CAP. I

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                        NO COMEÇO

Era o ano de 1797, ao sul da Inglaterra  em meio à uma densa floresta havia um pequeno vilarejo que se chamava Lingorn. Uma rua principal ligara tudo, desde casas à pequenos comércios, contudo nessa tal ruela havia pequenos declínios e ela era um pouco curvada, as casas eram bem acentuadas à epoca, feitas de madeiras com grandes janelas e uma porta central. Essa rua parecia não ter fim, de um lado ela vinha do meio da floresta, como se ela corria como um rio corre pela margem, e do outro ela subia por entre as montanhas, e bem lá em cima sumia entre as árvores.
Um dos caminhos dava a uma ponte que passava sobre um rio que havia ali perto e o outro que subia por entre as montanhas levava à uma mansão, que ficara cercado por grandes muros cobertos de trepadeiras, quase não se podia mais ver tijolos. Um grande portão férreo era a única coisa que ligava a mansão à pequena ruela. O terreno por dentre os muros era extenso forrado por um tapete de gramas finas e um único caminho estreito ligava o grande portão ao casarão, rosas vermelhas cobriam a lateral da mansão e estava realmente aparadas e bem cuidadas.
Ao lado leste do castelo havia uma deformidade no muro, uma rachadura que começava do topo e chegara ao chão, num formato de um raio que caísse. E por essa rachadura saiu uma pessoa, um garoto que passara por lá  caminhava apressadamente em direção à mansão.
Ele tinha os olhos azuis claros cor de céu ensolarado como fazia naquela tarde, seus cabelos estavam irregulares, jogados para o lado e seu rosto era magro. Suas vestes eram bem apresentaveis, usava calções marrons até o joelho e longas botas pretas cobriam seus pés, sua camisa era branca e longa, porém ela estava dobrada até os cotovelos.
Ele segurava algo em suas mãos, e atravessou rapidamente o gramado chegando até uma pequena cabana que ficara afastado do castelo. Ela era igual às outras casas da aldeia, porém em uma versão menor.
- Logan. Você está aí? Abra a porta eu preciso ver a Carol. - Falava euforicamente o jovem batendo na porta da cabana.
A porta se abriu lentamente, porem sem o som das dobradiças enferrujadas, o garoto ficou olhando e  esperando ela abrir totalmente.
- Chris, pode entrar. - Disse um senhor de cabelos curtos porém já brancos, suas roupas era diferentes da de Chris, suas calças eram longas e largas de cor marrom e sua blusa também era larga e cinza ele não usava nada nos pés. Ele olhava para baixo, então levantou sua cabeça e olhou para o garoto, ele estava bem abatido e seus olhos cheios de lágrimas.
O que acontecera que o deixou assim, tão abalado?
Chris então entrou na cabana, passando por Logan, a casa não era só pequena olhando por fora, por dentro parecia menor, os poucos móveis deixava a casa apertada.
- Ela está ali. - apontou Logan para o sofá, Chris então se encaminhou até lá. Não estava muito longe porém às costas do sofá estava à sua frente, ele rodeou o sofá até chegar à frente.
- Olha só quem apareceu, baixinha linda. - Disse Chris ajoelhando-se ao sofá. - adivinha o que eu trouxe.
- Chris, quanto tempo.. Cof.. Cof - Tossiu Carol levando sua mão à boca, ela também parecia estar bem abatida com seus olhos fundos e debaixo de cobertores, ela suava frio. Porém ela nem sempre fora assim,  Carol era inteligente e muito esperta para uma garotinha de apenas dez anos, era feliz e sorridente, e gostava de ver todos ao seu redor sorrindo, mesmo as pessoas que não conhecera. Porém seu rosto mostrava cansaço, e seu corpo revelava dor à dias, esses dias pareciam ser tão longos e cansativos para ela que ficara deitada.
- amora?
Chris passou sua mão esquerda pelo pequeno rosto de Carol, sentido sua temperatura. - Como você acertou? Tá cada dia mais esperta eim moça. - Chris estendeu seu braço e levou sua mão direita até ela poder ver, e então a abriu.
Sim eram amoras, um punhado de minúsculas amoras roxas, que são bem mais suculentas em seu sabor, bem como ela gostava. Ao ver aquilo ela sorriu.
- você não sabe? Eu sinto cheiro de amoras à distância irmãozão. - Diz ela, pegando algumas e as colocando na boca.
- Espero que goste, tive que brigar com alguns ogros por elas. - Brincou Chris.
- Bobo, eu sei que não existe ogros, bom pelo menos não por aqui. - Riu Carol.
- Olha que dá próxima vez, eu te levo pra ver.
- Duvido!! - Levantou-se, ficando sentada no sofá, e como ela queria que isso fosse verdade, poder sair, ver a luz do sol que à dias não se vê, na verdade a única luz do sol que vira era pequenas frestas que entravam pelas lacunas nas paredes da cabana feita de madeira.
Chris sorriu, levantando-se e ficando de pé.
- Você verá. Bem, agora preciso ir, tenho muitas coisas à prepar...
- Seu aniversário está chegando não é mesmo irmão? - Interrompeu Carol, jogando uma indireta.
- Garotinha esperta, se lembrou.
- Já disse, sou boa em sentir cheiro das amoras. - Ela estava certa, a época das amoras chegara, junto com um acontecimento marcante, Chris estaria fazendo seu décimo sexto aniversário. E como os outros, este não seria diferente.
- Uma semana, eu espero você lá eim, irá bailar comigo princesa. - Essas palavras foram mais que suficiente, Carol que passara semanas deitada com fortes dores no corpo e com febre, agora realmente estava feliz e seu rosto esboçou um lindo e grande sorriso, seus olhos estavam brilhando, ela ficou sem reação e simplesmente disse.
- Eu não sei bailar. - Ela abaixou sua cabeça e seu sorriso sumiu do mesmo jeito que apareceu, rapidamente.
- Posso te contar um segredo? - Continuou  Chris, passando a mão em seu rosto, que lentamente ela levantara. - Eu também não sei.
Esse pequeno segredo foi mais que satisfatório para fazer uma garotinha voltar à sorrir, porém usar uma mentira em troca de um sorriso seria a coisa certa à se fazer?
Sim, ele sabera bailar.
Chris deixou a cabana, e seguiu para o portão, seu rosto demonstrava angústia, o caso de Carol o incomodava, contudo decidiu ir até Lingorn dar uma volta, esfriar a cabeça e quem sabe ver alguém.

The Beast - A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora