Sangue e Vinho
Já era tarde, e a noite não poderia ter terminado pior, Ben que estava hospedado na casa dos Mason's, agora procuraria uma hospedaria. Ele descera na frente de sua família pela estrada que levava à cidade, até que ouvira um ruído de folhas secas desdobrando, alguém andara por ali. Então parou. Olhou para a floresta, não se podia ver nada, apenas as árvores que ficavam à frente.
O ruído ficou ainda mais alto, alguém chegara perto.
Assustado ele olhou para o lado e encontrou um toco de madeira já velho, logo pegou, e o segurou firmemente em posição de ataque.
- Quem está aí? - Perguntou ele, dando três passos à frente. Parou.
Por de trás das árvores ele pôde ver mas não muito nítido um animal parado, parecia muito com um lobo do mato.
- Seu maldito! Estava querendo me assustar? - Resmungou ele indo em direção ao lobo.
Imediatamente o animal se levantou, sim, ele ficara de pé duplicando seu tamanho, e Ben parou, deixou seu velho taco cair, e sem reação alguma ele o vera, um ser medonho, de orelhas pontiagudas e olhos amarelados. Nesse mesmo instante o tal ser colocara sua pata direita sobre uma das árvores, mostrando suas presas realmente afiadas, ele o encarava fixamente.
- Pai! Está fazendo o que aí? - perguntou Daysi que acabara de chegar junto de sua mãe.
Assustado, Ben olhou para filha, e voltou seu olhar para as árvores, o tal ser havia sumido. A garota teria mesmo espantado o animal?
- Nada demais, só achei ter ouvido alguma coisa. - Respondeu ele que fora em direção à Daysi e a abraçou. - Vamos embora deste lugar amanhã bem cedo.
- Sim, nós vamos. - Respondeu Marta abraçando os dois.
Juntos, eles foram em direção à cidade, e Ben olhara mais uma vez para trás, e não vira nada. As únicas duas taças de vinho que ele tomara, poderia ter o ajudado a ver coisas, mas seria mesmo tudo criação de sua mente? Ou realmente ele havia visto algo?
O percurso até a cidade fora divertido, todos cantarolando, felizes.
- Ben, onde nós vamos passar a noite? - Perguntou Marta.
- Na mesma hospedaria em que o Trevor está. Basta acharmos a nossa carroceria, e achamos o lugar. - Riu.
O vilarejo estava um pouco escuro, apenas o brilho da lua o iluminava, porém, a pequena cidade estava repleta de gente, em sua frente podia se ver vários grupos de pessoas indo para suas respectivas casas.
Os Johnson's, acabara de passar por uma família, e o assunto entre eles não podia ser diferente, a não ser o fiasco da festa dos Mason's.
Sim, a noite tinha tudo para acabar bem, se não fosse o sumiço repentino de Chris, sem contar com a breve discussão criada pelo seu pai, ao invés de amenizar tal situação. Mas nem tudo na vida é um mar de rosas não é mesmo?
- Com licença? Será que um de vocês poderiam me informar onde fica uma hospedaria mais próxima? - Perguntou Ben que chegara perto de dois homens que estavam conversando em frente à praça.
- Uma hospedaria? Senhor, em Lingorn há apenas uma. - Respondeu um homem qualquer.
- Se é que você possa chamar aquela espelunca de pousada não é mesmo? - Disse o segundo homem rindo, ele aparentava ter trinta e poucos anos. - Enfim, ela fica bem ali. - Completou ele apontando para o final da rua, respectivamente a última das casas do lado direito.
- Muito obrigado.
Os Johnson's foram em direção da estalagem, passaram em frente à uma taberna, onde eles puderam ver Trevor enchendo a cara.
- Aquele não é Trevor? - Perguntou Daysi.
- Fiquem! E me espere.
Disse Ben que fora até lá, deixando sua filha e esposa para trás.
Com a sua mão esquerda ele pegara no ombro de Trevor, que assustado se virou rapidamente.
- Tenho certeza de que homens são capazes de cumprir certas promessas. - Disse Ben.
