - Como? Como entrou? - Pergunto com raiva.
  - Acha mesmo que só porque você terminou o colegial, tudo ia acabar entre nós? Ah Heleninha, você é tão ingênua ao pensar que eu não teria pensado em tudo. Acha que eu não procurei saber como era o modelo das chaves dessa casa? Eu sabia que um dia você iria se formar, meu bem. E não dá, eu não consigo ficar longe de você, é mais forte do que eu. Eu realmente amo você, Helena. - Ele senta no chão, de frente pra mim e passa a mão em meu rosto, com a expressão como se realmente fosse um homem bom.

  Peguei sua mão e segurei.

  - Por favor, eu te imploro, para de fazer isso comigo. Como pode dizer me amar e gostar de me machucar diariamente? Eu não aguento mais. Já se passaram tantos anos, como não enjoou de mim ainda? Por favor... - Digo com a voz suave, tentando vê se ainda possuía bondade dentro daquela alma imunda.
  - Como vou enjoar, meu amor? Eu passo 24 horas pensando em você, desejando todos os dias que chegue logo às 13hs da tarde.
  - Seu desgraçado! - Eu me inclino pra trás, apoiando minhas mãos no chão e começo a chuta-lo. - Seu porco imundo...
  - Olha essa boca menina, cadê o respeito? - Fernando segura minhas pernas e depois se debruça em cima de mim.
  - Quer mesmo falar de respeito? - Eu cuspo em sua cara e imediatamente recebo uma bofetada em um lado do rosto e em seguida do outro lado também.

  Fico meia desnorteada. Fernando se levanta um pouco para começar a tirar a roupa, mas ainda em cima de mim. Eu lhe dou um empurrão, ele cai pra trás e eu saio correndo. Chego na porta e vejo que ele havia trancado. Quando ia colocar a mão na chave, para destrancar rápido, sou puxada pelos cabelos e sinto um forte soco no estômago.

  Fico ainda mais desnorteada e me rendo. Desisto de resistir e suporto tudo parada e calada como sempre.

  - Você é muito idiota Helena. Tão idiota que chega a ser engraçado. Você me deixa literalmente louco e as vezes é louco de raiva. Eu tento te tratar da melhor maneira possível, para que você curta o momento, mas você prefere estragar tudo...

  Fechei meus olhos e tentei não dar ouvidos aos xingamentos que ele começou a gritar, mas era impossível, já que era o único som que invadia aquele quarto.

DEGUSTAÇÃO | Eu morri naquele diaOnde histórias criam vida. Descubra agora