A Garota Do Flameum Azul
Chris gostava de caminhar, e descia pela estrada, o percurso da mansão à cidade demorava de dez à quinze minutos, o caminho era estreito e envolto por pequenas árvores da família das frutinhas vermelhas.
A estrada chegara ao pequeno vilarejo de Lingorn, ela era extensa e cheia de casas à sua volta, ao lado direito podia se ver uma pequena igreja, larga e com uma única torre ao norte onde ficara o sino.
Chris nem sempre gostava de perder suas manhãs de domingo na igreja, porém na sua última visita alguém lhe chamara a atenção, não só a dele mais de todos os aldeões.
Ele caminhava lentamente pela estrada, acabara de passar pela igreja e chegara numa praça que ficava no meio do vilarejo, não tinha árvores nem chafariz, apenas um enorme relógio de sol, que em sua superfície havia linhas marcadas que assinalavam as horas e uma placa que funcionava como ponteiro. E ali ele ficou perplexo, fortes flashs vieram em sua mente, será que ela apareceria por ali novamente? De onde ela veio? Quem seria essa pessoa? Perguntas que talvez nunca teriam respostas. Pelo menos até agora.
Do outro lado da praça, um pouco mais distante ele pôde ver Audrey, uma garota baixa com cabelos loiros e cacheados, conversando com uma outra pessoa, que usava um tipo de flameum de cor azul escura com capuz, por estar longe não dava para se notar se era homem ou mulher.
Chris queria realmente saber quem era a pessoa, sem se quer realmente conversava com Audrey, porém ele ficara ali parado, meio que espiando, para ouvir o que falavam.
E como ele esperava a pessoa do flameum azul acabara virando a cabeça, olhando para o lado da praça onde Chris estava, o balançar de seus cabelos negros como a noite, ressaltou seus olhos castanhos que por um minuto Chris pôde vê-los, seus olhares se encontraram. Ela sorriu.
O lindo sorriso que ela fizera naquela manhã ganhou o pobre garoto, que a viu mais uma vez. Sim era a garota da igreja.
Ele se virou assustado com o soar dos sinos, os badalos balançavam marcando meio dia.
Seus olhos se viraram para Audrey, não necessariamente para ela, mais sim para a outra garota, que não estava mais ali. Havia sumido tão rápido, quanto aparecera.
Audrey passou rapidamente por Chris, que por um suspiro queria perguntá-la o nome da outra garota, mas decidiu deixar pra lá.
Já não era mais manhã, e Chris decidiu voltar, mais não para o castelo e sim para um lugar diferente, e assim ele saiu da estrada e começou a subir pela floresta, as árvores eram uniformes, com seus troncos grossos rodeados de espinhos e suas copas eram cheios de ramos.
Ele sumiu por entre as árvores, chegando à um enorme penhasco, onde acabara a floresta e começava o mar, as ondas batiam lentamente nas paredes rochosas. A maré estava baixa e podia se ver os corais que faziam um show de cores.
Ali mesmo tinha uma rocha, ao qual Chris se sentara e ficara olhando para aquela imensidão azul.
Ele sempre gostou de ficar ali, perdendo seu tempo em ver as grandes embarcações passar, que na maioria das vezes demoravam uma eternidade.
Desta vez tinha apenas um pequeno barco veleiro que vagarosamente atravessava à sua frente.
- Você gosta de ficar aqui? - Perguntou uma voz feminina, que acabara de sair de trás de uma das árvores.
Era ela, a garota do flameum azul estava em sua frente e lhe fez uma pergunta, qual seria a sua reação?
- Sua mãe não te ensinou que devemos nos apresentar antes de fazer perguntas? - Antes que ele pudesse pensar já havia falado. Queria ele poder voltar atrás.
- Uau, então você é assim. - Respondeu ela dando alguns passos para a frente de Chris e movimentando as mãos, batendo polegar contra polegar. - Prazer, Beatrice Finnegan, mais pode me chamar de Bea. - Ela estendeu sua mão direita num movimento de cumprimento.
