CAP. VIII

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         Uma Noite Para se Esquecer   

- Aceitar a partida daqueles que amamos é difícil, chega a ser quase impossível, ainda mais quando é um bom pai, digno marido, e um leal Senhorio. É com estas palavras, que dou início a essa liturgia... - Dizia o bom padre Will, jovem, que à mais ou menos uns três anos perdera seu pai para a interminável peste negra. Desde então ele liderava a palavra na aldeia.
Chris que estava sentado bem à frente do lado esquerdo, ouvira tudo, mas ficara quieto. Ele estava realmente abalado, porém não parava de olhar para Jason, que estava do outro lado da igreja.
Ninguém realmente sabia o que havia acontecido, mais os fatos não mentiam,  Alexander Mason havia falecido na noite passada. Seu corpo encontrado pela sua esposa nessa manhã, a deixara em desespero.
Chris segurava a mão de sua mãe, como se o  mundo estivesse acabando, e para ela, era sim o final de tudo, mas para Chris, seria mesmo o final? Seu pai não fora tão bom assim, mas acima de tudo, sempre fora seu pai.
Ele estava incomodado com algo, não parava de encarar o boticário, nem mesmo no ato de sepultamento de seu pai, que ocorrera dentro da igreja, numa ala separada.
Após o sepultamento os Jonson's foram até Joanne para confortá-la, Chris viu Jason sair, e fora atrás.
- Pequeno Mason, eu gostaria de dar-lhe as minhas condolências... - Disse George que fora interrompido por Chris.
- Sim, sim. Muito obrigado Sr. Miles, mas eu preciso ir ali, com licença. - Chris não se importou muito, queria mesmo era conversar com Jason, que saira para fora da igreja.
- Sr. Cooper! Jason!
Ele olhou para trás, colocou suas mãos nos bolsos do casaco, e esperou. Deu uma olhada para cima, e vera nuvens acinzentadas sobre suas cabeças.
- O tempo está mudando, vem tempestade por aí Sr. Mason. - Disse Jason, que continuou. - Você estava a me observar, o que você quer saber?
- Bom de começo pode me chamar só de Chris. E segundo, Você analisou o corpo de meu pai. Sabe o que aconteceu com ele? - Chris olhou para Jason.
- Nessa breve vida, temos certeza de apenas uma coisa Chris, a morte. E seu pai estava bêbado, acabou perdendo o controle de seu corpo, e caira sobre sua taça.
- Não minta para mim. Eu sei o que vi. Havia muito sangue ali. E uma simples taça não faria isso.
Chris estava certo, naquela manhã ele acordara com sua mãe em prantos, ela gritava. E gritava muito. Chris que estava deitado no chão, bem ao lado de sua cama e sem roupas colocou logo um uma toalha e fora ver o que estava acontecendo.
- A não ser se ela cortara uma artéria. Aí seria fatal. Vejo que você está desconfiado, tentando descobrir algo, mas não há nada fora do normal. Eu sei como é, sei bem o que você está sentindo, deixo aqui as minhas condolências Chris, mas eu preciso ir. - Jason o abraçou, e saiu.
Chris ficara pensativo, seria mesmo essa, a verdade contada pelo doutor? À esta altura, esconder certos segredos de determinada situação não seria a coisa certa a se fazer.
Sem perder tempo, ele subira rapidamente para a sua casa. Bem em frente ao portão, ele desviara o caminho e fora para o seu refúgio.
Como aconteceu tudo isso? De uma vez, a vida virou de cabeça para baixo. Era um único dia para ser especial e acabou sendo o pior de todos. Ele queria poder conversar com alguém, uma pessoa que iria entender o que ele estava passando, mas quem? Pela primeira vez ele queria estar perto de alguém, e não sozinho como sempre.
A falta que Carol fizera nesse momento o destruía por dentro. Ele mal sabia o que fazer, e seus pensamentos estavam descontrolados.
Sentado sobre a rocha ele observava o mar, as ondas que sempre foram calmas, hoje traziam a raiva de poseidon. Ventava muito, as árvores balançavam, podia-se ouvir as trovoadas. A tempestade estava perto.
Ele não queria ir embora, não queria relembrar tal cena em sua cabeça. Mas ele não poderia ficar na chuva. Poderia?
Deitou-se, resolveu de uma vez por todas ficar ali, mesmo se sua mãe ficar brava por não saber onde ele está. Mesmo se a chuva o deixar todo encharcado. Ele queria tempo. O seu tempo.
Uma tarde tempestuosa, aquela altura, todos na aldeia já estavam em casa, com medo dos relâmpagos e trovoadas que a tempestade trouxe, menos Chris, que ficou deitado na rocha esperando o tempo passar.
Quase uma hora depois, Chris decidiu ir embora, talvez não foi um boa ideia ficar debaixo de uma chuva tão forte como aquela. Passou pela fenda no muro, e vera a carruagem dos Johnson's parada em frente à sua casa. Na hora ele fechou a cara.
- Meu filho! Onde você estava que ficou todo molhado? - As palavras de uma mãe que realmente se preocupa. - Suba, vai logo tomar um banho.
Ele passou, não viu os Johnson's, mas sabia que eles estavam ali.

Em sua casa, Jason acendera mais uma vela, seria a segunda desde o começo da tempestade. Fora até o seu quarto com um pratinho cheio de minis brioches e o colocou sobre o criado mudo junto com a vela, e fora até a janela, para fechá-la.
Nesse mesmo instante ele vera algo, algo que o assustou, à ponto de deixar tudo para trás. Colocou seu casaco, pegou sua carroça e saiu em meio à tempestade.
De seu quarto, Chris viu alguém chegar de carroça a sua casa, esperou Logan abrir o portão para ver se reconhecia. Era Jason. Rapidamente ele desceu.
Sua mãe atendera a porta, no momento em que ela iria chamar, Chris apareceu atrás dela. Ela sorriu, e fora para a cozinha, ele olhou para, e lá estava Ben, sozinho.
- Chris, preciso te falar algo. Mas não aqui. - Disse Jason inclinando com a cabeça.
Chris então o levou para a pequena mesa, que ficara por debaixo do enorme candelabro. Bem onde ocorrera a morte de seu pai.
- Seria de grande importância, doutor?
- Mais cedo, quando você me questionou, certamente eu não fui franco com você, e escondi algo. Não foi um acidente.
- Você quer dizer que alguém o assassinou? - Perguntou Chris apavorado.
- Não necessariamente alguém, mais sim o quê..
- O quê? Eu não estou entendendo.
- Os cortes em seus ferimentos não fora causado por uma simples taça. As  marcas se assemelhava dentes, podemos dizer à presas.
- Um animal? Por essas bandas? - Chris não conseguia achar uma solução.
- Animais fantásticos são os lobos não é mesmo? Sempre caminham sozinhos, mas na hora da caça, eles uivam. Uivam para chamar a alcatéia.

The Beast - A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora