Não!
A janela do quarto de Chris estava aberta e os ventos fortes balançavam as cortinas. Já era tarde, e a essa altura a tempestade já havia passado por Lingorn, deixando nada mais que uma pequena cidade maltrada.
Chris estava deitado em sua cama, pensando no que Jason havia lhe falado mais cedo, mas a questão era, porque ele resolveu falar, já que havia escondido o real motivo da morte de seu pai, na verdade o que lhe fizera mudar de ideia tão radicalmente?
Pensativo, Chris fora até a janela, parou, e ficou encarando a lua, ela estava cheia, seria a segunda vez essa semana. Ele ficara ali, parado por algum tempo, deitou sua cabeça para a direita, estaria ele hipnotizado? Sua pupila dilatou-se, e ficara amarela.
Nesse mesmo instante ele passara pela janela, e acabara caindo bem em frente à entrada de sua casa. Ainda sobre o efeito da lua ele começara a correr, partiu destrambelhado para o muro, em meio à correria ele começou a se transformar, sim, se transformar na mesma coisa da noite passada.
Seu corpo ficara completamente coberto por pêlos, suas mãos se transformaram em patas. Chris que começou correndo mudou, e levou suas patas ao chão, dando a ele mais rapidez e assim, ele pudera saltar sobre o muro.
Em meio à floresta escura, apena a luz da lua iluminava o caminho, ele correra, agora dominado pelo o sangue da tal fera que percorria por suas veias, mas será que ainda havia algo de bom nele como fera?
Ele correu, até chegar no penhasco, parou. E dali ele ficara admirando a lua, a tal fascinação seria uma coisa normal? Na verdade não havia nada de normal em toda essa situação.
Em certo momento, ele começou a uivar, que consequentemente teve resposta. Até parecia que eles estavam conversando. Havia alguma chance de ter mais de uma fera em Lingorn?
Ele ouviu algo, parecido com galhos se partindo, imediatamente ele parou e olhou para trás. Um vulto de uma pessoa aparecera à sua frente, respectivamente uma mulher, seu vestido balançava conforme ventava assim como os seus cabelos, que estavam encobertos por um tipo de véu feito à renda.
A fera levantou-se, e caminhou lentamente em direção da tal mulher que lhe disse algo.
- A vida não é tão fácil assim, não é mesmo? Ainda mais quando somos responsáveis por aqueles que partiram.
Um barulho de asas se debatendo contra o ar tirou a atenção da fera, que voltou o olhar e não a encontrou, a tal mulher desaparecera. Contudo a fera descera correndo em direção à cidade. À essa altura teria alguma chance de ter alguém perambulando pela cidade, sem saber que há uma fera à solta, e que poderia se tornar a próxima vítima?
A lua, cheia e brilhante, tão cheia que talvez seria a maior do ano, ela iluminava a rua principal. A fera no entanto caminhava vagarosamente, talvez seria porque encontrara alguém parada na praça de costas para ele ao lado da placa do relógio. Ela usava um vestido azul marinho.
Ela sentiu a presença de alguém, e soltou.
- Você demorou! Pensei até que não viria mais. - Ela virou para trás, era a Audrey.
- Ahhhh!
A fera no entanto tentou agarrá-la com sua pata direita. Ela conseguiu desviar abaixando. As grandes garras da fera batera com tudo sobre a placa, deixando um ela toda arranhada.
- Socorro! Alguém me ajuda! - Gritou Audrey desesperada, que contornou o relógio seguida pela fera.
Ao descer da praça no desespero, ela acaba pisando em falso, e seu tornozelo esquerdo havia torcido, deixando-a cair. Sim, sem poder escapar, ela estava para todo o deleite da fera.
- Ahhhhhhh! Me ajudem! - Gritava ela por socorro, que ainda no chão tentava rastejar de costas, sem tirar os olhos da fera, que rápido já estava à sua frente.
Logo ela passou sua mão direita por uma pedra, e atirou na fera, que no ato respondeu vociferando. Um som alto e bem grave, ecoou por toda a cidade, se todos estavam dormindo, com certeza agora acabaram de acordar.
A fera por si, levantou sua pata direita para agredir Audrey.
- Não. Por favor. - Com seus olhos cheios de lágrimas, ela implorou. Mas seria possível a fera sentir algo?
- Não! - Gritou uma voz feminina que tirou a atenção da fera e voltou para a tal voz.
- Nao! Ela não! - Era Bea, aparecendo por de trás da fera.
A fera parou, e ficou olhando para Bea.
- Tá tudo bem. - Disse Bea, após respirar fundo, ainda assustada, ela não sabia o que fazer, sim, ela acabara agindo por impulso. - Calma, venha aqui.
Sem acreditar no que estava acontecendo, Audrey não conseguia piscar, naquele momento ela não era capaz de despregar os olhos da fera, que consequentemente parecia entender Bea, a fera ficou encarando ela, como se fosse possível ele compreender ela. Assim a fera começou a ir para o lado dela, deixando de lado a Audrey, Bea deu dois passos para trás.
Nesse instante um uivo saiu por de trás das árvores, e a fera o acompanhou, deixando Bea, pulando sobre a Audrey, que levou seus braços ao seu rosto, em defesa.
Nesse exato momento, todos os aldeões começaram a sair de suas casas, curiosos eles queriam ver o que estava acontecendo. E se depararam com Bea de pé, de um lado da praça, e ao lado contrário Audrey no chão que estava em defesa.
- Mas o que está acontecendo aqui? - Perguntou padre Willian, que não entendera nada, assim como todos os outros, que estavam se encaminhando para o lado da Audrey, que olhou rapidamente para Bea, que balançou a cabeça negativamente.
- Como? - Perguntou Audrey baixinho.
- O que aconteceu com você moça? - Perguntou um senhor.
- Eu não sei. Quer dizer, eu cai, eu cai de mal jeito. Meu pé está doendo muito. - Respondeu Audrey toda desengonçada.
- Chamem o Jason! - Exclamou Tomas.
Bea colocou seu capuz, e saira dali rapidamente. O padre Willian foi o único que ficou olhando Bea enquanto partia, espremeu seus olhos desconfiado, ele sabia, havia algo errado ali.
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The Beast - A Fera
WerewolfE se tudo o que você conhecesse mudasse de uma hora para outra. Uma fera incontrolável transbordando terror por onde passa, se escondendo em meio à uma densa floresta. E se a fera realmente não quisesse fazer nada disso, agindo por instinto, até co...