"Então você é assim", Ele martela essa frase em sua cabeça, pensando que poderia ser um ponto a menos para a tal garota.
- Christopher, mas pode me chamar de Chris. - Ele olhou para a mão da garota que usava uma luva de ceda cortada no dedos, e lentamente levantou sua mão, para cumprimentá-la, por exatos dez segundos suas mãos se tocaram e seus olhares se cruzaram novamente.
Então ela puxou seu braço para trás num movimento para tirar o capuz e Chris abaixou a cabeça envergonhado.
- Agora que já nos conhecemos, você pode responder a minha pergunta? - Perguntou ela.
- Ah, sim. Eu gosto de ficar olhando os navios... - Disse ele levantando sua cabeça, que continuou. - Isso me ajuda a sair um pouco da rotina.
- Você num acha que eles demoram um pouco para passar? - Disse Bea olhando para o navio e encostando às costas em uma das árvores.
- É por isso que gosto de ficar aqui, me faz parecer que tenho todo o tempo do mundo. - Disse ele, que olhava fixamente para ela, que voltou o olhar.
- Quando realmente você tem!
Aquela frase acabou com o garoto, que ficara pensativo, porque ela tinha falado aquilo? Ela mal o conhecera.
- O que você quis dizer com isso?
- Desculpa, mais o queridinho da família carrega um sobrenome de peso, você não acha Christopher Mason? - Por mais que isso tudo que Beatrice disse fosse verdade, ela foi meio grossa.
Os Mason's eram conhecidos na aldeia por toda a sua riqueza que Alexander fizera à cem anos atrás, roubando terras de camponeses, tornando-se proprietário. Coisa que ele acabara fazendo com Lingorn.
- Você acha mesmo que sou como meu avô e meu pai? - Perguntou ele, frustrado.
- Não vai me dizer que não está no seu sangue roubar dos pobres? - Ela veio até ele, sentou-se na rocha, bem na sua frente.
- Você realmente não sabe o que fala, devia conhecer as pessoas antes de sair por aí criando caso. - Disse Chris franzindo a sobrancelha.
Então ela fixou bem seus olhos nos dele:
- Eu simplesmente faço como esse povo da aldeia faz, ou vai me dizer que você não conhece a filha da bruxa da floresta?
Chris ficou em silêncio, e por um segundo pôde ouvir o bater de seu coração em seu peito, não poderia ser verdade o que acabara de ouvir.
- E se eu fosse diferente de todos? - Argumentou ele.
- diferente como? Explique-me. - Ela deitara na rocha e ficou olhando para cima.
- Não ligo para o que os outros falam, para eles eu sou o primogênito, igualando ao primor de meu pai. Não só eles.
- Você já deitou e ficou olhando para as nuvens? Daqui de baixo quase num da para se notar mais elas criam formas.
Bea estava certa, dias em que as nuvens sobrevoavam o céu, na maioria delas, podiam se ver formas de animas. Mais não era isso que Chris vera naquele momento, ele reparava no rosto de Bea, que estava sendo iluminado por uma pequena fresta de luz que caira.
- Bem, eu preciso ir. - Disse Bea dando um pulo e ficando de pé. Ela olhara para trás.
- Já? - Perguntou Chris num toh assustado.
- Parece que foi pouco tempo mais o seu navio já sumiu do litoral. - Ela apontara sua mão para tal. - E moro longe da aldeia, num quero me perder. - Riu.
- Foi bom conversar contigo, quem sabe a gente..
- Sim, eu volto amanhã. - Interrompeu ela, que colocara o capuz e descera, sumindo por entre as árvores.
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The Beast - A Fera
WerewolfE se tudo o que você conhecesse mudasse de uma hora para outra. Uma fera incontrolável transbordando terror por onde passa, se escondendo em meio à uma densa floresta. E se a fera realmente não quisesse fazer nada disso, agindo por instinto, até co...