CAP. VI

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                Décima Sexta Lua

Daysi descera a escada acompanhada de seus pais. Sua mãe usava um vestido longo, de cor rosa escuro e seu pai usava um elegante terno azul marinho.
Ela parara na mesa onde Chris estava, então ele se levantou.
- Hoje é o seu dia não é mesmo aniversariante? - Disse Daysi estendendo a sua mão.
- Sim, é claro. - Respondeu Chris beijando-a mão.
- Com licença, - Falou ela para o Sr. Miles, segurando o braço do garoto, e começando a andar am direção à porta. - Porque você está usando esse troço esquisito no pescoço? Quer dizer, não tem nada a ver com suas vestimentas...
Ele notou certa grosseria no modo que ela falava, e isso não o agradou muito.
- Não, espera. Você mal me conhece e já quer me dar aula do que posso ou não usar? - Respondeu ele, ela se assustou, e ficou perplexa com o que acabara de ouvir.
O clima ali estava pesado, dava até para sair cortando o ar com a própria mão.
- Boa noite jovem casal. A Chris, feliz aniversário meu querido. - Disse Virginia, que chegou no meio dos dois abraçando o garoto. - Me diz, como você está?
Ele procurou Daysi, que havia saído de perto.
- Sra. Monroe, estou bem melhor. Ganhei este presente, ela mesma o fez pra mim. Quer saber uma coisinha, acho que precisava disso, mais que tudo. - Respondeu ele segurando o pingente.
- Deixe-me ver. - Ela pegou o pingente. - É uma linda pedra da lua. Eu conheço bem esse tipo. Sabe o que todos dizem sobre ela? Uma preciosa pedra da lua, difícil de encontrar, mais difícil ainda de perder.
- Sim, espero que a sorte esteja do meu lado dessa vez.
- Pequeno Mason, a sorte é fruto do acaso. - Disse ela olhando fixamente para Chris. - E você, está preparado para dançar na frente de toda essa gente?
- Com a parceira certa, acho que sim.
Nesse momento toda a família Rise passou por ali, e o cumprimentou, até o pequeno Dylan, menos Audrey que ficou um pouco distante, ela apenas acenou com a mão, e ele correspondeu.
Os pais de Chris entraram, e foram em sua direção. Virginia despediu de Chris e fora para perto de Tomas.
- Filho, como você está lindo! - Exclamou Joanne dando um abraço e um beijo em sua cabeça.
- Estão prontos? Porque a festa vai comecar! - Disse Alexander, que passou por todos e fora para frente da mesa.
- O que foi aquilo? - Perguntou Chris.
- Digamos que ele está feliz, não é todo dia que seu primogênito faz dezesseis anos. - Respondeu Joanne, dando uma piscadela.
- Boa noite! A todos que aqui estão presentes. - Chamou a atenção de todos Alexander. - Primeiramente gostaria de chamar minha lady, Joanne por favor, venha.
Ela atendeu o seu chamado, e fora para o seu lado.
- Onde paramos? Sim, família, são pessoas que dividem o mesmo lugar, compartilhando sentimentos, como felicidade.. Raiva.. dor.. - Alexander olhou para Chris, que continuou.
Naquele momento Chris já não entendera nada, porque seu pai estava agindo de tal maneira? Queria mostrar à Lingorn que os Mason's era a típica família inglesa perfeita?
Bem, a realidade era totalmente diferente, seria uma grosseria ele omitir o que realmente acontecia.
Como Chris queria poder calá-lo, falando toda a verdade, e ver a reação de todos, mas o comportamento não seria muito diferente, além do mais quem iria contra o senhorio, dono de toda a terra onde moravam? Era unânime, seu pai seiria por cima mais uma vez.
- ... Queria apresentar a todos, a Sta. Daisy Johnson. Seja bem vinda à Lingorn, e que comece o baile! - Completou Alexander. Todos aplaudiram.
Daysi aparecera em frente à Chris.
- Eu não queria te chatear, na verdade só estava tentando conversar.
- O que ela está fazendo aqui? - Uma certa parte dos convidados perguntou. Todos no grande salão ficaram surpresos.
Chris olhou para eles, que olhava para ele.
Daysi olhou para a porta.
- Quem é ela?
Chris olhou para Daysi, em seguida para a porta.
- Quem a convidou? - Perguntou Alexander no ouvido de Joanne.
Se tudo até agora estava dando errado, a melhor parte da festa aconteceu.
Bea apareceu de repente, deixando todos boque abertos com seu vestido preto azulado rodado, e seus cabelos pretos cacheados sobre seus ombros dava o charme final.
Chris não sabia o que falar, ele simplesmente parou e ficou à admirar.
Ela realmente estava linda!
