Prólogo

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  Contemplo os graffitis pintados no muro do aeroporto correndo pela janela.
  A luz do sol filtrada pelos galhos finos das árvores com folhas dançantes se une à melodia de Alceu Valença, sempre presente na playlist de meu pai. Levo um tempo para gravar a bela memória dentro de mim.
  O meu pai estende a mão para o ar-condicionado. Volto o olhar com certa urgência para os dedos prestes a me desprender do natural.
  — Não! — Papai recolhe a mão de imediato e os olhos castanhos-claro que herdei, pulam da avenida para mim por uma fração de segundos. Abro um sorriso pequeno. — Eu quero...
  Aperto o botão e a janela desce com um ruído elétrico característico.
  — Tá bom.
  Ergo o rosto para o céu ensolarado, permitindo que o sol queimasse mais do que o braço cor de oliva.
  Como dedos finos fazendo cafuné gostoso, a brisa morna de verão se aventura por entre as escuras madeixas lisas. Um presente de boas-vindas melhor do que o meu quase-derretimento e desmaio saindo do aeroporto.
  Daquele frescor, sim, eu senti falta.
  Minutos de exaustão e solavancos enclausurada no veículo, suspendendo um pouco o corpo por conta dos malditos buracos, se transformaram em horas até virar a esquina da rua de casa.
  Casa. Franzo o cenho com a ideia. Dias atrás, minha casa era um pequeno apartamento num bairro residencial o qual eu dividia com duas estrangeiras. Tínhamos alguns problemas, mas em geral nos dávamos bem o suficiente para formarmos uma nova família.
  Abraço o meu corpo. Já sentia falta das meninas.
  Entro em processo de reconhecer muros vizinhos.
  Meu pai aperta o botão do controle e nosso portão se abre.
  — Bem-vinda de volta, princesa.
  Solto o ar que não sabia estar prendendo e forço um sorriso.

  Meu irmão caçula mal me espera cruzar a porta de entrada para vir correndo me abraçar. Foi inevitável vibrar de alegria apenas com aquilo. No calor da emoção, Guilherme berra o quanto sentiu minha falta, onde estavam os presentes e que tinha tanto a mostrar.
  — Espera eu chegar em casa, menino.
  O caçula solta um ruído impaciente.
  — Mas tu já tá aqui.
  — Achei que teriam uma trégua de dois dias até a primeira briga — ergue-se uma voz tomada por emoção.
   Levanto o queixo e encontro nossa mãe, os olhos vermelhos de tanto chorar. Particularmente, acredito que ela passou o ano inteiro desde que entrei na sala de embarque perdendo controle das lágrimas.
  É claro que era uma mentira que eu repetia para me sentir extremamente importante, mas quando se trata de Luana Bragança isso é bem provável.
  Sem mais uma palavra, ela se junta a nós dois.
  Finalmente, nosso pai chega com as malas e completa o abraço coletivo.
  Desabei. Nada parecido com o Bob Esponja, mas o suficiente para deixar os olhos bem vermelhos e o nariz mais congestionado que a Agamenon Magalhães num dia normal.

***

  Oi!!! Bem-vindos ao início da jornada de Mari. Tem um bocado pra acontecer. Meu nome é Letícia, mas podem me chamar até de lagartixa. Bom, só queria dizer que essa foi a primeira história que escrevi, lá em 2017 – desde então revisei apenas em 2021. Espero que gostem!
  Se for o caso, eu adoraria que vocês seguissem comentando e votando nos capítulos. Eu amo um feedback e aquela crítica construtiva. Todo dia a gente aprende onde melhorar, né?
  Por fim, bem-vindos ao mundo de Mari e num pouquinho que mostro do meu país Pernambuco. Juro que vou tentar trazer cada vez mais da minha terrinha adorável e animada nas próximas histórias.
  Um xêro no coração de vocês ♡

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