- Meu Senhor, eu achei..
- Pare de se lamentar, eu não tenho mais tempo para as suas desculpas. Eu o tirei das ruas para te dar uma vida melhor e é assim que você me retribui?
- Ele abaixou até o ouvido de Trevor. - Realmente não preciso de pessoas como você. Ou você muda de uma vez por todas, ou você volta a mendigar o pão que o diabo amassou.
Ben levantara a cabeça e despediu dele, saindo em direção da sua família.
Nem todo mundo é perfeito, e sim, Trevor tinha os seus defeitos, e na pior das hipóteses ele gostara de passar noites e mais noites enchendo a cara. Na verdade, isso era a única coisa que realmente o fazia esquecer. Sim, esquecer de como o tempo era cruel, e acabara levando a sua família. E o deixara sozinho se afundando em meio à rum.
- Vamos. - Disse Ben indo em direção à hospedaria.
Ela era um pouco grande vista de fora, porém por dentro era tudo muito amontoado, deixando o hall pequeno.
- Boa noite, gostariam de alugar dois quartos, estou certa? - Perguntou uma senhora, de cabelos castanhos, e com poucas rugas.
- Sim, por favor. - Disse Ben.
- Muito bem. - Disse ela, pegando duas chaves com os números 2 e 3. E o entregou. - E à propósito, eu sou Eleonore, dona da estalagem. Se precisar de alguma coisa, é só me chamar. Os quartos ficam no segundo andar.
- Com licença, mas a Senhora não teria um dormitório com duas camas?
- Pai? - Disse Daysi, meio envergonhada.
- Infelizmente não, contudo não à com o que se preocupar meu Senhor. Lingorn é, como posso dizer, uma "singela aldeia", além do mais, os dormitórios ficam um ao lado do outro.
- Sim, muito obrigado. E enquanto à conta?
- Não se preocupe, nos acertamos pela manhã. Senhor, senhoras, tenham uma ótima noite.
Logo eles subiram, deram a chave do quarto 3 à Daysi, e o casal fora para o 2, que ficara ao lado da escada.
Ele entrou primeiro, e tirou a camisa.
- Ben, você não foi tão rude com ele, foi? - Perguntou Marta.
- Aquele vagabundo malcriado, não sei como ainda estamos com ele, sem depender tanto.
- Sem família, e amigos, ele se sente sozinho, você o ajudou, sabe bem como é .
- Sim, eu sei disso. E é por isso que não consigo deixá-lo, mas se for preciso.
- É preciso dormir, descansar. Amanhã o dia vai ser longo. Venha. - Marta estava deitada na cama.Em meio à desolação criada por ele mesmo, Alex se afundava em bebidas. Bêbado e sozinho no hall de entrada da grande casa, ele ouvira passos, passos que vinham por de trás, já que ele estava de costas para a entrada principal.
- Eu estava esperando por você. - Disse ele sorrindo, sem se virar para ver.
Os passos pareciam ainda mais pertos.
- Eu vou te confessar uma coisa, você demorou. - Disse Alex se virando para trás. Assustado ele deixara sua taça de vinho que ainda estava pela metade cair.
O ser não humano estava em sua frente, ele parecia ter uns dois metros de altura. A sua fisionomia se acentuava com a de um lobo, seu pêlo era totalmente negro como a noite, e seus olhos eram amarelos como girassol. Mas algo estava errado ali, a coisa estava andando com apenas as duas patas traseiras. E lobos usam as quatros.
Trêmulo, a coisa o agarrou, deixando-o suspenso, seu corpo batera na mesa, e deixara a garrafa de vinho rolar sobre ela, suas garras acabou perfurando sua barriga, seu sangue escorria por entre seus pés, e se juntava ao vinho.
- Chr.. Chris.. Topher.. - E esse fora seu último suspiro.
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The Beast - A Fera
WerewolfE se tudo o que você conhecesse mudasse de uma hora para outra. Uma fera incontrolável transbordando terror por onde passa, se escondendo em meio à uma densa floresta. E se a fera realmente não quisesse fazer nada disso, agindo por instinto, até co...