Bea reparou que todos a encaravam, então ela suspirou bem fundo, olhou para Chris e sorriu. Naquele momento sabia o que fazer.
- Sinto muito. - Disse ele para Daysi e fora até Bea. - Com licença, - Pegou em sua mão, beijo-a. - Está pronta para dançar?
- O quê? - Perguntou ela, mais surpresa ainda.
Audrey ficou espantada.
Ele trouxe Bea para o centro do salão. Ninguém conseguia entender nada, muito menos ela.
Ele acenou com a cabeça para Tom, que naquele instante começou a tocar a música, criada especialmente por ele para aquele momento.
- Mas Chris, eu não sei dançar! E toda essa gente. - Disse Bea dando uma olhada nas pessoas que estavam ao redor.
- Shiu. - Respondeu ele bem baixinho - É só você me acompanhar.
- Mas o quê é isso? - Perguntou Alexander.
- Alex, calma. - Disse Joanne segurando o braço do marido.
De mãos dadas e olho no olho, eles começaram a dançar ao soar da melodia que fazia a viola de Tomas.
Para Bea que mal sabia bailar, ela estava se saindo muito bem.
Daisy engoliu em seco, naquele momento ela sentia certo incômodo. Teria sido ela desprezada? Sendo assim ela deixou o salão e fora para a cozinha, seus pais foram atrás, e ninguém repara nisso, a não ser Alexander e Virginia. Mas antes que Alexander pudesse agir, Virginia atravessara o grande salão, e chegara até o Sr. Miles, chamando-o para dançar. E ele aceitou.
O que Virginia fez acabara de quebrar barreiras, já não era mais um baile de apenas um casal. Audrey aproveitou da situação, e puxou seu irmão Dylan para dançar.
E assim, o grande salão fora tomado por todos da aldeia. Todo mundo começou a dançar. Joanne chamara Alex, que a deixou de novo, e fora atrás dos Johnson's. Ela ficara só mais uma vez, mas valeu a pena, de longe ela observava Chris sorrir, ele estava feliz, e a muito tempo ele não esboçava tamanha emoção.
Um momento perfeito.
A felicidade de Chris sumiu do mesmo jeito que apareceu. Rápido demais. Ele sentiu um certo desconforto, parou de dançar e olhou para baixo.
- O que foi? - Perguntou Bea, preocupada.
- Eu não sei. Ahhhhh! - Gritou ele, que afastou Bea com oh braço e correu para fora. Imediatamente todos no salão pararam de dançar e abriram caminho. Bea fora atrás.
Alex ouvira o grito do filho, foi até o salão, e acabou vendo Bea correndo para fora. Ele a seguira com uma taça na mão.
Bea descera as escadas da entrada da mansão, parara em frente e procurou Chris na noite escura como breu.
- O que você fez? Chris, a festa, tudo! Me responde sua bruxa! - Berrou Alex no topo das escadas, que também desceu.
- Eu não sei. - Respondeu Bea, que olhou para trás, e vira ele vindo, ela recuou.
- Bruxa maldita! Destruidora de lares. - À essa altura, todos da Aldeia saira da mansão. - Saia da minha propriedade agora! Longe daqui!
Bea engoliu em seco, seus olhos encheram de lágrimas
- Calma Alex. - Disse Joanne que chegara por trás dele, e acabara tomando um tapa, que a fez cair.
- E o diabo tira a sua própria máscara. - Disse Bea. Curvou-se despedindo como uma dama, e saiu rapidamente.
Todos acabaram de ver a verdadeira face de Alexander, que olhava para eles. Audrey descera as escadas, ajudou Joanne a se levantar, em seguida fora embora.
Todos espantados, começaram a seguí-la. Joanne acabara entrando na mansão, passando pelos Johnson's, que tentaram conversar, mas em vão, ela não deu muita atenção.
Alexander nada pôde fazer, a não ser ver todos irem.
Ben, que vira o ocorrido de camarote junto com sua família, acabara passando por ele.
A noite para ele terminaria assim, sozinho, enchendo a cara na cozinha de sua mansão.
...
Correndo pela densa floresta, Chris tropeçara, e acaba caindo.
Ele estava meio tonto, sua visão embaçada. Ele estava perdendo o controle. Sentia que havia algo escondido em seu interior, como se estivesse em chamas. Arrastando-se de sua espinha e tomando conta de sua mente, ele não podia mais se controlar.
Ajoelhado, em meio as folhas secas caídas das árvores, ele gritava, e gritava muito.
Suas mãos estavam se contorcendo, como se estivesse quebrando-as. Suas unhas estavam enormes.
Num relance, sua mão esquerda rasgou seu rosto, e sua mão direita dilacerou seu peito, e um grito ecoou pelo vasto breu da floresta.
Os seus olhos já não eram mais azuis, e sim amarelos.

The Beast - A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora