Capítulo 7 ⭐️

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*HELENA*

  Era final de ano, 31 de dezembro e o meu pai havia planejado um lindo jantar em nossa casa. Convidou quase todos os familiares. A casa estava cheia e ainda assim tinha bastante espaço.
  Veio a família do meu pai junto com a família da minha mãe e claro, Fernando com sua mulher e Fernanda.
  Meu pai também convidou a Eva e a família dela, o que me deixou bastante animada.

  Eu odiava aqueles encontros familiares, porque o Fernando era sempre o centro das atenções, fazendo brincadeiras, era divertido contando seus casos policiais, brincava com as crianças. Todos o amavam e eu sentia vontade de vomitar. Ver o meu pai o abraçando, fazia o meu coração se quebrar em incontáveis pedacinhos. Mas dessa vez a Eva estava ali comigo e de alguma forma, fez tudo ficar mais suportável.

  - A atenção de todos aqui um pouquinho, por favor. - Meu pai grita um pouco e bate uma colher em sua taça de champanhe.

  Todos se voltam pra ele, faltava vinte minutos para às 00:00hs.

  - Queria agradecer a presença de todos aqui hoje e dizer que eu amo passar a virada de ano com todos da minha família e da família da Monique, aqui em casa. - Todos sorriem - Queria também puxar um grande brinde para a minha bebezinha, Helena. - Meu pai me chama para ficar do seu lado e eu vou, odiando todos os olhares em mim.
   Ele continua:
   - Heleninha vai nos deixar durante um ano, para viajar com a sua amiga Eva para a Alemanha. Infelizmente as asas delas começaram a crescer e temos que deixá-las voar. - Todos riem, mas posso ver de canto de olho que Fernando não, ele estava surpreso com a notícia. - Eu sei que essa experiência vai ser ótima para a sua vida, filha. Eu e o Fernando viajamos para os Estados Unidos quando tínhamos mais ou menos a sua idade e foi incrível.

"Que vida Papai? Ela acabou aos 10 anos, eu só quero fugir."

  - Então quer dizer que a nossa menina vai ficar fora durante um ano e nem falou nada pro tio aqui?! - Fernando surge do meu lado e coloca seu braço em volta dos meus ombros. - Vai ser uma experiência maravilhosa, meu amor. Você vai adorar e vai ver como esse um ano vai passar voando. - Ele me dá três tapinhas fortes no braço.
  Me esforcei ao máximo para dar um sorriso, porque aquilo era uma provocação, e eu só queria que ele tirasse aquele braço de volta de mim.
  Eu não disse nada, só sorri para o meu pai e todos brindaram e logo começaram a contagem regressiva.

***

  Mais tarde, chamei Eva para ficarmos dentro do quarto conversando.

  - Eu estou tão feliz. Eu não vejo a hora de sermos só nós duas, longe daqui. - Digo e me sento na cama.
  - Eu também, Heleninha. Não vai ter pais vigiando o nosso horário, vamos curtir, conhecer aqueles alemães gatérrimos. E vou ter você 24 horas, vai ser maravilhoso. Nem fomos ainda e eu já não quero mais voltar. - Rimos.
  - Não vamos nem pensar na volta agora, só em ir. - Digo sorrindo.

   Do nada Fernando surge na porta do meu quarto e minha respiração some. Ele sorriu pra nós duas e só a Eva devolveu o sorriso.

  - Posso conversar com a minha sobrinha a sós um pouquinho, querida? Vou dar a ela alguns conselhos sobre a vida a partir de agora. Posso dar para você também, se quiser. - Fernando fala com sua voz mansa, olhando para Eva e seu sorriso permanente no rosto.

  Eu a seguro pelo braço, um movimento que fiz sem pensar, quando a vi se levantando.

- Heleninha... - Fernando diz e eu a solto. Eva se levanta e sai.

  - Como assim? Que viagem idiota é essa? Não Helena, você não pode viajar assim. - Ele segura forte o meu braço.
  - Pensou que eu ficaria sendo pra sempre o seu brinquedinho? - Respondo firme.
  - Você pensa que só porque vai está em outro país, vai se livrar de mim? Eu posso ir pra a Alemanha a hora que eu quiser. Eu posso tirar férias e ir te fazer uma visita, o que acha? Descobrir o seu endereço vai ser a coisa mais fácil do mundo. Acha que eu vou mesmo conseguir ficar um ano longe de você? Eu te buscaria no inferno, se um dia você fosse pra lá. - Ele aperta ainda mais o meu braço.

  Fiquei com medo, porque ele era realmente capaz de fazer isso. Comecei a tremer.

  - Me solta, está me machucando. - Tento me soltar.
  - Estou com vontade de te machucar ainda mais. - Seu olhar frio encontra o meu angustiado - Aliás, como você está linda. Minha vontade é de levantar esse seu vestido branco e entrar em você agora mesmo. - Ele passa uma mão no meu rosto e a outra alisa o meu vestido.

  Eu o empurro e cuspo na cara dele. Fernando levanta a mão e eu escondo meu rosto com as minhas mãos, espero pela bofetada, mas ela não vem. Me viro para ver se ele ainda estava ali. Ele entra em meu banheiro e lava o rosto, sai de lá, me olha furioso e sai do quarto.

  Em segundos, Eva entra de novo em meu quarto, chorando...

DEGUSTAÇÃO | Eu morri naquele diaOnde histórias criam vida. Descubra agora